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Artigos

  • Umas pedras no caminho

    O Globo, em 30/06/2022

    O caso de Pedro Guimarães, que não à toa era conhecido como “Pedro Maluco” no mercado financeiro, de onde veio para a equipe de Paulo Guedes para dirigir a Caixa Econômica Federal, é típico da política brasileira. Ela guarda surpresas a cada eleição presidencial. Recentemente tivemos o escândalo do mensalão, que deu ao então tucano Alckmin inacreditáveis 41% no primeiro turno contra Lula em 2006, e a morte trágica do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que poderia ter sido a surpresa da eleição de 2014, papel que Marina Silva assumiu em seu lugar para ser destroçada por uma campanha sórdida dos dois principais concorrentes, a petista Dilma e o tucano Aécio.

  • Uma volta ao passado

    O Globo, em 28/06/2022

    Há um quê de paradoxal nas atitudes do presidente Jair Bolsonaro em busca dos votos que lhe faltam para ser reeleito. Está criando uma crise econômica e institucional que tornará ingovernável o país que pretende manter sob seu controle. Parece até que a intenção inconsciente é quebrar o Brasil caso tenha de entregar a faixa presidencial a um sucessor. Figura de linguagem, claro, porque tudo indica que Bolsonaro não entregará a faixa a ninguém, como fez o general João Figueiredo, muito menos ao ex-presidente Lula.

  • Gambiarra jurídica

    O Globo, em 26/06/2022

    O semipresidencialismo voltou à cena de maneira sutil ao ter o ex-presidente Michel Temer o defendido em uma live durante o simpósio da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa sobre as perspectivas futuras das relações Brasil-Portugal na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. Sempre que pode, Temer faz essa defesa, como solução para as permanentes crises provocadas por nosso regime, que tinha características de hiperpresidencialismo e, no governo Bolsonaro, passou a ser  uma espécie de “parlamentarismo venal”, na definição de um dos participantes do seminário, referindo-se ao fato de que não há projetos nas alianças partidárias, apenas interesses fisiológicos.

  • Pego com a boca na botija

    O Globo, em 24/06/2022

    A interferência do presidente Bolsonaro nos órgãos de fiscalização do governo fica cada vez mais clara à medida que os fatos vão se desenrolando. É provável que esta última, no caso da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, passe em branco graças à extrema boa vontade com que o procurador-Geral da República Augusto Aras trata as questões ligadas ao presidente. Mas está evidente que Bolsonaro teve informações privilegiadas através do ministro da Justiça Anderson Torres, a quem a Polícia Federal é subordinada funcionalmente mas, vê-se agora, não a controla.

  • Todo chamuscado

    O Globo, em 23/06/2022

    A falação sem controle do presidente Bolsonaro sobre qualquer assunto acaba levando-o a situações delicadas como esta, envolvendo a prisão do ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, e de vários pastores acusados de golpes no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

  • A sombra do golpe

    O Globo, em 21/06/2022

    A relação tensa entre o Judiciário e o Executivo, este auxiliado pelo Legislativo, e as investidas do governo contra a Petrobras, criando um clima de insegurança jurídica para os investidores e um ambiente de tensão na campanha eleitoral que coloca em risco a economia já abalada, fazem com que a tentativa de um golpe de Estado caso o vencedor da eleição presidencial de outubro não venha a ser o presidente Bolsonaro seja considerada uma possibilidade concreta por nada menos que 23% dos 325 executivos, políticos, gestores, acadêmicos e especialistas dos setores privado, público e do terceiro setor de todo o país ouvidos na primeira quinzena de junho pela Macroplan, consultoria especializada em estratégia e análises prospectivas, sob a coordenação do economista Claudio Porto.

  • Os militares na política

    O Globo, em 19/06/2022

    A crise institucional que se prenuncia com a disputa entre as Forças Armadas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em torno das urnas eletrônicas, e do Supremo Tribunal Federal (STF) é o tema central de artigos da edição recente da Revista Insight Inteligência. O de Christian Lynch, professor de Pensamento Político Brasileiro do IESP - UERJ analisa o espectro do poder moderador no debate político republicano, disputado hoje pelos militares e judiciário. O outro, de Wallace da Silva Mello, professor da UENF, discute as influências do intervencionismo militar em nossa história: positivismo, autoritarismo e culturalismo conservador.

  • Os sem-noção

    O Globo, em 16/06/2022

    O sucesso subiu à cabeça dos congressistas, especialmente dos deputados federais. Sucesso do ponto de vista deles, não dos cidadãos, fique bem claro. O ápice dessa “vitória” foram os fundos eleitoral e partidário, que encheram as burras dos partidos, e o orçamento secreto, que privilegiou aliados fiéis do bolsonarismo. Há um ditado latino que diz: “Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir”.

  • Empatia seletiva

    O Globo, em 14/06/2022

    O senso de empatia do presidente Bolsonaro somente se revela quando um dos seus é atingido, como quando tomou um avião para ir ao Rio para o enterro de um paraquedista ou quando, por meio das redes sociais, lamentou a morte de Marília Mendonça, a rainha do feminejo, a música sertaneja por mulheres, ou do MC Reaça, assassinado. As mortes dos ícones da música brasileira João Gilberto ou Elza Soares não mereceram do presidente um tuíte.

  • No avesso do avesso

    O Globo, em 12/06/2022

    A participação de militares no governo Bolsonaro começou com a presunção de muitos de que eles conseguiriam controlar seus ímpetos autoritários, enquanto a escolha de Paulo Guedes para o superministério da Economia indicaria um governo liberal. A escolha de Sergio Moro, também para um Ministério da Justiça fortalecido na sua estrutura com órgãos de fiscalização como o Coaf, indicaria o combate à corrupção de maneira organizada.

  • Farol baixo

    O Globo, em 09/06/2022

    A lanterna na popa' é o título do excelente livro de memórias escrito pelo ex-ministro e embaixador Roberto Campos, editado pela Topbooks em 1994. Tem a ver justamente com a visão do passado aos olhos do presente. A metáfora, desse modo, é virtuosa. A proposta de programa divulgada nestes dias pelo PT está baseada na versão perniciosa da lanterna na popa. Tenta voltar a um passado de glórias e se esquece do futuro.

  • O populismo, de novo

    O Globo, em 05/06/2022

    Mais uma vez o país está às voltas com a disputa entre populistas para a escolha do próximo presidente da República, como acontece desde a redemocratização. Antes, já tivéramos populistas históricos como Getulio Vargas, Jânio Quadros, Jango, Juscelino. De 1989 para cá, só os populistas foram eleitos: Collor, populista de direita, que disputou com outros dois populistas de esquerda, Lula e Brizola; o próprio Lula, Dilma, e depois Bolsonaro.

  • Questão de prioridades

    O Globo, em 02/06/2022

    Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou que “apertaria” o governo federal para que adotasse uma política de subsídio a fim de tentar reduzir o preço dos combustíveis ao consumidor final, estava dado o sinal de que as prioridades de deputados, e certamente senadores, às vésperas das eleições de outubro são relacionadas a atos populistas que nada têm a ver com políticas públicas ou programas de governo.

  • Machadiano

    O Globo, em 31/05/2022

    À falta de coisa melhor na política, num momento em que a radicalização leva a situações surreais no país, dedico este espaço a um encontro acontecido no leito de morte de Machado de Assis em sua casa no Cosme Velho, que não existe mais pela incúria de nossa política cultural. Um encontro entre um jovem estudante, que se tornaria importante figura da política nacional, e o maior escritor brasileiro.

  • A favor da ciência

    O Globo, em 29/05/2022

    A posse do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho na Academia Brasileira de Letras, “um médico que trabalha pela vida” em sua própria definição, transformou-se em defesa calorosa da ciência, e numa tomada de posição institucional “a favor das pesquisas científicas, das vacinas e das artes”. A posse de Niemeyer deu sequência a uma tradição da ABL, que já teve em seus quadros nomes como Miguel Couto, Carlos Chagas Filho e Ivo Pitangui, entre outros.