Treinado para pensar em termos de ciência, acredito em números (os indicadores de saúde, por exemplo) mas não exatamente em numerologia. Não acho que o destino das pessoas possa ser estabelecido a partir, por exemplo, do número de letras do próprio nome, o que leva muita gente a mudá-lo, adicionando ou subtraindo letras.
Racionalidade à parte, às vezes somos guiados pelo dito segundo o qual “yo no creo en brujas, pero que Ias hay, Ias hay” e nos surpreendemos escolhendo (ou rejeitando) tal ou qual número por um critério misterioso, para dizer o minimo. Confessemos: não nos sentimos muito confortáveis quando nos toca, num ônibus ou no avião, o assento número 13. Aliás, não por outra razão os pragmáticos americanos costumam escamotear o decimo terceiro andar dos prédios. Do 12 passam direto para o 14. O 13 fica relegado àquele obscuro território ocupado pelas fantasias criadas pela imaginação.
Agora, chegamos ao ano 2011. E, sobretudo esses dois últimos algarismos chamam nossa atenção. O 10, todos sabemos, é um número redondo, racional, perfeito, a base do sistema decimal, esse adotado com base nos dedos das mãos, a primeira calculadora do ser humano. A gente poderia imaginar o dez como um lógico, prudente e confortáve limite. O que faz o 11? Ele vai mais além. Dez não chega, ele diz, quero mais um. Em Santo Agostinho, encontraremos referências ao 11 como sendo uma expressão dos estandarte dos excessos humanos, o “brasão do pecado”, segundo o grande teólogo. Além do mais, no 11, há uma repetição de algarismos, e isto representa poderes especiais (por exemplo, o diabólico 666 é o “número da Besta”).
Com o que associamos o número 11? Com o 11 de setembro, obviamente, com o ataque às torres gêmeas. E aí uma série de coincidências foram assinaladas; assim, o nome da cidade, NewYork City, tem 11 letras e New York é o décimo primeiro estado americano; Afeganistão (reduto de fundamentalistas) também tem 11 letras, bem como o nome de George W. Bush, presidente à época. O primeiro avião a chocar-se contra o World Trade Center levava voo número 11. A bordo iam 92 passageiros; ora, 9+2 = 11. O outro avião levava a bordo 65 passageiros e 6+5 = 11. A data era o 11/9. Somando os numerais, temos: 1 + 1 +9 = 11. O 11 de setembro é o dia número 254 do ano: 2+5+4=11. A partir do 11 dessa data, sobram 111 dias até ao fim de um ano (se não for bissexto, claro). O número de vítimas nos aviões chegou a 254: 2+5+4 =11. E por fim uma informação que não tenho como checar: Nostradamus (11 letras) teria profetizado a destruição de Nova York na Centúria número 11 dos seus versos. Mais: o atentado terrorista em Madrid também aconteceu num dia 11, em março de 2004. E aí, 1+1+0+3+2+0+0+4 =11. Isto foi 911 dias depois da tragédia do WTC: 9+ 1 + 1 = 11.
Há um fato que poderia neutralizar esse clima depressivo e de mau agouro: o número de jogadores de um time de futebol. E futebol, sabemos, é alegria, é vibração. Mas não faltará alguém para lembrar que o nome Corinthians (time que não fez exatamente a alegria de seus torcedores no ano que passou) tem 11 letras e que foi fundado em 1910 (1+9+1+0 =11).
Por tudo isso, o melhor é mesmo voltar à velha racionalidade e concluir: não é difícil encontrar números que remetam ao 11. É só ter paciência e procurar coincidências. Mas, convenhamos, será que não temos coisa melhor a fazer no ano que entra?