Durante e depois da crise
Estamos atravessando tempos bicudos. Não só por causa do coronavírus, mas também porque há um vazio político no mundo. Quando não, há uma histeria direitista sem que se veja o “outro lado” do espectro.
Estamos atravessando tempos bicudos. Não só por causa do coronavírus, mas também porque há um vazio político no mundo. Quando não, há uma histeria direitista sem que se veja o “outro lado” do espectro.
A publicação deste quarto volume finaliza o disciplinado empenho de Fernando Henrique Cardoso em dar acesso ao registro que fez do dia a dia de suas atividades nos oito anos que presidiu o País. É empreitada de largo fôlego, cujo enredo esclarece como caminhou sem perder o rumo no “grande sertão” da política brasileira no democrático exercício das responsabilidades da Presidência.
Todo começo de ano, a mesma ladainha: feliz Ano Novo! É difícil escapar do lugar comum e não pretendo dele me afastar (pelo menos neste início de janeiro). Tenho boas razões para manter certo otimismo, pois chego aos quase 90 anos — que cumprirei no próximo ano se os fados assim dispuserem — mantendo o bem-estar, o que supõe certa autonomia pessoal.
Em conferência recentemente feita em Valparaíso, no Chile, Manuel Castells voltou a caracterizar as manifestações populares contemporâneas (como já o fizera em seu livro “Rupturas”) como “explosões” mais do que como movimentos sociais.
Nos últimos artigos tenho insistido na necessidade da formação de um “centro democrático progressista”.
É difícil escrever mensalmente sem tocar em temas sensíveis que eu preferiria não abordar.
No artigo anterior escrevi sobre o Plano Real. E no pós-Real? Muita coisa mudou na economia, na política e na sociedade.
No mês passado, o PSDB, em congresso nacional, elegeu nova direção, que terá tarefa pesada: atualizar as diretrizes e, principalmente, as práticas do partido.
Já recordei em outras oportunidades o que ouvi de Bill Clinton em Camp David. Quando visito um país, disse ele, pergunto e procuro responder: qual seu maior temor e seu maior sonho? Palavras simples e profundas.
Cinquenta e cinco anos passam depressa. A memória se vai, mas ficam recordações. No dia 13 de março de 1964 eu estava no Rio, em casa de meu pai.
Ao iniciar o ano, as pessoas estão cheias de esperança, querendo o melhor para si e para o país.
A primeira-dama Ruth Cardoso, a propósito do acordo político fechado por seu marido Fernando Henrique com o Partido da Frente Liberal, hoje Democratas (DEM), disse uma frase que ficou célebre: “O meu PFL não é o mesmo do Antonio Carlos”, referindo-se ao então governador da Bahia.
O Brasil exige: sejamos radicais. Mas dentro da lei: que a Justiça puna os corruptos, sem que o linchamento midiático destrua reputações antes das provas serem avaliadas. Não sejamos indiferentes ao grito de “ordem!”. Ele não vem só da “direita” política, nem é coisa da classe média assustada: vem do povo e de todo mundo. Queremos punição dos corruptos e ordem para todos, entretanto, dentro da lei e da democracia.
A semana que acaba hoje foi plena de tensão demonstrando a quem não percebera antes a profundidade das dissenções que vêm de há muito tempo. As incongruências da política econômica dos governos de Lula e Dilma, em sua fase final, já haviam levado a economia à paralisação e o sistema político a deixar de processar decisões. Daí o impeachment do último governo, ainda que baseado em arranhões de normas constitucionais.
Passei uma semana em Nova York para participar de um evento sobre novas tecnologias para a medição da ingerência de drogas por condutores de caminhão pelas marcas deixadas nos cabelos.