Ao afirmar que o país chegou muito perto de uma crise institucional, o presidente Bolsonaro quis dizer que esteve a ponto de dar posse a Alexandre Ramagem na diretoria da Polícia Federal, ou de enviar novamente a sua indicação. Ainda bem que desta vez ouviu os assessores e não fez essa afronta ao STF. Ele está confundindo as coisas, por ignorância ou de propósito, porque a Abin é um órgão da presidência, para dar informações ao presidente, e ali se pode nomear quem quiser, até um amigo. O que ele não pode é colocar na PF alguém com a intenção de interferir na instituição. A linha da decisão do ministro Alexandre de Moraes para barrar a indicação não foi a impessoalidade, e sim o desvio de função. Diante da denúncia do ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tentou diversas vezes interferir na PF, e da decisão de demitir o diretor Mauricio Valeixo contra a vontade do então ministro, ficou caracterizada a interferência.