O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem feito um trabalho notável na investigação das condições de vida e de saúde de nossa população. Exemplo disso é a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, realizada em colaboração com o Ministério da Saúde. Foram entrevistados cerca de 60 mil jovens matriculados no último ano do Ensino Fundamental, com idade entre 13 e 15 anos.
Os resultados são preocupantes e devem ser mencionados nesta fase do ano em que aumenta muito o consumo de bebida alcoólica. Isto porque, revelou o estudo, mais de 70% dos jovens já consumiram álcool. Normal, dirá alguém, jovens gostam de experimentar de tudo. Acontece que não foi só uso ocasional: 22,1% dos entrevistados já tinham se embebedado. Outro dado alarmante: mais meninas (73,1%) do que garotos (69,5%) haviam tomado bebida alcoólica.
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O problema não é só esse. O problema é que o consumo de álcool encaixa-se num estilo de vida que está longe de ser saudável. Um em cada 10 jovens já experimentou maconha, cocaína ou crack (fica cada vez mais evidente o mérito da campanha antidroga da RBS). Um quarto dos entrevistados já havia fumado. Cerca de 20% deles haviam tido relação sexual sem preservativo, aumentando o risco das doenças e da gravidez não desejada. Quase 60% dos jovens são sedentários; metade comia rotineiramente coisas como batata frita, salgadinhos, balas, enquanto só 37% ingeriam frutas. Um terço dos alunos foi vítima de bullying, a violência física ou verbal.
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É claro que, nestas circunstâncias, cresce em importância o papel da escola no estímulo aos hábitos sadios. Mas antes da escola temos a família. Está na hora de os pais se darem conta de que, ao beberem, ao fumarem, ao não praticarem exercício físico, ao comprarem no súper alimentos calóricos e não nutritivos, ao usarem a violência estão se transformando em péssimos exemplos para os filhos. Por que um pai ou uma mãe não podem andar de bicicleta com o filho? Por que não podem caminhar com ele, aproveitando para conversar, para trocar ideias? O estudo IBGE/Ministério da Saúde é um alerta neste sentido. E um alerta calçado na irrecusável realidade dos números.
Zero Hora (RS), 2/1/2010