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Biografia

Quinto ocupante da Cadeira 31, eleito em 23 de maio de 1974, na sucessão de Cassiano Ricardo e recebido pelo Acadêmico Herberto Sales em 1º de outubro de 1974.

Era filho de lavradores de Trás-os-Montes, norte de Portugal, o pequeno comerciante Bonifácio de Carvalho e Maria Cândido de Carvalho, que se fixaram em Campos de Goytacazes. Aos oito anos, por doença do pai, veio morar algum tempo no Rio de Janeiro, quando trabalhou, como estafeta, na Exposição Internacional de 1922. Desses tempos fabulosos da história do mundo, os alegres anos de 1920, o menino guardou lembranças inesquecíveis. Logo voltou a Campos, onde continuou a estudar em escolas públicas. Nas férias trabalhava como ajudante de farmacêutico, cobrador de uma firma de aguardente e trabalhador de uma refinação de açúcar.

Ao anunciar-se a Revolução de 30, José Cândido trocou o comércio pelo jornal. Iniciou a atividade de jornalista na revisão de O Liberal. Entre 1930 e 1939, exerceu funções de redator e colaborador em diversos periódicos de Campos, como a Folha do Comércio, que se honrava com um dos jornalistas mais cintilantes de sua geração, Raimundo Magalhães Júnior; O Dia, onde passou a comentar a política internacional, e ainda a Gazeta do Povo e o Monitor Campista. Admirador de Raquel de Queirós e José Lins do Rego, começou a escrever, em 1936, o romance Olha para o céu, Frederico!, publicado em 1939, pela Vecchi, na coleção “Novos Autores Brasileiros”. Concluiu seus preparatórios no Liceu de Humanidades de Campos e veio conquistar o diploma de bacharel de Direito, em 1937, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.

Passou a morar no Rio, em Santa Teresa, entrando para a redação de A Noite, um jornal de quatro edições diárias. Como funcionário público, conseguiu um cargo de redator no Departamento Nacional do Café, mas ali ficou por pouco tempo. Em 1942, Amaral Peixoto, então interventor no Estado do Rio, convidou-o para trabalhar em Niterói, onde vai dirigir O Estado, um dos grandes diários fluminenses, e onde passa a residir. Com o desaparecimento de A Noite, em 1957, vai chefiar o copidesque de O Cruzeiro e dirigir, substituindo Odilo Costa, filho, a edição internacional dessa importante revista.

Somente 25 anos depois de ter publicado o primeiro romance, José Cândido publica, em 1964, pela Empresa Editora de O Cruzeiro, o romance O coronel e o lobisomem, uma das obras-primas da ficção brasileira, que teve imediatamente grande sucesso. A segunda edição saiu também pela empresa de O Cruzeiro. A partir de 1970, a Editora José Olímpio passou a reeditar o romance, que em 1996 atingiu a 41ª edição. Não demorou a ser publicado também em Portugal e ser traduzido para o francês e o espanhol. Obteve o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira, e o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do PEN Clube do Brasil.

Em 1970, José Cândido de Carvalho foi diretor da Rádio Roquette-Pinto, onde se manteve até 1974, quando assumiu a direção do Serviço de Radiodifusão Educativa do MEC. Em 75, foi eleito presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. De 1976 a 1981, foi presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte), cargo para o qual foi convidado por uma de suas maiores admirações políticas, o ministro Nei Braga. De 1982 a 1983 foi presidente do Instituto Municipal de Cultura do Rio de Janeiro (Rioarte). Estava escrevendo um novo romance, O rei Baltasar, que ficou inacabado.

Além do grande romance que o inscreveu na literatura brasileira como um autor singular, José Cândido publicou dois livros de “contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil” e reuniu, em Ninguém mata o arco-íris, uma série de retratos jornalísticos. Sua obra de ficcionista é das mais originais, graças à linguagem pitoresca e aos personagens, ora picarescos, ora populares extraídos do “povinho do Brasil”.

Atualizado em 31/05/2017.