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Sessão Solene do Centenário


"À noite fomos à Academia Brasileira de Letras, grandes homenagens, porque é o centenário da Academia. Fiz discurso, a Nélida Piñon fez um belo discurso, também foi bom o discurso do Guterres, o primeiro-ministro de Portugal, que é uma pessoa que cada vez prezo mais, porque tem visão de mundo e porque é um homem simples, aberto."

Fernando Henrique Cardoso, Diários da Presidência Volume 2.

ATA DA SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA DO

I CENTENÁRIO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Em 20 de julho de 1997

Aos vinte dias do mês de julho de mil novecentos e noventa e sete, às vinte horas, sob a presidência da Acadêmica Nélida Piñon estiveram presentes os Acadêmicos: Arnaldo Niskier, Secretário-Geral, Sábato Magaldi, Primeiro Secretário, Tarcísio Padilha, Segundo-Secretário, Alberto Venancio Filho, Tesoureiro, Geraldo França de Lima, Diretor da Biblioteca, Evaristo de Moraes Filho, Diretor do Arquivo, João de Scantimburgo, Diretor da Revista Brasileira, Eduardo Portella, Diretor dos Anais da Academia, Afrânio Coutinho, Antonio Houaiss, Bernardo Élis, Candido Mendes de Almeida, Carlos Chagas Filho, Carlos Nejar, Dias Gomes, Ivo Pitanguy, João Ubaldo Ribeiro, Jorge Amado, José Sarney, Josué Montello, Lêdo Ivo, Dom Lucas Moreira Neves, Lygia Fagundes Telles, Marcos Almir Madeira, Marcos Vinicios Vilaça, Miguel Reale, Oscar Dias Corrêa, Rachel de Queiroz, Roberto Marinho, Sérgio Corrêa da Costa e Sergio Paulo Rouanet.

O mestre de cerimônias, Senhor Othon Bastos, anunciou a entrada dos senhores convidados que compuseram a mesa de honra: Sua eminência Reverendíssima o Senhor Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Eugênio de Araújo Salles, Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro de Portugal, Engenheiro António Guterres, Sua Excelência o Senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, Doutor Marcello Alencar, Senador Antonio Carlos Magalhães, Presidente do Senado Federal, Sua Excelência o Senhor Presidente da Junta da Galícia, Dom Manuel Fraga Iribarne, e Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Doutor Fernando Henrique Cardoso, acompanhado da Acadêmica Nélida Piñon, Presidente da Academia Brasileira de Letras. Com a palavra a Acadêmica Nélida Piñon transmitiu a presidência da sessão ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República. O Presidente da República, Doutor Fernando Henrique Cardoso declara aberta a sessão solene do I Centenário da Academia Brasileira de Letras. O Hino Nacional Brasileiro foi cantado pela Senhora Bibi Ferreira. Com a palavra, a Acadêmica Nélida Piñon, Presidente da Academia Brasileira de Letras, que em nome da Instituição agradeceu a presença do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Doutor Fernando Henrique Cardoso, dos Senhores que compõem a mesa de honra, das autoridades brasileiras e estrangeiras e de todos os amigos desta Casa que aqui se encontravam, prestigiando a sessão solene comemorativa do I Centenário da Academia Brasileira de Letras, e dos convivas dessa noite marcante para a história da cultura brasileira e declarou que a Casa de Machado de Assis apresenta as suas melhores palavras de boas-vindas.

Proferiu o seu discurso intitulado A Pátria do Verbo - Os homens transitam pela esperança na condição de filhos da treva e da luz. Sabendo de antemão que os atos inaugurais consolidam-se primeiro no plano das utopias, para onde convergem versões múltiplas e dispersas da trajetória humana. / Afinadas com tal princípio, as vozes, que nos chegam hoje do passado, arregimentam como outrora os valores do seu tempo, proclamam aos contemporâneos e sucessores a certeza da permanência da arte, do livre curso do pensamento. / Avançando pelas frestas dos anos, elas instalam-se entre nós esta noite, como se legitimassem, outra vez mais, o sonho que inventaram naquela noite de inverno de 1897, quando, inaugurando a Academia Brasileira de Letras, deram início a uma fascinante jornada do espírito brasileiro. / Não faz falta saber o que diriam estas vozes, pungentes e crédulas, caso estivessem entre nós. Seus timbres discretos, cosmopolitas, rascantes às vezes, teatralizariam a solenidade que transcorreu no antigo Pedagogium, da rua do Passeio, quando escandiram as palavras que afinal puseram em marcha os anseios civilizatórios sonhados por muitas gerações antes deles. Ansiosos por anunciar que a sorte da nova comunidade intelectual selava-se em meio às incertezas, à escassez de recursos. Balizada pelo esforço de limar a realidade adversa que então aflorava no Brasil do final do século XIX. / Aqueles homens cumpriam, comedidos, os rituais humanos. Frente à arte do cotidiano, resguardavam sentimentos. Não há registro da natureza do óleo da fé que lhes banhou a alma. Mas, seres de uma pátria frugal, acanhada ante os olhos estrangeiros, opunham-se firmemente ao realismo corriqueiro, desintegrador das utopias. Inclinados a inventar o mundo como forma de celebrar a realidade. I A intervenção dos anos, contudo, não nos isolam deles. Aquelas palavras, sábias e prudentes, ajustam-se às urgências do nosso tempo. Mas serão de Machado de Assis, de Joaquim Nabuco, de Lúcio de Mendonça, entre tantos, as vozes a confirmarem que a despeito da instituição nascer sob a égide provisória do nomadismo, a visão que guardavam da cultura seria pluralista, teriam a língua como alicerce da unidade da pátria? / Passados agora cem anos, é forçoso proclamar que as quimeras e as ilusões, originárias deste inquietante discurso da arte, nunca se afastaram de sua matriz singular. Mais que nunca, na origem e no destino, enlaçam-se com o Brasil, graças ao pacto que nos força a auscultar o coração da espécie brasileira, representada por todos nós. I A tecer, à sombra da conjuração dos dias, a longa narrativa que, a despeito da erosão dos anos, subjuga-se ao cinzel da memória. Esta memória que considera os instantes imperceptíveis, as variantes múltiplas, os episódios que dizem respeito aos brasileiros, em geral, e aos ilustres 252 acadêmicos, em particular, que passaram por esta instituição. Uma vez que uma cultura, como a nossa, refina-se quando o cotidiano a persegue com o fardo excedente do seu legado, quando a fruição do real marcha em compasso com o humanismo. / Esta Casa buscou sempre o cálice da tradição. Uma tradição consubstanciada no saber acumulativo, no denodo em recolher aquela matéria negligenciada, posta à margem, após a passagem dos movimentos revolucionários, dos avanços estéticos. Fragmentos filtrados e aprovados pelo tempo, e que, vistos de longe, formam um mosaico a sinalizar os contornos de um país, de uma instituição. / Uma tradição apta a modernizar o presente. A impedir que o germinar do novo enseja a demolição do repertório ancestral, que tanto nos explica. Disposta a promover a fusão do que é herança com o que emerge das correntes contraditórias, lendárias, rebeldes. A preencher as lacunas da memória, a fortalecer a erupção das ideias, que tiveram nascedouro nesta Casa. / Sob o estímulo desta tradição, a Academia Brasileira de Letras sempre rendeu-se às turbulências da arte, às tentações do pensamento, à insubordinação criadora. Instaurou em seu cotidiano o ritual da cerimônia, quis conciliar o que emana do sagrado e do profano, amenizar as discrepâncias, rejeitar os expurgos arbitrários, tomar o convívio fonte de concórdia. / Uma tradição que nos ensinou a conviver com os impasses da história, a resistir aos tormentos da modernidade fátua. A ousar falar do futuro. Obstinada em realçar que a glória da instituição, repousando em tantas vitórias individuais, favorece o fervor coletivo. / O Brasil é um país recente. As nações jovens queixam-se da escassez de sua história. Sentem-se como que privadas daquela matéria arcaica e inconsútil, advinda das mil culturas, que impregnou os solos milenares. Temem que suas façanhas não reverberem na alma, e que suas genealogias, empilhadas ao acaso na memória, neguem-lhes acesso ao próprio mistério, implantem em sua psique o sentimento do vazio.

Desatentas, no entanto, em registrar que tal carência estimula-nos a viver a imaginação com voluptuosa intensidade. A fabular ao redor do tempo e do espaço enquanto inventam o contínuo e apaixonante diálogo com o Brasil, com os seres da invenção, com a ficção da realidade. / A Academia Brasileira de Letras engendra seu enredo em consonância com o Brasil. Não perde de vista existir, fora de suas paredes, um país a cobrar-lhe providências culturais, o rastreamento de seus traços civilizadores. Como consequência, há cem anos enveredamos indiscriminadamente pelas tarefas da arte, do pensamento, da ciência. Por tão longos anos vimos protagonizando uma ação cultural e criativa que nos inscreve no epicentro da nação. / O conceito de imortalidade há muito ronda esta instituição. Fomentado, decerto, pelo imaginário popular, que na ânsia de crer na perenidade das coisas, na permanência da arte, reveste o criador com manto da ilusão. Insiste em desprender a arte das agruras do cotidiano, em devolver artista à vida, sob forma transfigurada. A imortalidade significando tão-somente o desejo coletivo de prorrogar as ações humanas vinculadas à construção artística. / Há um século devotamos inabalável amor à língua lusa. Esta língua que os bárbaros, os necessitados, os poetas, os navegantes, os funâmbulos, seres da ilusão, ígneos e intensos, engendraram para corresponder às carências dos homens. / Afinal, a língua é a alegria dos homens. Nela repousa a poesia do desejo, a melancolia dos gritos primevos, o advento das estações, a exaltação do fino mistério soprado, quem sabe, pelo próprio deus. / Falar, escrever, pensar, alcançar as fendas onde a metáfora pousa solitária, circunscreve-nos ao picadeiro dos homens, ao galeão dos condenados, aos salões galardoados, às terras onde se trava a batalha do verbo e das exegeses. / Como filhos da pátria da língua, de um idioma composto com sobras latinas, gregas, asiáticas, africanas, uma mistura que por onde esteve semeou rastros míticos, pronunciamos suas palavras com unção e ira, captamos-lhe o cintilar de seu sensível timbre. / Esta língua portuguesa, de feição arqueológica, perambula agora pelo coração do Brasil. O corpo sagrado do seu enigma resguarda-se nos descampados e nos grotões, acata os presságios das bruxas, pede emprestado ao vizinho farinha e sentimentos íntimos. / Os inventos verbais desta língua, que peregrina pela península ibérica, pela África, pela Ásia, pela nossa América, trazem a chancela natural da transgressão. Arrasta consigo a luxúria mesmo quando confrontada com experiências radicais, místicas, vizinhas do abismo de Deus. / Feita também de suspiros africanos, chegou ela ao Brasil infiltrada pela nostalgia que nos induz a romper a cada dia o casulo do seu mistério, a perseguir suas contrafacções. É assim que ela converge, acumula, depura-se, exercita-se no gerúndio com a precípua função de ativar a realidade. / É dever desta língua repartir intrigas, predições, narrativas, o prólogo e o epílogo da vida, o vestíbulo das longas despedidas, entre as criaturas do sul, do litoral, do planalto, do sertão, os ribeirinhos. Os habitantes das geografias múltiplas e intransigentes. Todos eles premidos pela emboscada da fantasia e da emoção. / Vinda de tantos recantos do hemisfério, a língua aderiu por inteiro à fábula de uma nação. Esteve na amada Galícia, onde ali conheceu o irrenunciável sentimento oriundo do Finisterre, - a extremidade da Terra -, cruzou o Minho, deixou o Tejo para trás, nos idos de março de 1500, estendeu suas ramas à África e Ásia, com o intuito de florescer, até ancorar afinal no outro lado do Atlântico. / No Brasil, soçobrando em meio aos vastos recursos do pensamento, esticou as cordas plangentes das palavras. Roçou enigmas, traduziu uma pátria composta de mel, leite, trigo, da inexcedível história humana. / Esta língua lusa é uma sombra desapiedada. Sob o teto da ilusão, o instinto do verbo arranca das gavetas os sentimentos resguardados entre os lençóis que rescendem a jasmim. Sobre cada vocábulo projetada a luz incisiva do inventário da arte. / Na morada desta língua, nada lhe sofreia o impacto. Seu mundo visionário, saturado pela desmedida paixão, rende-se à metáfora no esforço de revelar-lhe o fulcro onde reside a equação da poesia humana. De ritmo largo, este idioma implanta em nós os dilemas da condição humana, o destino dos homens. Não permite que nos exilemos do mundo. / Esta sensível e afortunada eloquência auspicia à língua elucidar a emoção através de preciosa linguagem simbólica, que é assunto do berço, do território amoroso, da perdição alada do pensamento. / Nada mais fez a Academia Brasileira de Letras nestes cem anos, desde a sua fundação, que honrar a aventura do espírito sob o vertiginoso impulso do idioma. Sempre soubemos que não há pátria sem a defesa da língua. Seus códigos, seus objetos, suas emoções, situam-nos no mundo. Não há igualmente lar e liberdade sem o exercício pleno das palavras que nos levam ao pranto, ao riso, ao amor, aos pequenos descuidos do cotidiano. A louvar O Sol, a reverenciar a Deus. / Esta magnífica língua lusa, falada por obra dos homens em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, leva no bojo o discurso da ruptura, as emendas que engrandecem a jornada dos homens. / Sob o primado da imaginação e da língua, a Academia Brasileira de Letras celebra neste 20 de julho de 1997, junto às nações amigas, aos brasileiros de todas as gerações, o seu Primeiro Centenário. / Integrada rigorosamente aos instantes constitutivos da história do Brasil, ela reverencia a construção de um tempo que semeia sonhos, esperanças, a paisagem do futuro. / Agora secular, esta Academia Brasileira de Letras percorre livre os espaços da memória. Não teme retroceder nos anos, alojar-se entre os aedos gregos, os poetas da evocação. E, por amor à cultura, estar nos lugares onde nossos corações estiveram em tantos momentos. Em qualquer terra onde se deflagrou no passado a aventura de fabular. De narrar a história que os homens vêm escrevendo há milênios e cuja leitura, perturbadora, consola o humanismo da nossa instituição que ao longo de cem anos exerce irredutível defesa da civilização brasileira. // A Presidente Nélida Piñon entregou as Palmas Acadêmicas ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Doutor Fernando Henrique Cardoso. A Presidente pediu ao Acadêmico Josué Montello para entregar as Palmas Acadêmicas ao Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, Engenheiro António Guterres, e ao Acadêmico Jorge Amado para entregar as Palmas Acadêmicas ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Junta de Galícia, Dom Manuel Fraga Iribarne. O Presidente da Junta de Galícia, Dom Manuel Fraga Iribarne, proferiu o seguinte discurso: Exmo. Sr. Presidente da República Federativa do Brasil, Exma. Sra. Presidenta da Academia Brasileira de Letras, Exmo. Sr. Primeiro Ministro da República Portuguesa, Exmos. Srs. Ministros, Ilmos. Senhores Acadêmicos, Senhoras e Senhores. / Estamos reunidos, hoje e aqui, para celebrarmos um acontecimento de ressonância universal; porque universal é o assunto que nos congrega: a celebração do centenário desta egrégia instituição das letras brasileiras, que tanto tem trabalhado ao longo deste tempo em prol da língua. / Na velha Europa forjaram-se estados os quais teimaram durante séculos para entender-se sobre a face do mundo e que foram espalhando as línguas que os definem. De todos eles, Castela, Portugal e Inglaterra foram os que chegaram mais longe e os que mais falantes dos seus idiomas deixaram no decurso histórico desta tarefa. / Exemplo disto, fulgente exemplo, é o Brasil, país que o grande romancista galego Eduardo Blanco - Amor qualificava como "monstro criador da literatura". Todos sabemos que este país da América Latina é uma maravilhosa área de criação linguística e literária: muitos desses criadores foram ou são membros desta Academia que agora faz anos.! Este fato é universal porque ecoa e faz vibrar por simpatia do idioma comum dos povos dos quatro continentes, desde a Galícia originária a Timor, o qual luta por manter o seu lusitanismo bem perto dos nossos antípodas. / Brindo de novo a nossa felicitação, aceitem-se os nossos parabéns e faça-se público o agradecimento da comunidade galega, vastamente espalhada pelo mundo, por termos sido convidados a participar no presente ato de íntima fraternidade. / Os brasileiros e os galegos somos aquilo que somos, falamos como falamos e escrevemos como escrevemos porque outrora existiu uma Gallaecia onde os romanos descobriram o Finis Terrae, o qual olhava ao poente sobre aquele Mar Tenebroso. Porque depois dos romanos vieram os suevos e consolidaram um reino com fala própria que a História se encarregou de dividir a partir da Batalha de S. Mamede. / Fragmentada a primitiva Galícia, no entanto manteve-se a sua língua durante séculos, superando até mesmo as fronteiras do próprio âmbito. Dom Dinis era rei de Portugal, mas D. Afonso X era o de Castela e no entanto, de ambos dois são as cantigas escritas naquilo que os linguistas classificam como romance ibérico ocidental. / Nessa língua comum fizeram-se obras capitais da Época Medieval peninsular. E até se pode consignar a existência duma diglóssia poética naqueles tempos, porque em zonas de fala já consolidadamente castelhanas era por norma e obrigação trovar em galego. / Mais, ao norte do rio Minho, o qual une mais do que separa a Galícia de Portugal, sobre essa expressão literária cairia o silêncio dos séculos. Na obra do erudito Xesús Ferro Couselo A fala dos devanceiros, a quem há um ano se lhe dedicava a celebração das letras galegas, vamos vendo como se apaga o galego e se impõe o castelhano nos arquejos da Idade Média. / Os Reis Católicos, tal como foi normal em toda a Europa, consolidaram e centralizaram o seu Estado e fizeram todo o possível por diminuir as diferenças. Assim, aquela língua romance que atingira níveis poéticos indiscutíveis passou a ser dentro de Espanha somente uma fala familiar e popular sem presença da escrita; portanto, não teve uma presença no colossal aparelho chamado a Era de Gutemnberg. / Ainda nestas adversas circunstâncias a língua galega continua viva, na boca de um povo repovoador e emigrante que, do Renascimento geral na Europa ao Rexurdimento cultural próprio, não são alheias à política, indústria e comercio, já que o progresso consiste na conjugação de todos estes aspectos. / Citar-lhes-ei nada mais que dois exemplares desta comunhão: no campo linguístico, um concurso; e no filosófico, uns encontros. O concurso de narrativa do Eixo Atlântico, recentemente atribuído a um português bracarense de deliciosa prosa. Os encontros filosóficos luso-brasileiro-galaicos, que se celebram sobre a saudade, aprofundam cada vez mais neste sentimento comum. / Num futuro no qual a tecnologia converte todas as manifestações culturais em virtualidade imediata, a Galícia quer continuar a ser o que sempre foi na irmandade dos povos que nós expressamos à nossa maneira: uma ponte em direção àquilo que estão a fazer os romances ibéricos; e mesmo com respeito às outras línguas românicas as quais compartilham história conosco. / Sem renunciar ao que nos é próprio e identificador queremos participar cada vez mais naquilo que nos une à comunidade lusófona do mundo. / Correndo os tempos que correm, é dever de todos os membros deste tronco cultural insistir nas mais recentes formas de expressão e comunicação. O alfanumérico, o impresso hoje no livro cede hoje lugar ao icônico-sônico, ao audiovisual que se exibe de tão diferentes modos: sobre disco óptico ou em servidor de rede telemática. / Nas nossas mãos está o futuro, já imediato: e a sugestão que proponho, se me permitem, aqui e agora, é a de impulsarmos a relação consanguínea de umas literaturas mutuamente inteligíveis, com o objetivo de conhecer-nos melhor e irmos preparando uma nova etapa histórica comum, de descoberta e presença cooperativa na Aldeia Global. / A proposta já conhecida é o trabalho comum. O reto está nos novos meios que respeitam a personalidade de cada povo de modo a que todos façam uma autêntica contribuição ao objetivo comum, que é o melhor entendimento entre os povos. / Tenho dito. // Falou a seguir o Primeiro Ministro de Portugal, Engenheiro António Guterres: Constitui para mim um grato privilégio e para o meu país um significativo gesto de fraternidade que o Primeiro-Ministro de Portugal tenha sido convidado a tomar parte nesta cerimônia oficial das comemorações do centenário da primeira sessão da Academia Brasileira de Letras. / Quando Machado de Assis, seu primeiro Presidente, definia o objetivo central da Academia como sendo o de "conservar, no meio da federação política, a unidade literária", esse princípio não se reduzia de modo algum à dimensão estrita do espaço nacional brasileiro. / Numa visão lúcida e generosa, que de algum modo prefigurava tantas das nossas preocupações atuais de reforço do espaço lusófono, visava já claramente, a uma dimensão de partilha e de construção conjunta permanentes do património linguístico e cultural luso-brasileiro. / Assim se compreendem, designadamente, a reserva estatuária de metade dos lugares de Sócio Correspondente da nova instituição a cidadãos portugueses, a própria realização de tantas das suas sessões iniciais no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e as relações fraternas sempre mantidas com a comunidade portuguesa do Rio, bem simbolizadas pelo legado póstumo do editor e livreiro português Francisco Alves de Oliveira, em 1918. / Quando observamos, de resto, as circunstâncias da criação da Academia Brasileira de Letras, o primeiro aspecto que dela ressalta é o da profunda atualidade das preocupações éticas e cívicas que nortearam os seus fundadores. / Eram todos eles - é verdade - figuras de relevo da vida institucional brasileira, homens de sabedoria e erudição, consagrados na criação literária e na reflexão e investigação das ciências sociais e humanas, expoentes máximos das correntes estéticas e científicas do seu tempo. / Mas eram também, antes de mais, espíritos críticos, que viam na liberdade de pensamento e no debate de ideias, condições essenciais para o progresso social e para a construção da cidadania democrática. / Atestam-no bem o retrato social atento e por vezes impiedoso desse mestre da língua portuguesa que foi Machado de Assis, primeiro Presidente; o combate anti-esclavagista tenaz de Joaquim Nabuco, primeiro Secretário-Geral; a partilha militante dessas mesmas convicções abolicionistas pelo segundo Presidente, Rui Barbosa, no quadro da sua luta pelas liberdades fundamentais do sufrágio direto e da liberdade de culto; o arranque de uma nova literatura naturalista pela pena de Inglês de Sousa e de Aloísio de Azevedo, prenhe de preocupações de crítica de costumes e de denúncia do racismo e da exclusão; a ironia ousada de um Medeiros e Albuquerque; a própria construção de uma crítica literária inovadora, entre a reflexão estética de José Verissimo e as preocupações de enquadramento sociológico e antropológico de Sílvio Romero. / Obra de uma tão notável geração de homens livres, a Academia Brasileira de Letras não poderia deixar de constituir, até hoje, um espaço privilegiado de afirmação da liberdade. / O estudo e a defesa da língua portuguesa têm sido, naturalmente, o centro da atividade da Academia, e neste âmbito deve sublinhar-se o fato de essa atividade ter sido marcada menos pela componente puramente normativa do que por um investimento constante no estudo da própria língua, em si mesma, da sua evolução natural, das suas transformações constantes, da riqueza da sua diversidade interna, do seu enriquecimento permanente como corpo vivo em cujo seio tradição e mudança, patrimônio e criação são inseparáveis. / É com grande entusiasmo que hoje acompanhamos a fase final de preparação do futuro "Dicionário geral da língua portuguesa", obra monumental da responsabilidade do último Presidente desta Casa, Embaixador Antônio Houaiss. Acreditamos, por outro lado, que, uma vez ultrapassadas todas as etapas de um processo de aprovação naturalmente complexo e moroso, o Acordo ortográfico, pelo qual tanto se bateram personalidades distintas como o Embaixador Houaiss e o nosso saudoso Prof. Luís Lindley Cintra virá a constituir um instrumento da maior importância para a plena afirmação integrada de um mercado editorial lusófono, tanto, no plano bibliográfico como no domínio emergente das novas tecnologias multimídia. / Somos duzentos milhões de homens e mulheres que falam português no mundo. A língua é, pois, tanto um capital comum que nos agrega como o veículo de afirmação do mosaico de identidades culturais diversificadas em que nos agrupamos no seu seio. / É esse, aliás, o sinal mais evidente da grandeza do português: o fato de ao mesmo tempo nos unir sem nos uniformizar e de nos distinguir sem nos separar; de nos deixar sermos nós próprios no contexto identitário em que cada um de nós se reconhece sem perdermos a noção do muito que nos liga aos outros contextos. / De nos permitir sermos, simultaneamente, em universos paralelos mas sempre interativos, a parte e o todo. / Por isso, a língua portuguesa está sempre em construção, neste diálogo constante entre a universalidade última da lusofonia e a especialidade de cada uso linguístico localizado, quer este seja de âmbito nacional ou regional, quer derive da própria diversidade sociocultural no seio de um mesmo país ou de uma mesma região. / Todos somos donos da nossa língua, todos a fazemos, dia a dia, e - porque somos homens e mulheres livres que em liberdade gostamos de comunicar entre nós na língua que nos une - todos a aprendemos, a cada momento, uns com os outros, construindo-lhe, ao mesmo tempo, a parte e o todo! A Academia Brasileira de Letras tem sabido ser um espaço nobre para esse diálogo criativo, a começar, naturalmente, pelo âmbito nacional, reunindo em si um leque representativo de setores muito variados da realidade e do pensamento do Brasil. Portugal, por sua vez, viu aqui recebidos alguns dos maiores vultos da sua no último século. / Como seria de esperar, já que a geração de Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e José Veríssimo coincidiu aproximadamente na vida cultural portuguesa com a geração de 70, foram nomes grandes como os de Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro ou Teófilo Braga que marcaram a primeira presença portuguesa nesta Casa, também figuras exemplares da ligação entre o ato cultural e a construção da cidadania democrática. / Hoje, ainda na sombra da perda recente de Virgílio Ferreira e David Mourão-Ferreira, mestres da língua a cuja memória gostaria de aqui prestar sentida homenagem, essa presença é continuada por nomes ilustres como os de Adriano Moreira, Agustina Bessa-Luís, António Alçada Baptista, Joaquim Veríssimo Serrão, Luís Forjaz Trigueiros, Mário Soares - símbolo vivo da democracia portuguesa cuja participação nesta cerimônia tanto nos alegra - e Urbano Tavares Rodrigues. / Permitir-me-á V. Exa., Senhor Presidente, que Portugal se associe a estas comemorações do Primeiro Centenário da Academia Brasileira de Letras com um sentimento misto de admiração, gratidão e orgulho: admiração pela obra extraordinária que a Academia soube realizar ao longo de um século em prol da língua portuguesa e da cultura lusófona; gratidão pelo muito em que essa obra contribuiu, de forma direta e indireta, para o desenvolvimento da vida cultural do meu país; orgulho pelo contributo que os sócios correspondentes portugueses porventura tenham na medida da sua participação nos trabalhos, à prossecução dos objetivos e da missão desta Casa. / Gostaria de terminar curvando-me respeitosamente perante a memória de todos os Acadêmicos já desaparecidos, saudando na pessoa ilustre da senhora Presidente Nélida Piñon todos os atuais membros desta Instituição e expressando a minha confiança no papel fundamental que a Academia Brasileira de Letras, ao entrar no seu segundo século de atividade continuará certamente a assegurar na construção e estudo do patrimônio cultural lusófono, no Brasil como no mundo.!/ O Presidente da República Federativa do Brasil, Doutor Fernando Henrique Cardoso proferiu o discurso que se segue: Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro da República Portuguesa, António Guterres, Senhor Presidente Mário Soares, Senhor Governador do Estado Rio de Janeiro, Marcello Alencar, Senhora Presidente da Academia Brasileira de Letras, Acadêmica Nélida Piñon, Eminência Reverendíssima, Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Sales, Senhores chanceleres da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Senhor Presidente do Senado Federal, senador Antônio Carlos Magalhães, Senhores Ministros de Estado, Senhor Presidente da Junta de Galícia, Dom Manuel de Fraga, Senhores e Senhoras Acadêmicos, Senhoras e Senhores, / não fosse eu Presidente da República, devendo, institucionalmente, me pronunciar nesta comemoração da Academia, eu me teria calado. Depois do que disse a Presidente Nélida Piñon, não cabe outra palavra. Realmente, é com emoção que cumpro o meu dever e falo, mas pode ter certeza, Presidente Nélida Piñon, de que a sua conferência, aqui, marcou tão fortemente a todos nós, que o sinal de respeito seria o de voltar para as nossas casas ainda ouvindo os ecos de palavras tão fortes, tão corretas e, sobretudo, ditas de uma maneira que eu seria incapaz sequer de imitar. / Senhoras e senhores, toda instituição, toda boa instituição, tem algo de contraditório. Estabelece um marco de continuidade, de tradição, de permanência em assuntos humanos que são, pelo caráter histórico de nossa condição, sujeitos a constantes mudanças e transformações. Estabelece uma referência universal compartilhada por indivíduos ou grupos que são diferentes e únicos em sua particularidade. Essa tensão viva, essa permanência e historicidade, entre o universal e o particular, como já foi aqui assinalado, notadamente pelo Primeiro Ministro Guterres, é o que faz a riqueza de uma instituição, é o que lhe dá o seu significado humano e a relevância de seu papel na história dos povos. / É esta riqueza, e este significado humano que desejo homenagear nesta celebração do I Centenário da Academia Brasileira de Letras. Um país só pode aspirar à grandeza se souber valorizar suas instituições, muito especialmente aquelas que, como é o caso desta Academia, são consagradas ao alargamento da cultura e à preservação do idioma, elementos centrais da nacionalidade. / Nesses cem anos, como é óbvio, o Brasil mudou, e mudou muito. / Nossa experiência republicana, que em 1897 era ainda jovem de poucos anos, amadureceu, conheceu percalços e consolidou-se na prática democrática que hoje podemos considerar como uma conquista irreversível. Nossa economia, antes predominantemente agrícola, incorporou com êxito o desafio da industrialização, cresceu a taxas históricas altas, sofisticou-se, e hoje está apta para um novo ciclo de desenvolvimento e uma nova inserção internacional. Nossa sociedade se transformou, tomou-se mais diversificada, mais urbana, e recebeu o impacto das mudanças que marcaram tão profundamente nosso século, embora conservando, ao longo desses anos, uma hipoteca, ainda não resgatada, de justiça social, de exigência de maior equidade e melhores oportunidades para todos. / Muito poderíamos dizer e reiterar sobre essas mudanças, que sem dúvida fazem do Brasil de hoje um país muito diferente do de 1897. No transcurso deste século de transformações, contudo, há também aquilo que permanece e que faz com que o país diferente de hoje seja, em um sentido muito importante, o mesmo Brasil. / Não poucas vezes os historiadores, sociólogos, escritores, enfim todos os que se dedicam às coisas do espírito se fascinaram com essa capacidade que têm os povos de inovar, de arriscar-se em regiões antes desconhecidas, mantendo, ao mesmo tempo, a sua identidade e seu vínculo com a tradição. Essa fascinação é, talvez, ainda maior em um país com as dimensões e as diferenças regionais do nosso, onde a passagem do tempo poderia favorecer uma acentuação da diversidade, sobretudo em épocas que não contavam com a facilidade de transportes e de comunicações de que dispomos hoje. / A identidade de um povo, a marca própria que torna única e insubstituível a sua experiência coletiva, está enraizada em seu idioma e nas formas mais enriquecedoras de sua utilização na cultura - formas que são tão apropriadamente designadas pela expressão "letras", de enganosa simplicidade. A relação estreita com a cultura da língua portuguesa e com as nossas "letras" é o que faz o segredo da relevância desta Academia como instituição. / Porque a língua - em verdade ela própria uma instituição, ou, antes, a matriz fundamental de todas as instituições - revela em seu modo de ser um modelo mais acabado daquela dialética de mudança e permanência, de universalidade e particularidade. Como língua viva, responde, necessariamente, às mudanças de seu tempo, incorpora novas palavras, novos contornos de frase, novas formas de expressão, preservando, contudo, uma estrutura básica que é, no sentido mais próprio do termo, tradicional, produto de uma transmissão de gerações anteriores. / Responde, também, e é bom que o faça, às peculiaridades regionais, adaptando-se a elas, sem perder a referência unificadora das normas que asseguram a comunicação. / A Academia Brasileira de Letras é, de certa forma, um símbolo desse processo cultural e institucional. Em sua permanência, que hoje celebramos, tem respondido, ela própria, às transformações do século, não somente no tratamento dos assuntos relativos a idioma mas, também, em seus próprios procedimentos internos. / O fato de que seja hoje presidida por uma mulher - e uma mulher brilhante, como a nossa querida Nélida Piñon - é a melhor demonstração de que, ancorada em uma sólida tradição, esta é uma instituição viva, capaz de adaptar-se e melhorar com as lições do tempo, como devem fazer todas as boas instituições. / Em seu discurso de abertura, na sessão inaugural desta Academia, há exatamente cem anos, Machado de Assis, ao tomar posse como seu primeiro Presidente, mencionava a intenção de encontrar um equilíbrio entre estabilidade e progresso, como bem lembrou o Primeiro-Ministro Guterres, e de "conservar, diz ele, no meio da federação política, a unidade literária". Não por acaso o Primeiro-Ministro de Portugal e o Presidente do Brasil citam a mesma frase, porque ela tem uma força expressiva imensa, porque mostra a ligação íntima entre a língua e a unidade nacional, entre, pode-se assim dizer, a cidadania, a política e a cultura. / A federação era, naquele momento, uma novidade, um regime com o qual o país aprendia a conviver, redesenhando a sua identidade em contornos mais descentralizados, menos unitários que os do Segundo Reinado. / Hoje, a língua portuguesa continua a ser um fator crucial da unidade e da identidade nacional - identidade no espaço, que nos vincula de Roraima ao Rio Grande do Sul. Lá eles dizem "Roráima", eu digo "Rorâima". Esta diferença que há entre o falar de São Paulo e o falar de Roraima, de Fernando de Noronha ao Acre, e identidade no tempo que nos vincula, não apenas a Machado de Assis e aos homens e mulheres de 1897, mas às raízes históricas que compartilhamos. / E a perspectiva histórica nos leva, forçosamente, a transcender os limites da geografia e da política. A identidade do idioma não é exclusivamente nacional: é de todos aqueles que, onde quer que estejam, são herdeiros dessa mesma tradição de fala e escrita. / A presença, aqui, do Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, meu amigo António Guterres, do sempre Presidente do nosso coração, de Portugal e, simbolicamente, do Brasil, Mário Soares, e dos Excelentíssimos Chanceleres de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, de São Tomé e Príncipe, demonstra isso de forma eloquente. Mais do que isso, uma língua não perde a relação com as suas origens e com os parentescos que daí derivam, como bem o ilustra a participação, nesta cerimônia, do Excelentíssimo Presidente da Junta de Galícia, que aqui tão espontaneamente, ao falar, em galego, dava-nos a ilusão, a nós brasileiros, de que nós éramos, também, um pouquinho galegos. / Como Presidente da República, atribuo importância muito especial a tudo o que diz respeito à nossa língua. A construção e o fortalecimento da comunidade dos países de língua portuguesa - e é de justiça que se registre a contribuição essencial que deram, neste sentido, os Presidentes acadêmico José Sarney e Itamar Franco - é um aspecto importantíssimo da nossa política externa e de nossas relações com esses países amigos e irmãos, com os quais partilhamos um passado e, o que é igualmente importante, um futuro comum. / É imperativo que aprofundemos nosso intercâmbio cultural, que nos conheçamos mais e melhor. É desta forma que fortaleceremos o patrimônio que é de todos nós. / O cenário internacional de nossos dias fornece razões adicionais para isso. Vivemos um momento que se caracteriza pelo básico desse exercício e o acesso ao seu conhecimento, verbal e escrito, nunca deixará de ser importante para que a cidadania se realize de forma plena. Todo o esforço que fizermos pelo ensino da língua portuguesa será também um esforço para o fortalecimento das bases do nosso republicanismo. / Tudo isso, Senhora Presidente, evidencia a atualidade do papel da Academia Brasileira de Letras. Fiz questão de aceitar o honroso convite para comparecer a esta cerimônia, porque desejava manifestar-lhes o meu reconhecimento pela importância do trabalho da Academia e de seus membros, assim com a prioridade que atribuo aos temas relativos à educação. / Apresento-lhes, assim, à Senhora Presidente e aos senhores membros da Academia, os meus cumprimentos mais sinceros nesta data, que não é só da Academia, mas de todo o Brasil, e a expectativa de que esta instituição continue a ser a influência serena e positiva que tem sido na preservação e no fortalecimento da nossa cultura. / Muito obrigado! / O Presidente Fernando Henrique Cardoso declarou encerrada a sessão e transferiu a presidência à Acadêmica Nélida Piñon. Eu, Arnaldo Niskier, Secretário-Geral, lavrei a presente ata, que subscrevo e assino.

Arnaldo Niskier

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Sessão Solene - Centenário da ABL