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Lula blindado?
À primeira vista, o ex-presidente Lula conseguiu o que queria com a decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF): algumas noites de sono tranqüilo sem receio de ser preso por determinação do Juiz Sérgio Moro.
À primeira vista, o ex-presidente Lula conseguiu o que queria com a decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF): algumas noites de sono tranqüilo sem receio de ser preso por determinação do Juiz Sérgio Moro.
Vamos ter uma nova Base Nacional Comum Curricular, fruto de obrigação constitucional. O MEC disfarça bem os seus objetivos, pedindo a contribuição democrática dos parceiros envolvidos no processo. Hoje, há mais de 10,3 milhões de sugestões. Muita bobagem tem sido proposta, a mais recente das quais a ideia de eliminar a literatura portuguesa dos currículos.
Além da retórica petista, que se desdobra em vários setores da sociedade tentando dar à minoria que apóia o governo (?) Dilma uma aparência de protagonismo político, na vida real as manobras para invalidar a decisão do ministro Gilmar Mendes de anular a posse de Lula no Gabinete Civil até agora foram infrutíferas.
Adolpho amava o Brasil. Amigo de artistas e políticos, notabilizou-se pela fraterna ligação com o ex-presidente Juscelino, de quem nada recebeu. Em virtude da cobertura dada a JK, sobretudo após a sua morte, foi muitas vezes ameaçado de retaliação Adolpho Bloch foi uma figura controvertida. Eram dele os maiores feitos da sua empresa, mas também algumas indelicadezas que o faziam temido por seus funcionários, cerca de 5 mil no auge da TV Manchete (década de 80).
O sub-procurador Geral da República, Eugênio Aragão, resolveu mostrar para Lula toda sua lealdade e, nomeado ministro da Justiça, desandou a falar contra a Operação Lava-Jato. Ameaçou afastar de investigações criminais delegados e agentes suspeitos de vazamento de informações sigilosas, e classificou de “extorsão” o método usado pelos procuradores para obterem as delações premiadas.
Poucas vezes foi tão dramática a busca de uma solução das muitas crises que abalaram o Brasil, entre elas, a proclamação da República, a Revolução de 30, as Intentonas de 35 e 38, sem esquecer os traumas que foram o golpe de 64 e o golpe de 68 (o AI-5).
As manifestações de ontem pelo país, notadamente a da Avenida Paulista em São Paulo, definiram bem os limites das forças em disputa. O petismo tem ainda uma base de apoio nada desprezível, mas que se torna insuficiente como instrumento político quando comparada à que foi às ruas no domingo passado em repúdio ao governo.
Caluniam-se adversários, promete-se qualquer coisa, varia-se de ‘paz e amor’a jararaca, conforme a necessidade.
Ouvindo os áudios e lendo as transcrições, me lembrei do recurso inventado pelo ‘Pasquim’ para driblar a censura e evitar inconveniências vocabulares.
Os países desenvolvidos sabem o que esperar dos seus jovens formandos. Eles não se diplomam ao deus-dará. Desde a educação infantil, os diversificados componentes curriculares originam-se de propostas adequadas, caracterizando-se por amplo entendimento horizontal e vertical. Quer dizer que há diálogo entre as matérias. Entre nós, infelizmente, isso não acontece.
O Lula que as gravações liberadas pela Operação Lava Jato revelam é um político autoritário, com uma visão nada republicana do país, que exige lealdade e gratidão daqueles que nomeou, e trata com desdém os adversários e as instituições públicas, e um homem sexista, que faz piadas de profundo mau gosto e referências grosseiras a militantes femininas de seu entorno.
A descoberta dos primeiros documentos com a conscrição e cadastro de jihadistas impacta por eles mostrarem o nível de profissionalização com que, hoje, se recrutam os possíveis combatentes do Isis.
A nomeação de Lula como ministro Chefe do Gabinete Civil de Dilma foi, além de um acinte aos milhões de brasileiros que foram às ruas no domingo em todo o país, foi uma tentativa de golpe para evitar que o ex-presidente viesse a ser preso pela Operação Lava-Jato, e de atrasar as investigações, pois todo o processo teria que ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República em Brasília e ficaria a cargo do Supremo Tribunal Federal, onde, sabe-se, o ritmo é mais lento inclusive devido à sobrecarga de trabalho.
A presidente Dilma, cujo único patrimônio era sua suposta honestidade, vai sendo tragada pela enxurrada de delações premiadas que a colocam no centro das atividades corruptas das administrações petistas, como não podia deixar de ser. Seria estranhável que tantas falcatruas e transações tenebrosas venham sendo praticadas há 13 anos sem que ela, e seu tutor Lula, nada soubessem.
A sensatez tinha prevalecido, até o momento em que os três promotores reuniram a imprensa para anunciar a decisão que foi criticada por seus próprios colegas e pela oposição.