
Da complicada relação com o próximo
Um estudante pediu a um mestre sufi que lhe revelasse o quinto nome de Deus.
Um estudante pediu a um mestre sufi que lhe revelasse o quinto nome de Deus.
A vaga aberta na Academia Brasileira de Letras está criando problemas para alguns acadêmicos e para os candidatos que desejam suceder a Celso Furtado. Rosna-se por aí que FHC teria feito sondagens para entrar naquilo que os parnasianos chamavam de "nobre sodalício".
Conheci o professor Celso Furtado no início da década de 60, no tempo em que fui líder estudantil e presidia o Diretório Central de Estudantes da então Universidade do Recife.
O Brasil passa por um momento de curiosidade internacional. A biografia do presidente Lula, de operário presidente, desperta uma atenção grande e excita indagações. Em seguida, o tamanho do Brasil e sua presença mundial fazem com que sejamos uma potência emergente.O presidente Lula, numa postura inesperada, tem excepcional gosto pela política externa e tem sido um viajante ávido por aumentar as nossas trocas comerciais. Seu estilo é bem pessoal.
O Governo Bush, revigoradíssimo nas urnas, não perde tempo em mostrar o quanto o seu novo mandato lhe permite escalar no avanço da hegemonia americana, e da garantia de sua defesa para além das próprias convenções internacionais que assinou. O fulcro aí está, no buraco negro de Guantánamo e do sustento de um trato unilateral e discricionário dos cativos da Al-Qaeda, a partir da leva de meio milhar de afegãos já há mais de dois anos na prisão do Caribe.
Uma historinha que ouvi no seminário, envolvendo um padre e o Diabo, serve para ilustrar o que está acontecendo comigo nas últimas semanas.
Os três totalitarismos que dominaram o mundo no século passado e introduziram, mesmo, como assinalei no livro O mal na História , não fizeram de pronto, mas numa evolução que culminou na submissão ao sistema partidário, com sua hegemonia total sobre as instituições políticas. A democracia, que já florescia desde Alexandre II na Rússia, que florescia na Itália de Victor Emmanuelle e na Alemanha de Weimar, acabou soterrada pelos totalitarismos.
Um dos motivos que levaram os norte-americanos a expulsar Charles Chaplin dos Estados Unidos foi o fato de Carlitos ter retirado, na antevéspera do crack na Bolsa de Nova York, em 1929, todo o seu dinheiro e ações do mercado. Criou-se um escândalo. Suspeitaram que ele recebera informações privilegiadas.
Não há dúvida que a invenção dos gregos, criando a democracia, foi um sucesso espetacular para todo o mundo. Basta examinar o funcionamento das boas democracias do mundo para se chegar a essa certeza. Infelizmente, a nossa democracia tem mais defeitos do que qualidades, mas chegaremos lá, numa boa democracia, quando a plantinha tenra de que falava Octávio Mangabeira crescer e ficar frondosa. No momento contentemô-nos em observar as que funcionam bem.
Nas preocupações da Academia Brasileira de Letras, avultam as questões relativas à cultura e à educação do povo e, aí, ganha relevo maior uma competente e bem orientada política da língua portuguesa como fundamento e instrumento da cultura nacional.
Gostaria de mandar três abraços afetuosos e especiais. O primeiro ao Carlos Lessa, que acaba de ser demitido porque contestou os rumos do governo para o qual foi convidado. Ele tinha esperanças numa equipe presidida por Lula. Lutou contra a maré, denunciou a traição das promessas feitas durante a última campanha eleitoral. Defendeu os valores que o tornaram um dos intelectuais mais brilhantes do nosso tempo. Foi fritado e demitido.
A façanha editorial do momento é o lançamento da obra teatral completa de Nelson Rodrigues feita pela Editora Nova Fronteira. Com os textos do trágico brasileiro em mãos, pode-se tentar uma análise do muito que significou e significa para a nossa cultura a presença entre nós de um autor com essa estranha e dilacerante força criadora. Desde que "Vestido de Noiva" subiu à cena em 28 de dezembro de 1943, no Teatro Municipal, tivemos todos a certeza de que o Brasil produzira, afinal, um gênio da literatura teatral.
Esta sendo anunciado, pelos cineastas, um filme sobre Juscelino Kubitscheck, abarcando toda a sua vida, desde o menino pobre, telegrafista em Minas Gerais, até o seu fim, punido pela revolução de 31 de março de 1964. Como o cinema brasileiro não se subordina a uma ou mais empresas, como o de Hollywood, temos de esperar para ver se Juscelino foi ou não bem historiado pelo autor do roteiro, em todas as nuances de uma vida excepcionalmente cheia como a do simpático mineiro.
Na última quinta-feira, tive de sair mais cedo para ir ao médico. Ao me despedir de Celso Furtado, ele me tomou as mãos e perguntou como ia minha saúde. Agradeceu as palavras que, durante a sessão, foram ditas a respeito de seu artigo (que seria o último), publicado na véspera, no "Jornal do Brasil".
Estamos diante da expectativa de criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), em substituição ao Fundef. A emenda constitucional nem chegou ainda ao Congresso Nacional, para ser discutida e aprovada.Aliás, como é hábito nos temas que dependem do MEC. A sua burocracia é lenta e nem sempre das mais eficientes. Recorde-se o que houve, no governo passado, com tramitação do Plano Nacional de Educação. Chegou ao Congresso depois do prazo vencido. Um belo exemplo de prioridade às avessas.