
Às favas, a biografia
Mas por que tanto apego e tanta insistência em ficar, se moralmente o seu governo acabou? Será porque, como se diz, o poder é afrodisíaco?
Mas por que tanto apego e tanta insistência em ficar, se moralmente o seu governo acabou? Será porque, como se diz, o poder é afrodisíaco?
Aceitei prontamente o gentil convite do Acadêmico Rogério Faria Tavares para falar nesta Academia sobre meus tios Henriqueta, Alaíde, José Carlos e Lourenço. Sabia não caber a um economista como eu discorrer neste recinto sobre a obra literária de meus tios.
A denúncia do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer tem a linguagem típica do Ministério Público, órgão de acusação. Diante da comprovação de que não houve edição da gravação da conversa com o empresário Joesley Batista e, ao contrário, novos trechos confirmam e completam o entendimento de que ocorreram naquela noite no Palácio Jaburu tenebrosas transações que puseram nas mãos do então assessor Rodrigo Rocha Loures uma mala cheia de dinheiro de propina, o Ministério Público perdeu a cerimônia diante da figura do Presidente que, na visão de Janot, desonrou o cargo que ocupa.
As dificuldades políticas pelas quais passamos têm claros efeitos sobre a conjuntura econômica e vêm se agravando a cada dia. Precisamos resolvê-las respeitando dois pontos fundamentais: a Constituição e o bem-estar do povo.
Trocar o chefe da Polícia Federal em seguida ao relatório que aponta indícios vigorosos de que o presidente da República cometeu crime de corrupção seria uma atitude acintosa de retaliação a uma instituição que, embora subordinada ao Ministério da Justiça, tem sua autonomia funcional garantida pela Constituição.
Um dia meu querido amigo João Ubaldo Ribeiro ficou com saudade das pescarias em Itaparica. E perguntou: ‘Como se faz para pescar no Rio?’
Pode parecer exagero do cronista, mas diante de tanta confusão e misérias, delações premiadas ou não, ainda nos faz falta um personagem de péssimo caráter, mas com uma inteligência que marcaria a Revolução Francesa com as maiores felonias da política universal, principalmente a da França durante a revolução que, entre outros feitos, levou o rei Luís 16 à guilhotina.
Sem possibilidades de prospectar o futuro com alguma margem de segurança, por absoluta falta de parâmetros, é possível, no entanto, cruzar informações para se tentar formar um quadro de probabilidades do desenrolar de fatos em curso. De uma palestra de Fernando Henrique Cardoso ontem em São Paulo podem-se aprofundar dois ou três fatos fundamentais para o encaminhamento de nossa crise.
E se denúncia não for confirmada? Se não passar de algo plantado de propósito por alguma fonte não identificada?
Temporal não foi atípico. Atípica foi a decisão do prefeito de não se constranger em propor à Câmara o extorsivo aumento de até 100% no IPTU.
Dois ministros foram fundamentais ontem na posição do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre acordos de delação premiada: Luis Fux, ao deixar claro que era preciso uma definição do plenário para evitar que mais adiante acordos fossem denunciados, e Luis Roberto Barroso, ao definir que a eficácia do acordo é que deve ser analisada no momento da sentença, não os termos do acordo em si.
Embora o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) termine apenas hoje, a tendência do plenário ficou claramente demarcada com os dois votos já dados – do relator Luis Edson Fachin e do ministro Alexandre de Moraes – e os comentários do decano Celso de Mello, que defendeu vigorosamente o papel da Procuradoria-Geral da República, criticado pelo ministro Gilmar Mendes.
O presidente Michel Temer desmentiu, e não que isso seja a seu favor, os que comparam seu governo com os últimos meses do governo José Sarney. Naquela ocasião, o então senador Fernando Henrique Cardoso dizia com ironia sempre que o presidente ia ao exterior: “A crise viajou”.
A corrupção aqui é democrática, pois contempla outros partidos: um de oposição e o outro que ainda não sabe se será, está pensando.
Como sempre acontece, foi um sucesso o seminário Brasil Brasis promovido pela Academia Brasileira de Letras. Desta feita, o tema foi o “Novo Ensino Médio”. Tive a honra de mediar o debate de que participaram os especialistas Carlos Artexes Simões, diretor do Sesc Nacional, e Carlos Alberto Serpa de Oliveira, presidente da Fundação Cesgranrio, responsável pelas provas nacionais do Enem.