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A lógica dos micróbios

 

Em caricatura os micróbios são representados como diabinhos malvados ou como monstrinhos traiçoeiros prontos a nos sacanear. Mas isto é apenas antropomorfização da natureza, uma projeção, nos vírus e nas bactérias, da violência que seres humanos infelizmente conhecem tão bem. Os micróbios não são violentos; são seres vivos extremamente simples, que fazem o que é preciso para sobreviver. Micróbios previsivelmente infectam pessoas, animais, plantas porque a vida de muitas espécies é isso, infectar; se não infectam, morrem, o que também é previsível.


A infecção pode resultar em epidemia, ou seja, a ocorrência de casos de uma doença acima do esperado, este "esperado" resultando de cálculos estatísticos. Quando os micróbios encontram uma população suscetível, fazem a festa (mais uma expressão fantasiosa). Muitas pessoas terão a doença. Algumas morrerão, outras se curarão, mas de forma geral a imunidade desta população aumentará. Durante algum tempo, ou durante muito tempo, a doença não voltará. Depois, a imunidade começará a diminuir de novo - e aí, nova epidemia. Os intervalos podem até ser marcados no calendário.


Na epidemia de dengue no Rio, os responsáveis estão correndo atrás da máquina (ou do vírus), tentando conseguir médicos, medicamentos, leitos hospitalares. Fazem, e até com muita dedicação, o que qualquer um de nós faria nestas circunstâncias. A pergunta, portanto, não é se eles estão agindo certo: estão. A pergunta é: não poderia isto ter sido antecipado? Os surtos ocorrem a cada seis anos. O último foi em 2002. Logo...


Logo, o previsível não foi previsto. Pelo jeito não havia, em nenhuma gaveta, um documento intitulado "O que fazer na próxima epidemia de dengue". Não estamos falando, notem bem, de um plano B, dessas coisas que a gente faz quando o imprevisto acontece, simplesmente porque não se tratava de um imprevisto. Os micróbios agem de acordo com um plano prévio, embutido em seus genes. O mesmo deveria ser feito por governos, por administradores, por seres humanos em geral. Um pouco de lógica microbiana não nos faria mal.


O Dia Mundial da Saúde, ontem, foi comemorado e continua sendo comemorado com um grande evento sobre um tema mais que atual: mídia e saúde. A iniciativa é do Ministério da Saúde, através da Fundação Oswaldo Cruz, e do governo do Estado, através da Secretaria da Saúde, e, em especial, da Escola de Saúde Pública.


O Movimento dos Sem Neto, entidade sem fins lucrativos, despede-se do casal Luis Fernando e Lúcia, que, graças à Fernanda e ao Andrew, neste fim-de-semana se tornaram avós da Lucinda (olhem só: três vezes "Lu"). Eles agora pertencem à TAC, Tribo dos Avós Corujas, para a qual o MSN sempre olha com inveja.


Onde Está o Amor?", pergunta Nico Nicolaiewsky. Resposta: no antológico CD que ele acabou de gravar. Nico é um talentoso compositor e intérprete e o CD dá testemunho disso.


Zero Hora (RS) 8/4/2008