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Artigos

 
  • Da importância do diploma

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 04/04/2004

    O meu antigo moinho, na pequena aldeia dos Pirineus, tem uma fileira de árvores que o separa da fazenda ao lado. Outro dia, o vizinho apareceu: devia ter aproximadamente 70 anos. Volta e meia eu o via trabalhando com sua mulher na lavoura, e pensava que já era hora de descansarem.

  • Desestabilização e ladainha

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) eJornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 02/04/2004

    A história, além de mestra, passou a ser, hoje, uma vitrine onde se pode acompanhá-la em tempo real. A primeira sensação que tive de ver a história, estar dentro do redemoinho do acontecer, foi com minhas visitas à União Soviética em 1988 e à Rússia em 2000. O território era o mesmo, as pessoas também, os anos bem próximos, mas tudo mudara e estava mudando. Dez anos antes a moeda era o rublo com a efígie de Lênin, em 2000 era a águia bicéfala, símbolo dos Romanov, malditos e assassinados, agora redivivos. A bandeira da foice e do martelo cedera lugar à bandeira tricolor do império e Nicolau 2º, canonizado pela igreja ortodoxa, é, agora, venerado nos altares. Lênin encontrei em um sósia, tirando fotografias com turistas por US$ 5.

  • Poupando energias

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 01/04/2004

    Era imponente o tio Zé. Trabalhava a semana inteira, médico de clínica geral, dava três expedientes por dia. Pela manhã, o Hospital Miguel Couto, até o meio-dia. À tarde, o consultório particular em Botafogo, na rua Conde de Irajá, uma clientela miúda, mais para pobre do que para remediada. À noite, plantão numa Casa de Saúde da classe média, na Tijuca.

  • Furacão no Sul

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 01/04/2004

    Um dos nossos orgulhos infantis é de nunca termos tido furacões, tornados, marés desencadeadas com ondas gigantescas, e, mais do que tudo isso, não temos vulcões, ao menos não foi descoberto até hoje um vulcão extinto. É uma felicidade, dirão os otimistas, é de regozijar, dirão outros, menos otimistas, porem realistas. O certo é que o Brasil tem sido poupado, a não ser com o El Niño, que fez devastações em nosso território, atingindo, evidentemente, a economia do país.

  • Machado de Assis e a Selic

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 31/03/2004

    Qualquer relação entre Machado de Assis e a taxa de juros Selic pode parecer estranha, mas não é. Machadólogos, historiadores e economistas que me perdoem, mas pretendo demonstrar que o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras também pode ser chamado para dar sua opinião no debate sobre as taxas de juros hoje praticadas no Brasil.

  • O Lázaro paulista

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 31/03/2004

    Vivemos uma época maravilhosa. O único ressuscitado da história foi Lázaro, que era amigo de Jesus e recebeu a ordem: "Levante e ande!". O próprio Cristo ressuscitou, mas não conta, era mais Filho de Deus do que Filho do Homem.

  • O ir e vir

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 30/03/2004

    Uma das características da psicologia do povo brasileiro é a que ele se habituou com medidas, iniciativas, decisões do governo que não mudam nunca. É o que podemos denominar à portuguesa, um ir e vir sem fim, desses que servem de brinquedo às crianças. Está em jogo há muito tempo, desde a ascensão do presidente FHC, a reforma da CLT, a famosa Consolidação das Leis do Trabalho, assinada por Getúlio Vargas, elaborada que havia sido por Marcondes Filho e uma comissão.

  • Um povo mestiço

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 29/03/2004

    Temos um país privilegiado. E os brasileiros? Talvez a fusão das três valorosas, mas diferentes raças (o branco, o índio e o negro) responsáveis pela etnia brasileira justifique a grande diversidade existente entre nós. Com certeza somos um povo mestiço, como afirmou o escritor Sílvio Romero.

  • O celular

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 28/03/2004

    Antigamente, minha marginalidade se acentuava muito nas festinhas em que, segregados das mulheres, os homens se recolhiam num canto da casa e discutiam os terreninhos. Todo mundo tinha um terreninho, cujas características eram debatidas em minúcias, a começar pelos metros quadrados, noção que sempre me escapou e creio mesmo que só consegui passar no ginásio porque devia existir alguma quota secreta para itaparicanos de óculos. Era uma situação confrangedora, porque, já pai de família, ser o único entre os amigos a não ter um terreninho, nem que fosse a seiscentos quilômetros de qualquer lugar, deixava o sujeito coberto de opróbrio. A vida acabou me afastando da maioria desses amigos, mas a lembrança cruel de minha cara de sem-terreno, refletida dolorosamente no espelho, nunca vai embora.

  • Cônjuges e companheiros

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 27/03/2004

    Dentre os artigos da Constituição de 1988 merece especial destaque o de nº 226, que dispõe sobre a criação e as funções das entidades familiares.

  • De jaquetão e bigode

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) eJornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 26/03/2004

    É do presidente Castello Branco a afirmação de que nas revoluções se sabe como entrar e nada de como sair. De formação legalista, embora da geração dos tenentes, nunca participara de nenhuma das famosas revoluções do seu tempo, 22, 24, 30. Em 1964 foi o candidato dos civis revolucionários contra os duros reunidos em torno de Costa e Silva, expressão do pensamento dos quartéis. Desde o início a preocupação de Castello era de como sair; a outra ala, de como entrar. Repetia-se o que ocorreu na República entre Deodoro e Floriano. Castello justificava a revolução de 64 com o argumento de melhorar as instituições políticas, deterioradas pelo governo João Goulart. Costa e Silva, diferentemente, com a tropa, desejava passar tudo a limpo, com a bandeira castrense anticomunista.

  • Naquele tempo

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 25/03/2004

    Não me darei ao respeito de ir ao cinema ver a Paixão de Cristo segundo Mel Gibson. Tampouco vi outras versões anteriores, nem mesmo a superprodução de Zeffirelli, que tem a fama de ser a mais respeitosa e edulcorada. Considero os Evangelhos como peças literárias, um "auto pastoril", como queria Renan. Não se traduzem em imagens e muito menos em ação.

  • Por uma história comum

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 24/03/2004

    O meu antepassado que vivia no Maranhão, na metade do século 18, não ignorava que podia servir a seu rei em Salvador, Marvão, Luanda, Macau ou Goa. Sabia-se parte de uma comunidade que ultrapassava o que tinha por horizonte. Já nós, nos dias de hoje, mostramo-nos distraídos para o fato de ter sido o Brasil parte de um império, o que fazia com que nossas fronteiras não ficassem em nosso continente nem parassem no nosso litoral: iam, ao norte, até os Açores e o rio Minho, e a leste, até Macau.

  • A crise política

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 24/03/2004

    Estou incidindo no lugar comum, fato que não recomenda, não direi o jornalista, mas o acadêmico. Não há nada mais desabonador de um acadêmico do que usar e repetir lugares comuns, mas no jornalismo nem sempre é possível fugir deles, pois que estão ao alcance de qualquer comentarista e servem para denunciar momentos de faltas graves na condução dos negócios do Estado ou simplesmente negócios públicos, desses que tomam algum tempo dos responsáveis pela administração.