Demência é um termo amplo que designa várias doenças afetando principalmente pessoas idosas, e manifestando-se por vários problemas, sobretudo a perda da memória e distúrbios de conduta. Em geral pensa-se logo na doença descrita pelo médico alemão Alois Alzheimer em 1906, e que é muito frequente (cerca de 30 milhões de pessoas no mundo), mas há outras formas de demência, por exemplo aquelas que resultam de problemas circulatórios no cérebro.
À medida que aumenta a expectativa de vida, e que mais pessoas chegam a idades avançadas, cresce também o problema representado pelas doenças e cresce a busca por métodos de tratamento e de prevenção, seja através de medicamentos, seja através de mudanças no estilo de vida da pessoa. Já se sabe, por exemplo, que o exercício físico protege contra a doença. Agora, um trabalho publicado no importante British Medical Journal (que tem uma edição em nosso país, a cargo da editora Artmed) dá uma contribuição importante neste sentido – tão importante que foi abordada em editorial da revista.
Trata-se de uma pesquisa realizada na Finlândia em que 1.449 pessoas com idades entre 65 e 79 anos foram acompanhadas por mais de duas décadas. Buscava-se correlacionar o surgimento da demência com a situação marital dessas pessoas. Pois bem, o risco de demência foi duas vezes maior nas pessoas não casadas.
A palavra-chave aí é casamento? Não. A palavra-chave, ou melhor dizendo, a expressão-chave é: morar juntos (coabitar, como diz o trabalho). E não é difícil deduzir a razão para isso. As pessoas que convivem mantêm um processo de troca de informações, de troca de opiniões, de trocas emocionais. E isto, para o cérebro, funciona como verdadeiro exercício, estimulando as conexões neuronais.
Esta informação é muito importante, inclusive no Brasil. Recentes dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que, de 1997 a 2008, a proporção de pessoas morando sozinhas cresceu, de 8,6% da população para 12% em 2008. Essas pessoas, sobretudo se idosas (e muitas o são), correm vários riscos e ressentem-se da falta de contato com outras pessoas. Lembrando o samba-canção de Lupicínio Rodrigues: “É melhor brigar juntos do que chorar separados”. Isto vale para a prevenção da demência.
A Notícia (SC), 5/10/2009