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A internet e os seus riscos

 

A notícia apareceu com destaque na Folha de São Paulo: “Diários em vídeo viram mania na internet”. Diários em vídeo (“vlogs”, uma alusão aos blogs) são, basicamente, gravações em que adolescentes aparecem contando de suas vidas, do que estão fazendo, como se divertem, os problemas que enfrentam. Era algo previsível: afinal, é mais fácil falar do que escrever, e mostrar a própria imagem é algo que muitos gostam de fazer.


Mas aí podem surgir situações inesperadas. Uma jovem, que mantinha um vlog, começou a receber e-mails de um homem que insistia em encontrá-la e que já sabia até onde ela estudava. Aparentemente a coisa ficou por aí, mas o acontecimento serve para alertar sobre os riscos presentes na atividade.




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Não é de hoje que se sabe sobre a associação entre sexo e internet. Uma associação que assume muitas formas. Pode ser pornografia pura e simples, pode ser o contato entre pessoas com conotação erótica. Muitas vezes isto é o resultado do isolamento e da solidão em que vive muita gente, e em alguns casos pode ser normal e até benéfico; nada impede que um casal de namorados, separados por motivo de trabalho ou de viagem, troquem tórridas mensagens por e-mail.


O problema começa a surgir quando o comportamento se torna compulsivo, e mais, quando dá margem a assédio, a ameaças, a violência. Isto surge, naturalmente, em casos (como o da moça do vlog) em que alguém insiste num encontro com a pessoa com quem trocou mensagens. Este assunto tem sido objeto de estudos na área da psicologia e também na área de segurança, e uma série de recomendações tem sido formuladas. No caso dos jovens, deve-se observar, em primeiro lugar, que os pais têm aí um papel fundamental. Para começar, eles devem saber o que os filhos estão vendo no computador.


Não se trata de intromissão, não se trata de interferência: é preciso deixar claro aos jovens que essa atitude resulta de uma genuína preocupação, de um desejo de ajudar. E trata-se de aconselhar, também. Regra número um: a pessoa não deve aceitar um encontro com alguém que só conhece da internet. Se, apesar dessa recomendação, decidir fazê-lo, deve ir acompanhada de alguém, marcar o encontro num lugar em que haja muita gente (um shopping, por exemplo). Mais: a pessoa com quem o jovem ou a jovem vão se encontrar deve ser informada de que outros sabem desse encontro.


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Como o automóvel, como o avião, a internet veio para ficar. E, como o automóvel e o avião, tem seus riscos, que às vezes podem ser sérios. Mas que podem ser evitados com bom senso, com inteligência, e com a ajuda de pessoas que, pela maturidade, têm condições de avaliar tais riscos e dar dicas sobre como evitá-los.


Zero Hora (RS), 22/5/2010