Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Artigos

Artigos

 
  • Transparência

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/04/2005

    Moda é moda desde que o mundo roda. No momento, os clichês mais batidos na mídia, na política, na sociedade em geral, podem ser resumidos a três: ética, credibilidade e transparência. Quem possui os três é uma vestal, um varão de Plutarco, uma reserva moral da nação, sendo que alguns, devido à idade, chegam ao ponto de serem conservas, compotas viscosas como as de pêssego ou de mamão.

  • Gastos com brancos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 27/04/2005

    O governo despendeu cerca de quatro bilhões de reais para acudir os bancos Nacional, durante certo tempo de Magalhães Pinto, e também o Econômico, cujo proprietário me escapa da memória tal a sua insignificância.

  • O poeta e seu apocalipse

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 26/04/2005

    Vejo, na poesia de Luís de Miranda, uma longa caminhada em busca de verdades, cada uma delas mostrando o caminho de um apocalipse em que há profecias, quedas, recuperações, gritos, momentos de êxtase. No fundo, este longo conjunto de versos, numerado de um a 200, é, na realidade, um só poema, com interpretações, apelos, tormentas, visões, lutas contra anjos e demônios, abismos, ao mesmo tempo em que a memória interfere, o coração bate e o poeta mergulha na palavra, ceva a palavra, sai do mar das palavras com feições de quem, afinal, compreendeu que podia voar e, de cima, dominar as frases que, em baixo, continuadamente se agitavam, em ondas, muitas vezes revoltas, outras mansas.

  • O que sobra para os jornais

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/04/2005

    O ombudsman da Folha de São Paulo, Marcelo Beraba, acentuou, há pouco, o distanciamento entre a mídia impressa e as outras mídias. O exemplo que deu, e que outros mestres da comunicação estão dando, é a velocidade da notícia que o mercado exige cada vez mais instantânea. Tomando como exemplo mais recente a morte do papa, os jornais só a noticiaram no dia seguinte, na base de "O papa morreu", com a variante "Morre João Paulo 2º".Desde a véspera, sites da internet e emissoras de rádio e de TV haviam dado a notícia, com os desdobramentos imediatos e as primeiras especulações.

  • Preconceitos diversos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 26/04/2005

    Está ainda ocupando espaço na mídia impressa o preconceito racial, por ter um jogador de futebol, branco, chamado de negro um seu colega de profissão.

  • A chegada ao limite

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 25/04/2005

    "Limite" é um clássico da filmografia brasileira, trazendo à luz o nome de Mário Peixoto. Valorizou a cidade fluminense de Mangaratiba, que fica a pouco menos de duas horas do Centro do Rio de Janeiro.

  • Galopando para o sucesso

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/04/2005

    MEC acha até cavalo como veículo escolar. Levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, ligado ao Ministério da Educação, mostra que até cavalos são usados para levar os alunos às escolas. Folha de São Paulo / Cotidiano, 20.abr.2005A escola era longe, ficava a mais de dez quilômetros da humilde casinha em que morava, mas nem por isso ele deixaria de ir às aulas. Como a mãe, viúva e pobre, costumava dizer, aquela era a única chance que teria de ir para a frente, de progredir na vida.

  • A hora do perdão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/04/2005

    Embora com atraso, sempre é hora de comentar o perdão que todos devemos a todos. Seguindo o exemplo de João Paulo 2º, que pediu desculpa a todos os que, em séculos passados, foram condenados pelo fanatismo da religião, Lula aproveitou recente estada em terras de África e pediu perdão pelos crimes que o Brasil cometeu contra os negros aqui escravizados. Ameaçou ir às lágrimas, que, segundo o lugar-comum, "escorrem pelas faces".Louve-se este tipo de reparação tardia. É um reconhecimento de erros e de crimes que não devem ser repetidos - que todos peçam perdão a todos: de alguma forma, cometemos erros e faltas contra o próximo.

  • Bento XVI poder

    Diário do Comércio (São Paulo), em 25/04/2005

    Conheci o cardeal Ratzinger na residência do saudoso cardeal Agnelo Rossi, num almoço que nos ofereceu a mim e minha mulher. O funcionário que preparou a mesa colocou lado a lado o cardeal e minha mulher, e os dois muito conversaram, em francês, sobre variados assuntos, de preferência o Brasil, onde o novo papa esteve há uns dez anos.

  • A vinha do senhor

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/04/2005

    Como quase todo mundo, não me entusiasmei com a eleição do novo papa. É bem verdade que nada tenho com ou contra isso. Acompanhei o caso com interesse, digamos, profissional. Mas gostei especialmente daquela alusão que Bento 16 fez logo no início de sua primeira mensagem ao mundo que o ouvia.

  • Viva o povo brasileiro

    O Globo (Rio de Janeiro), em 24/04/2005

    Para certos escritores, como infelizmente eu mesmo, assunto às vezes é uma praga invencível. Eu não queria falar novamente no que vou falar, pelo menos agora. E pretendia escapar ao efeito colateral, que é o de pegar mais uma vez no pé do presidente da República. Não vou negar que me tenho visto na obrigação de pegar no pé dele e, quando acho que devo, pego mesmo. Certamente ele não gosta, mas é o presidente, deve explicações aos governados e eu sou um governado na mesma situação geral que milhões de outros. Ele pode nem escutar nem ler, mas a gente tem que falar e escrever o que pensa do que ele faz. Presidente sendo, tudo o que ele faz é do interesse público.

  • Tancredo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/04/2005

    Os 20 anos da morte de Tancredo Neves reabriram os acontecimentos que impediram sua posse na Presidência da República. Sempre que acontecem casos de grande dramaticidade, surgem teorias conspiratórias. Na Itália, um jornal chegou a denunciar "la Mafia bianca", a máfia dos aventais brancos. Acompanhei os lances de sua eleição. No dia 12 de março, Mauro Salles telefonou-me avisando que ele queria jantar no dia seguinte com alguns amigos jornalistas, para ser exato, apenas quatro. Eu não poderia ir, porque estava preparando o primeiro número da revista "Fatos", cuja capa seria o novo presidente do Brasil.

  • A humanidade na praça

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 22/04/2005

    O mundo viveu nesses dias a condição inédita de um consenso universal em torno da morte de João Paulo II. Mais do que qualquer protocolo de aparências entre a emoção e o longo preparo para o desfecho em que se fez o preparo à perda do pontífice, neste misto único de despedida e alegria quase radiosa na massa comprimida entre as colunatas de Bernini. O Arcebispo Camilo Ruini, de Roma, deu o mote desta transposição quase luminosa no dizer que João Paulo II já "tocava o Senhor". E a mobilização de todo o mundo dobrou e redobrou a peregrinação única dos tempos modernos que, afinal, socou-se junto à fachada de Miguel Ângelo, a fortalecer o recado do Papa ao mesmo tempo sem concessões e congraçador dos caminhos do mundo. Indiscutível o portento na quebra de escalas nas boas avalanches da humanidade, na materialização única do seu peso, e de uma voz universal.

  • Pio 9º e João Paulo 2º, o drama de dois papas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/04/2005

    Escrevo esta crônica antecipadamente. Quando sair publicada, talvez já se conheça o nome do novo papa -assunto obrigatório dos últimos e próximos dias. Lendo a diversidade de matérias na mídia, a nacional e a internacional, pesquei um detalhe sem importância. Apesar de agnóstico, sempre conservei pela igreja a gratidão pelo que me ensinou e o respeito que ainda me causa.