É um mistério saber a razão pela qual certas coisas de repente se tornam moda, propagam-se rapidamente, são adotadas por milhões de pessoas e subitamente somem. Onde andam os bambolês, numa certa época verdadeira coqueluche entre crianças e adolescentes?
Sumiram, como, em grande parte, a coqueluche (mas esta graças à vacina; que se saiba, não surgiu nenhuma vacina anti-bambolê, nem haveria razão para isso). A disseminação destas novas modas se faz em grande parte graças aos mecanismos que estão por trás do chamado folclore urbano, a maneira inteiramente informal através da qual se propagam informações e rumores; atualmente tevê e internet ajudam muito neste sentido.
Agora, internet e tevê estão falando na pulseira holográfica. É uma pulseira comum, equipadas com pequenos hologramas, fotos que nos dão uma impressão tridimensional. Estes hologramas, assim promete a propaganda, melhoram o desempenho físico, evitam quedas, diminuem o estresse e até estimulam o desempenho sexual.
A moda começou com figuras famosas, Shaquille O’Neal, David Beckham, Cristiano Ronaldo e Robert De Niro; no Brasil, Neymar, Luciano Huck e Rubens Barrichello (que usa uma em cada pulso) já aderiram. Não é coisa barata; o preço anda por volta de R$ 150. E não há nenhuma prova de que os braceletes realmente tenham o poder apregoado; muito provavelmente o que funciona aí é o velho mecanismo da autossugestão.
Não é a primeira vez que pulseiras com poderes especiais são oferecidas à venda. Numa época elas eram feitas de cobre, sem hologramas, mas muita gente garantia que faziam bem à saúde, talvez por causa do metal, do qual são feitos os fios que conduzem a energia elétrica.
Existe aí também um simbolismo associado ao próprio objeto, a pulseira, ao lugar onde está colocado. No pulso podemos sentir os batimentos arteriais, prova de que estamos vivos. E é através do pulso que a energia das pulseiras mágicas penetrará no organismo.
Essa energia é um capítulo à parte. No fim do século dezoito um médico vienense chamado Franz Mesmer tornou-se imensamente popular (e ganhou muito dinheiro) com um tratamento capaz de conectar as pessoas ao magnetismo universal, energia ultra-poderosa.
Os pacientes sentavam-se em torno a uma espécie de banheira na qual havia um líquido e nela mergulhavam um bastão de metal, através do qual a energia do universo penetraria em seus corpos. Não poucas pessoas, inclusive de classe elevada (principalmente de classe elevada) davam fervorosos testemunhos de melhora de seus males; o rei Luís XIV, da França, era fã incondicional.
Com o tempo Mesmer foi desmascarado, mas nós ainda o lembramos por causa da palavra mesmerismo, que significa hipnotismo, este processo pelo qual as pessoas fazem coisas de maneira automática.
As pulseiras holográficas não irão longe. Mas podemos ter certeza de que serão substituídas por outro objeto capaz de nos dar instantaneamente energia e felicidade. A nossa credulidade e a nossa insegurança fazem a alegria dos fabricantes.
Mesmo aqueles que não endossam as ideias de Luciana Genro precisam admitir: coragem não falta à jovem política gaúcha que agora enfrenta um problema. Com a eleição de Tarso Genro, seu pai, Luciana não pode ser candidata, exceto à Presidência da República, situação irônica quando se considera sua expressiva votação nas últimas eleições:
foi a segunda candidata mais votada a deputado em Porto Alegre e a oitava no RS. Luciana quer ser vereadora em 2012 e lança uma campanha neste sentido, o que acontecerá na segunda feira, 6 de dezembro, na Faculdade de Direito da UFRGS, às 18h30.
Representantes de todos os partidos confirmaram presença além de políticos ilustres: Tarso, Fortunatti, Ana Amélia, Simon, Zambiasi. Parabens pela iniciativa, Luciana. O RS e o Brasil te apoiam.
Zero Hora (RS), 5/12/2010