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Voto de Fux foi absurdo

 

O voto do ministro Luiz Fux foi surpreendente e meio absurdo, diante de todas as provas que se colheu. Condenar tenente-coronel Mauro Cid e o general Braga Netto por golpe de Estado e livrar Bolsonaro não se pode atribuir a uma ingenuidade. Fux não é ingênuo, tem muitos anos de carreira jurídica - um ingênuo não chega aonde ele chegou. É surpreendente que ele possa ter montado o que nem a defesa de Bolsonaro tentou - sugerir que estava sendo montado um golpe à revelia de Bolsonaro.

É inacreditável o que ele fez, e não dá para explicar num primeiro momento. Acredito que a intenção dele no início, com voto divergente, era para marcar posição e permitir que o julgamento seja revisto mais adiante.

Acha inconcebível este julgamento no STF, e o considerou nulo. É uma posição. Mas inventar um golpe de Estado à revelia de Bolsonaro, esquecer tudo o que ele fez durante os quatro anos do mandato, toda a retórica que possibilitou todos os atos cometidos até 8 de janeiro é inconcebível.

Hoje teremos a resposta dos demais ministros. Tenho a impressão de que Alexandre de Moraes vai falar e Carmen Lucia vai responder quando fizer seu voto.

Outra grande surpresa será o voto do presidente da primeira turma, Cristiano Zanin, que teve sucesso no processo de Lula com a insistência de que a jurisprudência estava errada, conseguindo anular o julgamento. Não sabemos qual será a reação dele. Mas o voto de Fux vai entrar para a história como uma incoerência total, diante dos fatos revelados e da atitude dele, tendo até condenou as pessoas por golpe de Estado nos primeiros julgamentos. Foi uma surpresa negativa.

O Globo, 11/09/2025