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Fux tirou poder de Gilmar Mendes

 

A decisão do presidente do STF, ministro Luiz Fux,  de levar para o plenário  as ações penais foi uma manobra para tirar da Segunda Turma e das mãos de Gilmar Mendes, presidente da Turma, o poder de definir quem é punido ou não na Lava Jato. Gilmar, que faz a pauta, e Lewandowski votam sempre do mesmo lado e o empate beneficia o réu. Por essas circunstâncias, a chance de ser absolvido ou ter o processo anulado pelos ministros da Segunda Turma é muito grande. O novo ministro, adepto de teses semelhantes às de Gilmar Mendes, iria para esta Turma, que ficaria com o controle completo da Lava Jato. Fux resolveu levar para o plenário para ter uma votação mais ampla.
Já o caso do plágio na tese de mestrado e do currículo turbinado do desembargador Kassio Marques, deveriam ser motivos para que não fosse indicado ao STF.  A história dele é complicada desde a escolha, que já foi fora do trilho. Há várias versões – algumas ruins, ligadas ao advogado Frederick Wassef e a Flavio Bolsonaro – de como surgiu a ideia de mandá-lo ao STF, quando ele queria o STJ. Numa situação normal, em um país normal com a democracia mais amadurecida, não poderia ser candidato ao STF. É uma pessoa bem quista em Brasília, um juiz competente, mas de qualquer maneira é uma situação tão complexa e polêmica que não deveria ser confirmado. Como aqui as coisas funcionam mais na base do compadrio e da amizade, e nisso ele é muito bom, não vai acontecer nada.

O Globo, 08/10/2020