"80 anos de Tarcísio Padilha"
Publicada em 15/09/2008
Publicada em 15/09/2008
Publicada em 15/09/2008
Publicada em 15/09/2008
Publicada em 12/09/2008
Publicada em 12/09/2008
Publicada em 12/09/2008
Publicada em 12/09/2008
Publicada em 12/09/2008
Tempos atrás, fazendo uma pesquisa sobre a história da melancolia, encontrei num velho livro de psiquiatria uma expressão tão intrigante quanto fascinante: “ômega melancólico”. Trata-se de uma ruga, em forma de ômega (aquela letra grega que lembra uma ferradura), que aparece na testa das pessoas melancólicas. Por uma simbólica coincidência, o ômega é a última letra do alfabeto grego e é usado para designar o fim das coisas, assim como o alfa, a primeira letra, é o começo. Ora, para muitas pessoas a melancolia é mesmo o fim da picada, ou elas assim o sentem. O ômega melancólico é uma mensagem que, como a marca de Caim (também na testa), e obedecendo a mecanismos semelhantes – a culpa desempenha aí um papel fundamental – nos lembra que o nosso rosto muitas vezes funciona como uma tela: nele se projetam os sinais de nossos problemas emocionais. Desses sinais tomamos conhecimento através daquele inquietante objeto, o espelho. Que, para nosso desgosto, não mente. Durante muito tempo, o espelho pôde garantir à malvada rainha que não havia no mundo mulher mais bela. Mas então surge Branca de Neve, e o espelho, por dizer a verdade, teve de agüentar a cólera da soberana.
Nas últimas semanas ressurgiu a controvérsia sobre o fumo. Em São Paulo, foi desencadeada por um projeto de lei que o governador José Serra (ministro da Saúde no governo FHC) encaminhou à Assembléia Legislativa do Estado, propondo a proibição do cigarro em qualquer ambiente coletivo fechado da cidade. O projeto, que tem o apoio do presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, o gaúcho Osmar Terra, foi rotulado como um ato de “fúria contra os fumantes” por ninguém menos que um médico, o doutor Ithamar Stocchero, ex-presidente da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Louvor em boca própria, bem sei, é vitupério, como diziam os antigos. Hoje ninguém mais diz isso, até porque suspeito que ninguém mais sabe o que é vitupério. Pensei em traduzilo para “uma parada sinistra”, mas fiquei com medo de cometer algum equívoco, porque não domino bem os vocábulos que, com admirável poder de concisão, compõem o cabedal lingüístico da maior parte do nosso povo atual, demonstrando que ninguém precisa de mais que trezentas palavras para ser feliz. Bem, trezentas e cinqüenta para os muito letrados, mas acima disso é elitismo.
Na década de 60 coloquei um terno muito chinfrim, enfardelei expectativas culturais e fui com Mauro Mota e Gilberto Freyre conhecer José Olympio, a Editora, a Cantina Batatais e sentir o clima, a inigualável atmosfera J.O.Vinha do Recife para o meu Rio. Aquela época já era encantado pelo meu Rio. Hoje sou, ainda mais. E as expectativas se confirmaram. Comecei a ver ao vivo, sem retinas no meio, autores que conhecia só nos livros. Foi uma alegria. Fiquei honrado e honorado. Só J.O. não me deu muita importância. Também eu não tinha importância alguma.
Uma das boas lições que aprendi com o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, é o princípio da razoabilidade das penas. Isso nos torna mais humildes diante da lei. Se ela deve ser aplicada indistintamente, desprezando o sentido humano, melhor seria que entregássemos ao computador a decisão de julgar. Seria pelo menos mais rápido.
Vamos aos 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos, feita à saída do último conflito mundial. Lugar, talvez, agora onde mais se imponha, esta comemoração, como um clamor de consciência e uma chamada à responsabilidade de nosso tempo não é outro senão a Índia. Ostensivamente democrata sobrevive com o mais inabalável regime de castas e de discriminação social em nosso tempo. E num conformismo que tendemos a esquecer, tanto o país se mantém em 80% de sua população vinculada ao hinduísmo.
O Superior Tribunal de Justiça julga um habeas corpus que tem como relator o ministro Herman Benjamin, a maior autoridade brasileira em direito ambiental, para conceder liberdade a Lili e Megh, dois chimpanzés que viajaram clandestinos do zoológico de São Paulo para o de Fortaleza, sem licença do Ibama. A discussão é se o direito de ir e vir deve ser só de humanos ou se estende a animais. Os impetrantes argumentam com o direito à vida e os bichos vivem. Há jurisprudência: o ministro Magri, nos anos 90, disse que "cachorro também é gente". Enfim, o abacaxi está nas boas mãos do ministro Herman.