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Artigos

 
  • Instante de Natal

    Folha de São Paulo, em 24/12/2010

    Engrena a ré e ajeita o carro dentro da garagem. Tudo sairá bem. A mulher distrairá as crianças enquanto ele abrirá a mala do automóvel e apanhará os presentes miúdos, aqueles que ficaram para a última hora.

  • Saco cheio de Papai Noel

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/12/2010

    Tempos natalinos provocam mão de obra suplementar em nosso cotidiano. Somos obrigados às confraternizações, aos votos de boas-festas, a dar e a receber presentes, um saco.

  • Poesia nas ruas

    Jornal do Brasil, em 21/12/2010

    Por uma natural associação de ideias, lembrei-me dos anúncios que enfeitavam os bondes do Rio de Janeiro. Quem tinha o privilégio de sentar nos seus bancos de madeira, poderia distrair a vista em reclames (como eram chamados, na época) de bom-gosto, alguns dos quais tornaram-se célebres, como o do Rhum Creosotado: "Veja o ilustre passageiro/ O belo tipo faceiro/ Que o senhor tem ao seu lado/ Mas no entretanto acredite/ Quase morreu de bronquite/ Salvou-o o Rhum Creosotado." Mesmo que a bronquite pudesse piorar com o emprego equivocado do "no entretanto", era um versinho de fácil apreensão e cumpria o seu papel de fazer propaganda do produto da moda.

  • Papai Noel, barba e barriga

    Zero Hora (RS), em 21/12/2010

    O mercado natalino é uma fonte de empregos transitórios. Deles, o mais transitório é representado pelas pessoas que se fantasiam de Papai Noel. Um desempenho que não exige muito talento teatral; tudo o que o Papai Noel tem a fazer é sentar-se na frente de um estabelecimento comercial, receber as crianças, fazer gestos amistosos, sorrir.

  • Diplomacia, sigilo, vazamentos

    O Estado de São Paulo, em 19/12/2010

    Suscita múltiplas indagações a divulgação de mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA pelo WikiLeaks. Capitaneada pelo australiano Julian Assange, a organização objetiva combater, pela publicidade, más condutas governamentais de variável gravidade - da hipocrisia a crimes de guerra. Entre as muitas perguntas que cabe fazer a propósito desse caudaloso vazamento, menciono: é possível preservar o sigilo na era da revolução digital? Numa democracia existem limites aceitáveis à instantaneidade da transparência da conduta governamental? Qual é hoje o papel do sigilo na vida diplomática?

  • A ilha na vanguarda genética

    O Globo, em 19/12/2010

    Não lembro se já tive a oportunidade de mencionar aqui determinados fenômenos, no campo da sexualidade e da reprodução, restritos, pelo que se sabe, à ilha de Itaparica. Devo ter dito alguma coisa, mas é tema sempre merecedor de atenção. Por exemplo, uma visita ao Mercado Municipal Santa Luzia, movimentado centro do comércio local, poderá, se bem conduzida, render preciosas informações sobre como certos criadores de galos de briga do Alto das Pombas e da Misericórdia, depois de afincadas tentativas, cruzaram galinhas de briga com urubus, obtendo linhagens excepcionais. Nunca consegui ver um desses híbridos, mas não vou duvidar da palavra de meus conterrâneos.

  • O bairro como cadinho de culturas

    Zero Hora (RS), em 19/12/2010

    Esta semana, o museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (que por simbólica coincidência funciona na Avenida Osvaldo Aranha 277) inaugurou uma exposição sobre o bairro do Bom Fim com o sugestivo título de Um Bairro, Muitas Histórias. Para quem, como eu, nasceu e se criou no Bom Fim, para quem passou a infância e a juventude ouvindo, e vivendo essas histórias, este é um evento tão nostálgico quanto emocionante.

  • O lulismo: futuro do petismo?

    Jornal do Commercio (RJ), em 17/12/2010

    As análises profundas de Maria Sylvia Carvalho Franco e Sérgio Fausto sobre a dinâmica do lulismo fascinam por uma nova inquietação: como vai a nossa inteligência de fato reagir ao novo governo, na esteira do atual Planalto? O que inquieta, nestes primeiros rasgos, é a sedução dos intérpretes por um contraditório fácil, em que as visões sumárias de uma ideologia e contraideologia não abram espaço para uma aposta no ineditismo da presente experiência brasileira da mudança. 

  • Morte no avião

    Folha de São Paulo, em 17/12/2010

    Você pode estar apreciando um pôr do sol a 12 mil metros de altitude, nuvens lá embaixo, o brilho metálico da asa do seu avião, a eficiência calma e monótona dos reatores.

  • Salão dos românticos

    Jornal do Commercio (RJ), em 16/12/2010

    Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia:

  • Não às armas

    Brasil Econômico, em 15/12/2010

    A América Latina é o continente mais pacífico do mundo. Não faz parte de nossa história atacar uns aos outros. As guerras datam de mais de 70 anos. Depois não houve nada com a violência da Guerra do Paraguai ou da Guerra do Chaco; os conflitos, como entre Peru e Equador ou o caso das Malvinas, foram limitados em perdas humanas.

  • A favorita do sultão

    Jornal do Commercio (RJ), em 14/12/2010

    Neste início de século e milênio, a mulher pode fazer um balanço de suas conquistas. Escrava submissa do lar, objeto indefeso diante dos apetites machistas, cidadã de segunda classe e serviçal de primeira necessidade, tudo isso ainda não acabou, mas está acabando cada vez mais depressa. A mulher lutou e conseguiu o direito ao voto, ao mercado de trabalho, ao divórcio, à pílula. Ganhou todas. Não funciona mais como a favorita do sultão -o homem.

  • Cura-te a ti mesmo

    Zero Hora (RS), em 14/12/2010

    Fui professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ciências Médicas. Uma experiência extremamente gratificante; a escola é um centro de excelência, tanto no que se refere a professores quanto a alunos, cujo nível é excepcional. Vocês podem, portanto, imaginar minha surpresa, desagradável surpresa, diante do episódio que, na última semana, foi notícia no RS e no Brasil. Resumindo: nas eleições para o Centro Acadêmico, venceu uma chapa da qual faziam parte dois homossexuais. E-mails foram enviados aos alunos fazendo alusões ao fato, usando a expressão “escória” e fazendo uma inacreditável recomendação: “No momento da consulta de uma bicha ou recuse-se (pelos meios cabíveis em lei) ou trate-o erroneamente!!!”. Frase que, a propósito, associa-se às manifestações homofóbicas ocorridas no país, inclusive com violentas agressões físicas. A reitora Miriam da Costa Oliveira manifestou de imediato sua repulsa e informou que a universidade instituiu uma comissão de sindicância para investigar o caso, o que também será feito pelo Ministério Público.

  • Estava escrito

    Correio Braziliense, em 14/12/2010

    Duas notícias foram destaque na semana passada. A primeira: o Pisa (Programme for International Students Assesment, Programa Internacional de Avaliação de Alunos), instituído pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), fez uma pesquisa analisando o desempenho escolar em vários países. Os resultados mostraram que, no Brasil, quase a metade (49,6%) dos 20 mil jovens avaliados tem dificuldades em ler e compreender um texto.

  • Ainda a guerra sem fim

    O Estado de São Paulo, em 12/12/2010

    Na semana passada, quando falei nos participantes do mercado de drogas, houve quem observasse que quase deixei de lado o consumidor, tido corretamente como o principal elemento, pois sem ele não haveria nem produção nem comércio. É ele a razão de ser do mercado. Ou seja, acabar com a demanda acabaria com a oferta. Certo, certíssimo, mas quem acaba com a demanda? Esse tipo de conversa termina parecendo, para algumas pessoas, que é uma defesa do consumo, mas não é. É uma constatação, tão despida de valores quanto possível. Não digo nem, o que é verdade sob outros ângulos, que sou contra o consumo. Aqui, agora, pretendo somente vê-lo.