Cinema na ABL estréia programação machadiana
Publicada em 27/05/2008
Publicada em 27/05/2008
Publicada em 26/05/2008
Houve uma casa, situada no Rio Vermelho, Salvador, Bahia, em que a literatura brasileira ganhou muitos de seus melhores livros. Lá Jorge Amado fixou para sempre a imagem de Quincas Berro Dágua e Zélia Gattai foi ao passado para eternizar os anarquistas italianos que davam graças a Deus por serem o que eram. Naquele banco do jardim da casa do Rio Vermelho, Zélia entregou a Jorge o original desse primeiro livro seu, que o espantaria pelo modo pessoal e direto com que Zélia buscara o passado e contara uma história verdadeira de sua família.
O que ela fez foi transformar o dormitório do apartamento onde mora numa espécie de miniestádio de futebol
RIO DE JANEIRO - Assunto recorrente na mídia internacional, a Amazônia continua na agenda dos países mais desenvolvidos desde os tempos de Hitler. Em seu livro ("Mein Kampf"), há referências explícitas à posse da maior floresta do planeta como reserva de matérias-primas e equilíbrio ecológico.
Todas as notícias e comentários sobre o falecimento de Jefferson Péres mencionavam a ética como o aspecto mais importante de sua trajetória. O que é elogioso, mas não deixa de causar certa perplexidade: será tão notável assim que o senador tenha sido um homem ético? Ética na vida pública não é aquilo que os franceses conceituam como "ça va sans dire", algo que deveria primar pela obviedade? À estranheza soma-se uma coincidência: na mesma semana em que morria Jefferson Péres, o plenário do Senado aprovou medida provisória liberando o comércio de bebidas alcoólicas em todas as rodovias urbanas e rurais. Detalhe adicional: o texto aprovado pelos senadores é mais flexível do que aquele enviado pela Câmara. Pela proposta aprovada, os comerciantes estão livres para comercializar bebidas alcoólicas em qualquer lugar; no texto enviado pela Câmara a venda era autorizada apenas nas áreas próximas às rodovias urbanas. A notícia assegura que está mantido o rigor sobre o motorista flagrado bêbado, mas, na mesma noite um telejornal mostrava motoristas de caminhões enchendo a cara numa lanchonete de beira de estrada. Um deles tinha tomado uma garrafa inteira de cachaça: sabe-se lá quantas vidas isto pode custar. Ah, sim, vale a pena lembrar que esta resolução se segue à derrota do projeto de lei, apoiado pelo Ministério da Saúde, limitando a propaganda de bebidas alcoólicas: uma derrota atrás da outra.
Com a partida de Zélia a impressão é de que só agora a gente se despediu por inteiro do Jorge. Ela o alongou sempre. Zélia espichou a presença do ídolo e marido o tanto que lhe foi possível.
Poucos, como Marina Silva, marcaram a cara do governo, desde as falas e promessas de 2003. O Planalto se reforçou desta referência internacional ganha pela Ministra, na perspectiva mais rigorosa da preservação ambiental. Sua convicção arraigada desmontou os temores e utopismos, a chegar, então, ao pedido de internacionalização da Amazônia.
Toca o telefone, no sábado chuvoso. É um repórter da Folha de São Paulo querendo um depoimento sobre Zélia Gattai Amado. "Como sabe, ela acaba de falecer em Salvador." Eu não sabia de nada. Foi um tremendo choque. Refeito do susto, pude apenas dizer, no primeiro momento, que o Brasil acabava de perder uma grande escritora e uma grande mulher, companheira ideal de Jorge Amado, com quem viveu 56 anos.
NOVA YORK - Economia em crise e sucessão presidencial são os assuntos. Especula-se: Hillary Clinton tinha certeza de que seria candidata à Presidência dos Estados Unidos e se recusou a concorrer em 2004, convicta de que em 2008, depois de Bush, teria vitória garantida. Seria a primeira mulher presidente americana. Quanto à candidatura, eram favas contadas. Ninguém no Partido Democrata teria condições de enfrentá-la.
"Escrever certo é melhor; no mínimo evita incomodações, críticas e deboches. Claro, há convenções para isso, como há para tudo na vida"
Se começo a pensar que índio é aborígine, acabo justificando qualquer massacre
É louvável: o ministro da Educação quer ampliar as vagas no ensino profissional. Mas por que deseja evitar o sol com o chapéu alheio?
Estive algumas vezes em Nova York no período em que lá se realizava a famosa e tradicional maratona. Numa dessas vezes, vi, afixado num gigantesco painel, a classificação dos corredores. Eram milhares, mas todos os nomes estavam ali, e também o lugar em que tinham chegado: o primeiro colocado, o segundo, o terceiro - e o último. Sim, havia um último lugar. E isso me impressionou. O que faz um corredor que está em último lugar numa prova, que já não tem mais ninguém atrás de si, esforçar-se para chegar à linha de chegada? Que energia move o maratonista?
Vocês decerto conhecem essa propaganda da tevê. Um rapaz vê um antigo carro precipitar-se no rio. Atira-se na água e salva a passageira, uma noiva que estava indo para a igreja. Ele leva-a até lá, entra no templo com a moça nos braços - e é, evidentemente, mal-interpretado, tendo de fugir às pressas. Esta historinha corresponde a uma fantasia muito comum, como mostram antigos versinhos do folclore português/brasileiro. É um diálogo. Um rapaz pergunta à tia: "Cadê o meu cavalo/ que eu aqui deixei ficar?". Responde a mulher: "O teu cavalo, sobrinho/ está no campo a pastar." O rapaz: "Cadê a minha espada/que eu aqui deixei ficar?". Resposta: "A tua espada, sobrinho,/ está na guerra a batalhar." E aí a questão crucial: "Cadê a minha noiva/ que eu aqui deixei ficar?". Golpe final: "A tua noiva, sobrinho/ está na igreja a se casar." Ou seja: mal o rapaz se descuida, vai-se o cavalo, vai-se a espada e, sobretudo, vai-se a noiva. Porque o noivado, esta é a conclusão, é terreno movediço, é rio turbulento onde, de repente, toda a paixão pode afundar e sumir.