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Biografia

Godofredo de Oliveira Neto (Blumenau, Santa Catarina, 22/05/51) é escritor e professor universitário brasileiro. Ocupa a Cadeira 35 da ABL, desde setembro de 2022, sucedendo ao acadêmico Candido Mendes de Almeida. Foi recebido pela acadêmica Ana Maria Machado.

Completou os estudos secundários no Colégio Franciscano Santo Antônio, na sua cidade natal, impregnado das culturas do Vale do Itajaí (presença de populações tupi-guarani e de origem  russa, alemã, ucraniana, italiana, polonesa e africana), e da açoriana e africana de Florianópolis e do litoral catarinense, aporte cultural presente em sua obra ficcional, particularmente na sua denominada Trilogia Catarinense. Tem 28 livros publicados.

Muda-se para o Rio de Janeiro iniciando os estudos em Direito e Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Empreende viagens por todo o Brasil tomando compulsivamente nota de “coisas e gentes”, material de que se servirá para a composição de seus livros.  Em 1973, transfere-se para Paris, onde se diploma pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais da Sorbonne e em Letras pela mesma instituição. Retorna ao Brasil e ingressa, em 1980, como docente na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É atualmente Professor Titular de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras dessa instituição. O autor tem Mestrado em Letras pela Universidade da Sorbonne, Paris. É Doutor em Letras pela UFRJ e Pós-doutor com pesquisa realizada na Georgetown University, Washington.  Deu Cursos e Conferências em Universidades estrangeiras como Sorbonne (Paris), Ca’Foscari (Veneza), Aarhus, (Aarhus, Dinamarca), Stanford e Georgetown (Estados Unidos).

Com fortuna crítica nos principais jornais e revistas do país, além de vastos estudos universitários sobre sua obra, o autor obedece a um projeto literário e a uma poética nitidamente pré-estabelecida. Um livro com ensaios sobre sua obra, escritos por vinte pesquisadores, foi publicado em 2019 pela Editora 7 Letras. O autor é também contista, com cerca de 30 textos publicados em várias revistas e livros, como, por exemplo, o conto Fila sem-bagagem (Editora Francisco Alves, RJ, 2002), de grande repercussão na web. Godofredo mantém há anos a crônica A caminho do Fundão nas redes sociais. É autor de dezenas de prefácios, posfácios, artigos, apresentações de obras e resenhas na área literária.  Ilustrou com dez crônicas o livro Vozes da Cidade, obra publicada pelo SENAC Nacional (2011) com grande tiragem para ensino de Língua Portuguesa.

Sua obra ficcional, estudada em várias instituições de ensino do país e do exterior, está elencada no Guia conciso de autores brasileiros da Biblioteca Nacional/RJ.  Faina de Jurema (Taurus, RJ, 1981) é considerado um dos primeiros textos ficcionais denominados, na época, pós-modernos brasileiros. O livro, de caráter experimental, teve a contribuição pessoal do filósofo Jacques Derrida na sua composição, em meados dos anos 1970. Quando da sua publicação, o ensaísta francês enviou carta, em 1982, saudando a parceria (... notrecomplicitédansl’écriture – de Faina de Jurema - me touchebeaucoup...). O livro teve ampla repercussão nos jornais O Globo e Jornal do Brasil e em periódicos de outros Estados, como O Estado do Maranhão. No livro, o esmaecimento das fronteiras entre os gêneros literários vem explicitamente realçado.

 Menino oculto (Record, RJ, 2005 - 2º°lugar no Jabuti 2006, 1º lugar Cinzas doNorte, de Milton Hatoum) e A Ficcionista (Ímã Editorial, RJ, 2013), destacado em longa matéria no  jornalO Globo e no site G1/Globo.Seu recente  Grito(Record, RJ, 2016) segue essa  linha estilística iniciada por  Faina de Jurema, segundo a crítica.

Grito recebeu o “Prêmio Romance de 2016” da Academia Catarinense de Letras e o “Prêmio Romance do ano” da União Brasileira de Escritores. O jornal O Globo/Extra o classificou entre os 13 romances brasileiros mais importantes publicados em 2016 e a Folha de S. Paulo lhe dedicou densa matéria.  O jornal Rascunho dedicou três páginas de análise sobre o romance, bem como O Diário Catarinense, o jornal A Notícia, de Joinville e o periódico Jornal de Santa Catarina, de Blumenau. Além de uma homenagem ao teatro brasileiro, o etarismo vem judiciosamente abordado na narrativa.  Na busca de uma originalidade estética de escritura, foi trabalhada, no Grito, a questão de autoria e o poder de manipulação do autor, daí a tensão entre ficção e realidade, passado e presente, constantemente operada na obra. Decorre então um diálogo contínuo com o leitor. Em A Ficcionista, narrado por uma mulher (Nikki), esse dialogismo é ainda mais explícito.  A questão verdadeiro/falso é também discorrida com detalhes em Menino oculto. A versão francesa da obra, publicada pela Editora Envolume de Paris, em 2015, teve grande destaque na imprensa parisiense - o jornal Le Monde comparou a obra à arte de Almodóvar e o jornal Le Figaro o considerou como “notre coup de coeur”. L’EnfantCaché, a tradução francesa, está na 3º edição. O autor participou, em Paris, de entrevista televisiva no sistema Radio France Internationale – RFI, sobre esse romance.

Menino oculto integra a obra NovasLeituras da Ficção Brasileira no Século XXI (Editora Mackenzie, SP, 2011). Foi analisado na revista Margens, da Universidade Federal de Minas Gerais, no Portal Literal, no jornal O Globo, no Rascunho e na Revista Latitudes, de Paris, entre outros. Menino oculto foi estudado na graduação da UNICAMP, entre outras instituições. O Jornal Estado de S. Paulo dedicou uma página de entrevista com o autor após a premiação do romance no Jabuti/2006. 

Romances de extração histórica compõem igualmente o acervo ficcional do autor.  O Bruxo do Contestado (Nova Fronteira, RJ, 1996, 1º edição e Record, RJ, 2012 a partir da 2º edição) foi considerado o romance revelação do ano pela Folha de S. Paulo, em 1996 e pela revista Veja em matéria de página inteira assinada pelo escritor Ivan Ângelo com o seguinte lead: “Quem se queixa de que faltam autores novos de boa qualidade deve ler O Bruxo do Contestado”.  A Folha de S. Paulo o catalogou entre os dez mais importantes livros de todas as áreas na Bienal do Livro daquele ano. O jornal Estado de S. Paulo abriu grande matéria sobre a obra. O romance é estudado em várias Instituições escolares do país, foi matéria obrigatória do Vestibular na UFSC e na UFMA, além de ter sido trabalhado - em razão dos detalhes a respeito da Guerra do Contestado e da IIº Guerra Mundial no Sul do Brasil - na Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN. O autor ministrou, em 1996, conferência naquela Instituição a respeito do livro. O autor participou, em Paris, de entrevista televisiva no sistema Radio France Internationale – RFI sobre esse romance. O Bruxo do Contestado é igualmente narrado por uma mulher, Tecla.

Amores exilados (Record, RJ, 2012/ 1° Ed. Nova Fronteira, RJ, 1997, com o título Pedaço de Santo), constituiu objeto de longa análise crítica na revista Latitudes e no jornal Le Figaro de Paris, já em segunda edição na França. O livro aborda o universo dos exilados brasileiros na capital francesa e a questão racial permeia a leitura.  A Revista Isto É dedicou matéria sobre o livro. O jornal O Globo deu destaque ao romance. Trecho da crítica do jornal carioca pode ser lida na capa da edição brasileira: “Livro de rosas e fuzis, merece a leitura e o aplauso”.  O periódico espanhol El Pais, em longa matéria do seu correspondente no Brasil sobre a literatura brasileira, analisa Pedaço de Santo/Amores exilados. O romance, junto com Cidade de Deus, de Paulo Lins, revisa a História sob ângulo literário, escreve o jornalista.  O Jornal do Brasil publica grande matéria sobre o livro. O programa “Tirando de Letra”, da rede Globo, exibiu curta peça com atores da série sobre o livro. O autor foi entrevistado sobre o romance Amores Exilados no programa Leituras da TV Senado e na Radio France Culture, de Paris.

Em 2000, sai publicado o romance Marcelino Nanmbrá, o Manumisso. Ambientado em 1942, ano de declaração de guerra do Brasil ao Eixo. Com uma homenagem à nação brasileira profunda através do personagem Marcelino, o livro recebeu página inteira no jornal O Estado de S. Paulo. O O Globo dedica, igualmente, grande espaço no caderno Prosa e Verso. O jornal eletrônico NO, então recém inaugurado, constrói densa análise. O jornal Rascunho publica extensa matéria.

Em 2008, o autor publica Marcelino (Imago, RJ, 2008), obra construída, deliberadamente, a partir de Marcelino Nanmbrá, o Manumisso. Partindo do princípio da indissociabilidade fundo-forma, Marcelino vem vazado em nova linguagem, o que resultará em novo livro. O processo, denominado autofagia do autor, já experimentado em outros autores, tais Autran Dourado, Marguerite Duras e Roa Bastos, foi objeto de matéria no jornal Valor Econômico. O romance foi citado como exemplo brasileiro e analisado na matéria. Marcelino foi finalista - 1º fase - dos prêmios Portugal - Telecom e Zaffari Bourbon. Em 2009, teve a leitura recomendada pelo Guia da Folha de S. Paulo.  A revista Educação em Linha publicou matéria sobre o livro, destacando particularmente a cultura açoriana abordada na obra, cujo cenário é a Ilha de Santa Catarina em 1942 e o Rio de Janeiro. O jornal O Globopublica artigo. O Diário Catarinense, de Florianópolis, estampa matéria.

  Nesses romances o autor trouxe para o ângulo ficcional detalhes sobrea colonização europeia no sul do Brasil e suas implicações durante a 2° Guerra Mundial; o regime militar brasileiro dos anos 60/70 e o ambiente de pré-guerra no Brasil dos anos 1942. Esses três romances compõem a chamada “Trilogia Catarinense “do autor. O romance traz para a cena iluminada a figura heroica do cafuzo, o pescador Marcelino, personagem relativamente pouco tratado nas nossas letras.

Os mitos indígenas da Amazônia brasileira e o conflito de civilizações naquela região servem de cenário para o livro Ana e a margem do rio (Record, RJ, 2002), selo de “Altamente recomendável” da Fundação Nacional do livro infantil e juvenil. O livro foi selecionado para a Exposição Internacional da Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, na Itália, e pelo The White Ravens - A selectionofInternationalchildrenandyouthliterature de Munique, Alemanha. Ana e a margem do rio foi incluído no Programa Nacional Biblioteca da Escola-PNBE.  O jornal O Globo publicou amplo artigo. Ana e a margem do rio foi matéria de Tese na Universidade Federal do Acre.  Em 2002, o romance foi traduzido para o búlgaro e publicado em Sofia. A árdua e laboriosa passagem das lendas ágrafas dos indígenas da Amazônia para a língua portuguesa traduz as dificuldades da escritora Ana, tornada narradora de universos culturais distintos sempre em choque. 

A novela Oleg e os clones (Nova Fronteira, RJ, 1999) serviu de base para o libreto “Olegárcio”, ópera contemporânea de câmara apresentada na Alemanha. O Jornal de Santa Catarina e O jornal O Estado de São Paulo recomendaram a obra na sua seção juvenil. Nesse ano, o autor participou de programa literário na Rede Globo de Televisão em entrevista com o apresentador Pedro Bial. O protagonista da narrativa, um lagarto diretor de uma escola de prestígio do Reino, farto das regras sociais e culturais que ensina, ecoa o protesto riobaldiano “Eu sou é eu mesmo, diverjo de todo mundo”.  Oleg e os clones teve nova edição em 2022 pela da editora Batel.

  Com Ilusão e mentira (Batel, RJ 2015), saudado pela crítica, o autor visita o universo de Machado de Assis recriando-o em dois contos.  O conto O galo Adamastor   é a apropriação do conto   Ideias de canário e o segundo, Val  eLalinha, é baseado  no romance Dom Casmurro. O primeiro conto é ambientado em Florianópolis e o segundo no Rio de janeiro nos dias atuais. Segundo a crítica escrita na quarta capa do livro, “Os textos se metamorfoseiam pelas mãos do escritor, e o resultado são dois relatos que, ao mesmo tempo em que se conectam à ficção machadiana, dela se distanciam saudavelmente, reivindicando uma desconexão própria à sua especificidade”.  A obra é largamente estudada em instituições de ensino do país. IIusão e mentira foi objeto de análise em Cérisy, na França, em junho de 2017. A crítica estabeleceu, no evento, comparações com o romance Leite derramado, de Chico Buarque. 

O mais recente romance do autor, Esquisse, foi publicado em Paris em 2021 pela Editora Envolume. Esquisse foi estudado na Universidade Federal Fluminense e publicado em vietnamita, em Hanói, em 2022. O desenho extraviado de Hieronymus Bosch, a versão brasileira de Esquisse, foi publicado, no Brasil, em abril de 2023.

Publicou 10 obras de estudos literários, 22 textos em jornais e revistas, 18 capítulos de livro e 10 artigos completos publicados em periódicos. Proferiu cerca de 170 conferências cadastradas no sistema nacional do CNPq (Lattes). Participou, como convidado, de aproximadamente 200 eventos registrados no sistema nacional do CNPq (Lattes). Recebeu 20 premiações e títulos na área de Cultura. Participou de cerca de duzentas bancas de Mestrado e Doutorado stricto sensu, dentre as quais cinquenta como orientador.

O acadêmico exerceu vários cargos administrativos na área de educação, tais Diretor do Departamento de Políticas do Ensino Superior do MEC, Pró-Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Diretor de Departamento da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Presidente da Comissão de Língua Portuguesa do MEC e Presidente do Instituto Internacional de Língua Portuguesa – IILP – da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP.

Ensina as disciplinas Literatura Brasileira nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação da UFRJ, desde 1980. Seus Cursos atuais abordam a Literatura afro-brasileira.