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Artigos

 
  • A tecnologia facilita muito a vida

    O Globo (Rio de Janeiro -RJ) em, em 30/11/2003

    O astro-rei esparge seus raios dourados pela fímbria do horizonte e amanhece um novo e estimulante dia de trabalho. Diligentemente, o escritor se posta com orgulho diante de seu possante computador, dotado de moderníssimos recursos tecnológicos. Sim, o escritor usa a também moderníssima banda larga em sua máquina e, portanto, pode trabalhar conectado permanentemente à internet, o que lhe possibilita acesso quase instantâneo ao oceano de dados lá disponíveis para pronta consulta e garante que sua nobre missão não falhará, no momento em que necessitar fornecer alguma preciosa informação a um vasto público sequioso de conhecimento.

  • O jumento e Bush

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro -RJ) em, em 28/11/2003

    Quando visitei a finada União Soviética, Gorbatchev era o alvo da curiosidade mundial. Era o homem da Glasnost e da Perestroika. Convidou-me para um passeio pelos jardins do Kremlin. Numa pequena praça, ali estava, num modesto berço, um velho canhão da guerra de 1914, carcomido pelos anos e pela neve.

  • Uma luta

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro -RJ) em, em 26/11/2003

    O romance de Lia Persona, "Uma luta pela vida", pega o sofrimento humano num de seus aspectos mais dolorosos. Em primeiro lugar porque mostra a luta de um menino contra as dificuldades múltiplas : de andar, de falar, de ouvir, de pensar. Ao descrever como um corpo de criança é dominado por um sem-número de males, atinge a romancista um nível seguro de narração, usando o contraponto de um diário, da própria narradora, como espelho em que se refletem suas certezas e suas dúvidas.

  • A falta de bom senso

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro -RJ) em, em 24/11/2003

    Como admirador do professor Roberto Macedo, não posso calar diante dos artigos por ele escritos para um jornal paulista, a respeito da questão dos estágios dos estudantes na empresas. Li e reli os mesmos, onde encontrei muita graça nas expressões utilizadas e que não se encontram publicadas oficialmente no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (edição ABL, 1998): escraviários, escragiocratas e escrágios. Se nada resultar de prático, no que pretendo seja uma útil discussão, fica o registro para a nova edição do Volp. Levarei os termos originais para a Casa de Machado de Assis.

  • Democracias modernas ou ditaduras mesmo?

    O Globo (Rio de Janeiro -RJ) em, em 23/11/2003

    Sim, não vivemos numa ditadura. Por exemplo, hoje, havendo amanhecido com a certeza de ter motivos para falar mal do governo, posso fazê-lo livremente. Mas liberdade de expressão, ao contrário do que muitas vezes parecem querer que acreditemos, não é um presente do Estado, é um direito básico. Esse direito é (para usar o demonstrativo da preferência do presidente Lula, em lugar de “este”, como em “esse país”, expressão há muito tempo empregada por ele ao falar no Brasil e que soa sempre como proferida por alguém que observa a gente de uma perspectiva distante), como não podia deixar de ser, reconhecido por este jornal (esse também, seguramente, embora só esteja me referindo a este) e amparado na configuração jurídica do regime, também como não podia deixar de ser.

  • Pimenta não é refresco

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro -RJ) em, em 21/11/2003

    O debate sobre a maioridade penal faz parte da visão global da violência no país. Não se está discutindo uma alta indagação sobre a idade do domínio pleno da personalidade, da consciência do bem e do mal. A realidade dramática e cruel dos números revela que os jovens estão matando e sendo mortos. Cerca de 70% dos homicídios, nas duas pontas, acontecem nessa faixa etária.

  • Nem periferias, nem terceiros mundos

    O Globo (RJ), em 21/11/2003

    O encontro recém-findo entre os presidentes Lula e M'becki, na África do Sul, abriu-nos marcas críticas para este novo protagonismo brasileiro, frente ao mundo global de Bush, ou de após a sua eventual derrota em 2004.

  • Função social do contrato

    Site oficial do jurista e acadêmico Miguel Reale (www.miguelreale.com.br) em, em 20/11/2003

    Um dos pontos altos do novo Código Civil está em seu Art. 421, segundo o qual “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

  • O assombro das noites

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro -RJ) em, em 19/11/2003

    Nunca esqueci a noite em que, acordando de um pesadelo, vi luz acesa na sala e fui ver quem estava lá. Ajoelhada diante da mesa, cabeça baixa, terço nas mãos, tia Zizinha rezava, madrugada alta, tudo em silêncio, ela magrinha, parecia um passarinho molhado, sentindo frio.

  • A rainha Rachel

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro -RJ) em, em 17/11/2003

    Foi um quarto de século de grande amizade. Talvez mais do que isso, na relação afetiva que me uniu à extraordinária figura da escritora e cronista Rachel de Queiroz. Quando a conheci, já era famosa. Ocupava com brilho a última página da revista "O Cruzeiro", que vendia mais de 500 mil exemplares semanalmente. E de vez em quando, sem pausa e sem pressa, como era o seu estilo, lançava um romance de sucesso, de tantos que marcaram a sua vida de campeã.

  • Parlamento, 180 anos

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro -RJ) em, em 14/11/2003

    Quando o Brasil começa, com a Independência, a idéia fundamental da construção do país foi a noção de que ele teria que nascer dentro de um Parlamento. O primeiro passo foi a convocação de uma Assembléia Constituinte. Era o ano de 1823. Concretizava-se a idéia da representação para legitimar a monarquia.

  • Um Faulkner diferente

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro -RJ) em, em 11/11/2003

    Alguns dos grandes escritores romancistas do Século XX deixaram depoimentos sobre a arte da ficção. Dentre eles destaco dois: E. M. Forster e Joyce Cary. O primeiro com o livro "Aspects of the novel", o segundo com "Art and reality". Parecia que um terceiro romancista importante do século, William Faulkner, não nos legaria trabalhos sobre a estética da ficção que ele tão densa e profundamente inovara.

  • Tanta Rachel

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/11/2003

    Há setenta três anos, uma gráfica provinciana publicava o primeiro livro de uma jovem, edição particular, paga pela própria autora. "Descreva bem a sua aldeia e descreverás o mundo" - aconselhava um romancista russo. A jovem de 19 anos, isolada no sertão cearense, não conhecia a frase. Mesmo assim, na capa de seus originais, escreveu simplesmente: "O Quinze", referindo-se à maneira nordestina ao ano de 1915, e, por extensão, à seca daquele ano. A seca que invadiu seu romance e, em seguida, a literatura nacional.

  • Os bons tempos da educação

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro -RJ) em, em 03/11/2003

    O Instituto de Educação do Rio de Janeiro foi a antiga e elogiada Escola Normal. Uma das professoras da década de 40, Heloísa, hoje com 88 anos, memória perfeita, lamenta que a escola não seja mais a mesma. Não há mais o mesmo amor de antigamente.

  • O raro salão de Marcos Madeira

    Jornal do Commercio (RJ), em 31/10/2003

    Perdemos Marcos Almir Madeira e sua esplêndida elegância, de personagem-ponte entre tempos da nossa República das Letras. Deu-nos sua extraordinária prestança na passagem, neste último meio século, de uma cultura de elite ao mundo múltiplo em que se elenca hoje um pensamento, sua obra, seu gesto, sua militância, ou o simples fluir, a que acode ainda o salão das nossas origens.