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Valores para mudanças

 

O documento que o PSDB lança hoje, como ponto de partida para a elaboração do programa de governo que apresentará à sociedade no começo do próximo ano para lastrear a candidatura do senador Aécio Neves à presidência da República, parte do princípio de que “há um sentimento de inquietação e frustração comum a todos. Há um sonho e um desejo de mudança comum a muitos brasileiros”.

O PSDB acredita que, ao contrário de 2010, quando o sentimento predominante no país era o de continuidade, hoje há uma vontade de mudança que permite vislumbrar uma possibilidade maior de vitória para a oposição. Por isso Aécio Neves vem dizendo que quem chegar ao segundo turno contra a presidente Dilma tem grande chance de ganhar a eleição presidencial. Os movimentos de aproximação com o governador Eduardo Campos, o outro candidato oposicionista bem posicionado nas pesquisas, têm o objetivo principal de criar um ambiente de união entre as oposições, que nunca houve nas eleições anteriores em que o PT venceu, sempre no segundo turno, mas deixando um patrimônio eleitoral considerável para a oposição, entre 40% e 43% dos votos, fosse candidato Serra ou Alckmin.

Considerando que o PSDB é um partido mais abrangente do que o PSB, com mais tradição de oposição, Aécio acredita que será ele o candidato a estar no segundo turno, e pretende agregar ao eleitorado oposicionista os eleitores que, não sendo cativos do PT, acabam votando no candidato petista por falta de opções.
Com o documento que apresentará hoje, o PSDB pretende começar a discutir os valores em que se fundamenta a candidatura de Aécio Neves, “valores que vêm sendo aviltados no país nos últimos anos”. A crítica a um ambiente econômico “fechado em ideologias” tem como objeto a intervenção estatal, e propõe “um ambiente econômico estável, competitivo e sustentável, (...) livre de dogmas do passado que não funcionam mais”.

Para evitar a acusação de ser liberal, ou neoliberal, o documento dos tucanos defende “uma visão social libertadora, que defende a atuação do Estado na proteção e na garantia dos direitos de cada cidadão, acredita na força transformadora de cada pessoa e na obrigação dos governos de criar condições para que ela floresça”. A definição do papel do Estado de assegurar “melhor ambiente para o investimento e o desenvolvimento” e garantia de igualdade de oportunidades é clara, para garantir a confiança “na sociedade que construímos, no ambiente em que vivemos e produzimos”.

Para restabelecer a confiança da sociedade no Estado, o PSDB anuncia seu “compromisso com o combate intransigente à corrupção, com a democracia, com a restauração da ética, com o respeito às instituições, com a recuperação da credibilidade perdida e com a construção de um ambiente econômico adequado para o desenvolvimento do país”.

A eficiência do estado a serviço dos cidadãos é um compromisso do documento que tem a ver com as manifestações populares de junho, reconhecidas como expressões legítimas dos “direitos dos cidadãos”. O poder público, dirá o documento, deve estar integralmente a serviço de todos os brasileiros, por meio de ações eficientes em segurança, transporte público, saúde e, em especial, educação.

A defesa da gestão pública eficiente, uma das principais bandeiras da candidatura tucana em 2014, está assumida no documento, que diz que “só um Estado eficiente, justo e transparente é capaz de perseguir estes objetivos, devolvendo em forma de melhores serviços o que os cidadãos recolhem em tributos”.

Ao falar da prosperidade, um dos valores básicos juntamente com confiança e cidadania, o documento do PSDB dá sua definição sobre a política de desenvolvimento que pretende adotar: “(...) o bem-estar das famílias brasileiras deve ser o principal objetivo de uma política de desenvolvimento”.

O documento define uma visão social com objetivo de “resgatar a enorme dívida social que o país ainda tem com milhões de cidadãos e garantir às novas gerações as condições para viver num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido, onde riquezas que pertencem a todos estejam a serviço de todos”.

E não se esquece de que é preciso organizar um país “em que o conhecimento, a renda e as oportunidades sejam distribuídas com justiça”, ao mesmo tempo uma crítica ao modelo atual e um compromisso de futuro.

O Globo, 17/12/2013

O Globo, 17/12/2013