Os rastros
O superpedido de impeachment, entregue ontem por um grupo suprapartidário de parlamentares, não terá o condão de convencer o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas coloca mais pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro.
O superpedido de impeachment, entregue ontem por um grupo suprapartidário de parlamentares, não terá o condão de convencer o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas coloca mais pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro.
A bagunça do governo federal vai sendo revelada a cada momento. A mais recente denúncia sobre a tentativa de propina na compra de vacina é impressionante. E dessa vez, o governo foi rápido, demitiu imediatamente o servidor denunciado.
A base da estratégia político-eleitoral do presidente Jair Bolsonaro é colocar-se como único capaz de derrotar Lula e o PT nas urnas, para o bem do país, que, caso contrário, cairá nas mãos dos “comunistas”.
As provas de que houve manobras irregulares e corruptas na compra dessas vacinas estão ficando evidentes e deixam muito complicada a situação de Bolsonaro.
O Brasil sempre foi um país peculiar, de heróis improváveis, mas, da redemocratização para cá, têm se repetido situações estranhas, como a que vivemos hoje, quando heróis transformam-se em bandidos e vice-versa, com a facilidade com que os móbiles mudam de posição de acordo com os ventos.
Mais uma vez, esta semana, o Brasil proibiu a entrada de estrangeiros por via terrestre ou aquática.
O momento é favorável ao Lula e ele ganharia no primeiro turno, é o que mostra a recente pesquisa do IDEC.
‘Desovar’ é uma gíria brasileira que significa se livrar de alguma coisa que pode comprometer.
A saída do ministro Ricardo Salles, no mesmo dia da crise da Covaxin, foi uma tentativa de nublar a crise da vacina e evitar um desgaste maior do governo.
Já estava claro que o presidente Bolsonaro tinha participado da pressão para comprar a vacina da India, pois ele mesmo pediu ao primeiro ministro, Narendra Modi, para adiantar o processo.
À medida que vão crescendo os indícios de que o presidente Bolsonaro chegará muito fragilizado à eleição presidencial do ano que vem, vão se multiplicando seus atos tresloucados.
O centrão está ligado ao governo e enquanto ele se sustentar, irão sugar tudo o que podem.
Quantos milhares de mortos mais teremos que enterrar antes que nos convençamos de que um governo que, por incúria ou projeto, deixou morrer mais de 500 mil pessoas, não pode continuar tendo o comando do país em meio a essa verdadeira guerra que estamos perdendo por falta de comando ?
Todos os 14 nomes incluídos na lista de investigados da CPI da COVID mentiram muito nos depoimentos, esconderam deliberadamente ações internas do ministério da Saúde, como o ministério paralelo, as decisões de forçar a imunidade de rebanho e de atrasar as vacinas.
Assim como Diógenes procurava pelas ruas de Atenas, de lanterna acesa na mão, “um homem honesto”, procura-se um candidato que seja não apenas honesto, mas capaz de mobilizar os eleitores que recusam mais uma vez a polarização entre Bolsonaro e Lula.