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Voz e emoções

 

Depressão é um dos problemas mais frequentes em nossos tempos, afetando cerca de 6% das pessoas, sobretudo as mulheres, 20% das quais enfrentarão ao menos um episódio depressivo em suas vidas. O diagnóstico em geral não é difícil e se baseia nos sintomas relatados pela pessoa, que se sente triste, perde o prazer pelas coisa da vida, pode experimentar insônia ou sonolência.


Mas às vezes a depressão se apresenta mascarada por outros sintomas, situação que exige do médico argúcia e habilidade: é preciso valorizar detalhes que podem levar ao diagnóstico da situação. Nesse sentido, é muito interessante o trabalho desenvolvido por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos. Vocês perguntarão: o que tem a ver um instituto de tecnologia com depressão? Resposta: tem muito a ver.


Esses pesquisadores criaram um software destinado a fornecer elementos para o diagnóstico da depressão mediante análise da voz. Isto mesmo, da voz. Há muito tempo, sabe-se que a pessoa deprimida fala de maneira peculiar. A fala é lenta, a voz é baixa e monocórdica. Esses característicos correspondem à própria vivência depressiva. É uma vida lenta, é uma vida down, na fossa, e é uma vida caracterizada por um crônico, uniforme e terrivelmente monótono sofrimento.


Falar nos põe em contato com o mundo, um contato que é absolutamente vital do ponto de vista de nosso equilíbrio emocional, e mais, serve para transmitir também nossas emoções. Um estudo feito por pesquisadores americanos mostrou que o tom da voz pode ativar, na pessoa que escuta, diferentes regiões cerebrais; assim, uma voz “alegre” ativa a amígdala, que é um conhecido centro das emoções.


A técnica conhecida como análise das emoções na fala utiliza vários recursos adicionais para avaliar esse componente emocional: por exemplo, a raiva produz alterações na respiração que podem ser percebidas pelo interlocutor. Para avaliar com mais precisão, existem métodos acústicos com softwares específicos. E, claro, essas coisas resultam em conclusões práticas: existem hoje treinamentos para palestrantes, ensinando-os a modular o tom de voz de maneira a “conquistar” seu público.

 

É bom que a pessoa deprimida se dê conta desses fatos. Assim como a postura corporal (cabeça erguida, tronco ereto) pode nos dar mais confiança e dignidade, o tom de nossa voz permite uma melhor expressão de nossas emoções, uma melhor comunicação – e, portanto, colabora para o nosso bem-estar psicológico. Ouçamos a nossa voz: ela tem muito a nos dizer.

 


Zero Hora (RS), 23/10/2010