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Artigos

 
  • Que elites, cara pálida

    O Globo (Rio de Janeiro), em 05/06/2005

    Hoje eu não ia falar do governo. Tem gente, acho que a maioria, que não acredita, mas a verdade é que não gosto de ficar falando mal do governo, como, aliás, já disse em outras ocasiões. Não só me lembra meu votinho de otário, dado a um partido que acreditava diferente dos demais, como é chato pegar no pé dos homens o tempo todo, ainda mais em nosso querido Brasil, onde nos acostumamos a que tudo tenha por trás armação ou mutreta. Já me acusaram de envolvimento com não sei quantos esquemas, que nem consigo entender direito, tamanha a complicação. O ouro de Moscou, do qual peguei muito para penhorar na Caixa Econômica lá na Bahia (vinha em saquinhos com cifrões impressos, como nas histórias em quadrinhos, se bem me lembro), infelizmente não mais complementa meu modesto orçamento de agente das forças do Mal e das ideologias exóticas. Os dólares manchados de sangue provenientes de Wall Street tampouco têm pintado. Enfim, é uma situação bastante apertada para nós, os que enganam o povo por dinheiro e poder.

  • Coisas que acontecem

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/06/2005

    Não é para bagunçar o coreto da história, mas já me garantiram que quem está sepultado no Memorial JK, em Brasília, não é o ex-presidente, mas um indigente anônimo. Não chega a ser novidade. Outras fontes afirmam que Napoleão não está em Paris, naquela suntuosa tumba que ergueram para ele. Ali repousa, esperando a ressurreição dos mortos, um sargento inglês que integrava o grupo de Hudson Lowe, o responsável pela guarda do prisioneiro na ilha de Santa Helena.

  • A outra América Latina

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 03/06/2005

    Ninguém discutirá que o maior trunfo até agora do Governo Lula é o do novo protagonismo internacional do Brasil. Largou-se, de vez do Prata, empolgou a América do Sul, chega até à mediação das Farc, contém e apóia Chavez, e se lança ao maior desdobramento intercontinental. Mas fica fora de tudo isso o México e este novo portento que, na prática, criou uma condição cada vez mais bipolar - senão contraditória - nesta latinidade do novo mundo. Tem demorado o contato do presidente com esta Norte-América talvez a esperar a mudança do Governo Fox, e a eventualidade de que seu amigo de décadas, Cuauhtémoc Cárdenas, represente um outro caminho entre o PRI e o liberalismo de Salinas, herdado pelo atual regime. Ou que dependa o futuro do avanço do prefeito da megalópole, López Obrador, figura também a ganhar uma outra dimensão de identidade e mobilização que a do populismo ou das máquinas de poder em que se cristalizou a enorme força sindical do país.

  • Novas revelações sobre o regime militar

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/06/2005

    Correspondente do "Washington Post" no Chile entre 1972 e 1978, John Dinges acaba de lançar "Os Anos do Condor - Uma Década de Terrorismo Internacional no Cone Sul", cuja tradução foi recém-lançada no Brasil. Além da experiência pessoal no próprio olho do furacão, Dinges teve acesso a documentos tornados públicos durante o governo de Bill Clinton (1993-2001).

  • Um pouco de nostalgia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/06/2005

    Neste ano , há uma concentração de invocações com algumas saudades que julgávamos mortas. É este ano de 2005 o centenário de Aliomar Baleeiro, de Adauto Lúcio Cardoso e de Afonso Arinos de Melo Franco. Afonso, marco poderoso da inteligência brasileira, visitou todos os campos do conhecimento. Mas evoco o Afonso Arinos, meu mestre e amigo, o parlamentar, aquele que, num discurso memorável e eterno, precipitou o fim do governo Vargas. E também aquele que, ao saber que Getúlio se matara, chorou e encheu-se de remorso. Falava como se desse aulas de saber, de espírito público, de dignidade.

  • Submissão ao MST

    Diário do Comércio (São Paulo), em 03/06/2005

    O MST ficou conhecido pelo desrespeito à Lei Magna do país, a Constituição de 88, do que pelo programa de reforma agrária. Suas escolas, sobretudo a última, dedicada a antigo professor da USP, e o culto de Che Guevara, mais a violência do campo, com a participação de urbanos até na indumentária, fez a sua figura para a opinião pública.

  • A política externa e o Mercosul

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/06/2005

    "Nossa experiência cotidiana mostra que o setor das decisões políticas mais afastado do debate público, que caracteriza as democracias, é o dos assuntos internacionais. A política externa é mantida como esfera reservada ao Poder Executivo, de fato, se não de direito...", observava Norberto Bobbio, em "Três Ensaios Sobre a Democracia". Afortunadamente, a discussão da política externa já está há muito inserida na agenda da sociedade brasileira, mormente os temas que envolvem nossa circunstância.

  • A fonte e a traição

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/06/2005

    Aproveita-se a traição, mas despreza-se o traidor. O ditado é antigo, do tempo das cavernas, mas será sempre atual. É o caso de W. Mark Felt, ex-agente do FBI, que agora assumiu ser o Garganta Profunda, informante principal da dupla de jornalistas do "Washington Post", responsável pela série de reportagens sobre o caso Watergate, que provocaria a renúncia do ex-presidente Richard Nixon, em 1972.

  • As feiras livres

    Diário do Comércio (São Paulo), em 02/06/2005

    Li num de nossos periódicos cotidianos cartas de leitores, uns defendendo e outros acusando as feiras livres. Os primeiros, de que são úteis aos consumidores e os segundos que atrapalham a já caótica cidade de São Paulo de Piratininga.

  • O letárgico fascínio de Lula

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 01/06/2005

    A permanência do capital político de Lula independe dos anticlimaxes, da falta de resultados concretos, e até mesmo de novas idéias-força para manter a expectativa eleitoral. A convicção se arraigou nesta quase que inexpugnabilidade do apoio ao presidente, já claramente vertido para toda probabilidade de ganho nas próximas eleições. O vai-e-vem da nova e possível comissão de apuro das fraudes nos Correios, na verdade, não abala esta convicção de fundo.

  • Adonias Filho continua à espera de um releitura de sua obra

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 01/06/2005

    Adonias Filho nasceu em Itajuípe, Bahia, em 27 de novembro de 1915, e faleceu na cidade de Ilhéus, em 1990. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, ao tempo do seu conterrâneo Jorge Amado, ambos de Ilhéus. Com exceção de Wilson Martins, Eduardo Portella, Octávio de Faria, Afrânio Coutinho e algum outro na estelar esfera dos críticos literários, existe um injustificado silêncio sobre a ficção extraordinária de Adonias Filho, que nos tempos da ditadura militar ajudou tantos intelectuais presos e vítimas de injustas perseguições. Esse silêncio jamais deveria ser o preço a pagar por tantas e tão corajosas atitudes.

  • Quem manda em quem

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/06/2005

    De uns tempos para cá, tenho lido e ouvido em diferentes jornais, rádios e TVs que, embora a imprensa escrita funcione hoje como a prima pobre da comunicação, é ela que afinal determina a pauta do que o rádio e a TV vão fazer. Numa palavra: o jornal impresso seria responsável pela agenda dos demais veículos que informam e formam a opinião da sociedade.

  • Relatório de bancos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 01/06/2005

    Recebo com regularidade os relatórios de bancos, principalmente os do Bradesco. São dois, o relatório do banco e o relatório social, muito bem feitos, evidentemente, por profissionais altamente capazes e oferecem, a quem tiver conhecimentos técnicos suficientes para a leitura do relatório do banco, a sua estratégia para o desenvolvimento, sua política de bom entendimento com a clientela, a maior do Brasil, e, dizia-me Aguiar, sob muitos aspectos maior do que o Banco do Brasil.

  • Presença de Evaristo

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 31/05/2005

    Em seus 15 anos de atividade política intensa - de 1822 a 1837 , quando morreu - contribuiu Evaristo da Veiga decisivamente para estabilizar um Império e preservar a integridade do território brasileiro, em tempos que dividiram a América do Sul espanhola em nove países diferentes, além de esfacelar a América Central, também espanhola, em unidades políticas pequenas. Era no tempo do Rei, como diria Manuel Antônio de Almeida, e nele o menino Evaristo, que nascera em 1799, iniciara seu contato com os livros, trabalhando, com o irmão mais velho, João Pedro, na livraria do pai.

  • Mancha

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 31/05/2005

    Seria bom se não fosse verdade. De um ser humano, tudo se espera e, na atual fase da sociedade em que vivemos, o que se espera de pior acaba acontecendo.