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Homens, mulheres e suas depressões

 

É um dado já antigo, constantemente repetido nos trabalhos sobre o tema: mulheres têm duas vezes mais chances de ficar deprimidas do que os homens. Cerca de 22% das mulheres e 12% dos homens terão, em suas vidas, um surto de depressão. A diferença entre os sexos aparece mais ou menos por volta dos 13 anos. Na infância, a depressão ocorre com freqüência semelhante em meninas e meninos (talvez um pouco mais freqüente nestes). Por outro lado, nas mulheres, a depressão ocorre mais durante os anos férteis.


Como explicar essa peculiar distribuição? Esse é um assunto que ainda se discute. Os hormônios são, claro, apontados como causa. Poderiam atuar no cérebro alterando a bioquímica deste e gerando um quadro depressivo. Também se fala em predisposição hereditária. E não há dúvida de que os fatores socioculturais desempenham um papel importante: a violência contra as mulheres, sob várias formas, desempenharia um papel importante, inclusive porque elas são mais sensíveis a essa violência do que os homens. Mulheres ganham menos que homens para fazer o mesmo trabalho. Mulheres abandonadas pelo homem muitas vezes têm de sustentar a família. Mulheres têm de compatibilizar o emprego com as obrigações domésticas. E as mulheres podem ter o que se chama depressão pós-parto, uma condição que ocorre em 10% dos nascimentos e que se manifesta por constante fadiga, tristeza mórbida, insônia, preocupação excessiva com o bebê (ou, ao contrário, rejeição).


Homens deprimidos têm mais ou menos os mesmos sintomas que mulheres deprimidas, mas neles a depressão pode ser mascarada pelo álcool, pelas drogas, pelo trabalho compulsivo. Homens deprimidos estão menos dispostos a buscar ajuda do que mulheres, dentro daquela clássica e equivocada idéia de que "homem não chora".


Pessoas deprimidas podem, sim, ser ajudadas. Hoje, dispomos de medicamentos poderosos contra a depressão, mas esse tratamento deve ter orientação médica, mesmo porque envolve alguns riscos. Mulheres grávidas devem ser esclarecidas quanto ao tipo de antidepressivo que podem usar para não prejudicar o bebê. Adotadas essas precauções nada impede que uma pessoa deprimida volte a ter uma vida inteiramente normal.


Zero Hora (RS) 29/3/2008