Constrangimento no chá de cozinha de Raffaela Bassi, noiva de Felipe Massa: a humorista Yonara Nascimento, contratada para animar a festa, mostrou um chocolate em formato de pênis durante a primeira das três esquetes programadas. Ao se trocar para a segunda, foi avisada de que não precisaria mais voltar.
"Foi constrangedor", diz Yonara. "Eu nem mesmo falei palavrão." Mônica Bergamo, Ilustrada, 14 de novembro
Desejamos saber o que provocou a revolta. Foi o pênis propriamente dito ou ele ser confeccionado com chocolate?
"NÓS, INTEGRANTES DO MGF, Movimento da Grandeza Fálica, vimos a público protestar contra a notícia segundo a qual a exibição de um chocolate em forma de pênis causou contrariedade entre as pessoas que assistiam a um esquete teatral.
Desejamos, antes de mais nada, saber o que provocou a revolta dessas pessoas. Foi o pênis propriamente dito, ou foi o fato de ele ser confeccionado com chocolate?
Se se trata desta última hipótese, podemos, até certo ponto, concordar com a interdição. Em primeiro lugar, e apesar de o chocolate ser um produto antigo -já era, como se sabe, apreciado pelos antigos astecas e maias, sob forma de beberagem- e apesar também de o chocolate ter sido, durante muito tempo, apregoado como afrodisíaco nas cortes européias (o que, de certa forma, contribui para a grandeza fálica que defendemos), reconhecemos que o produto não goza de unanimidade.
Muitas pessoas não apreciam o gosto e o cheiro do chocolate. Outros fazem restrição ao teor calórico: o chocolate poderia ser causa de obesidade. É verdade, por outro lado, que o chocolate tem propriedades antioxidantes, o que o tornaria recomendável para a saúde.
De qualquer maneira, admitimos a existência de uma polêmica na área e não queremos -repetimos, não queremos- associar a imagem fálica a polêmicas.
Agora, se a recusa diz respeito ao objeto em si, não podemos concordar com ela. Sabemos que a exibição fere suscetibilidades; sabemos de pessoas que falam de uma sociedade falocêntrica, onde tudo giraria em torno da superioridade fálica.
Mas não podemos, e não devemos, esquecer que o falo é um antigo objeto de culto. Culturas antigas homenageavam-no e também as modernas.
O que são, por exemplo, os obeliscos que muitas vezes encontramos em grandes capitais senão a representação do órgão sexual masculino? Mais: a imagem fálica inspirou a cultura e até a tecnologia. O que é o canhão antiaéreo, senão um óbvio símbolo fálico, triunfando sobre os inimigos?
De modo que os integrantes do MGF, após reunião extraordinária e após um debate que se prolongou por várias horas, optaram por expressar publicamente seu protesto.
Notem, porém, que estamos dispostos a uma atitude conciliadora. Se o problema é com o chocolate, sugerimos que o objeto usado no esquete seja feito de outra substância, nutritiva ou não. Mas insistimos em que o objeto seja usado no esquete. E se for o caso, lá compareceremos em sinal de apoio. Cantaremos nosso hino, "Falo erguido jamais será vencido", desfraldaremos nossa bandeira, e comeremos todo o chocolate que nos for oferecido. Pela vitória, até o fim!"
Folha de S. Paulo (SP) 19/11/2007