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Assim, não vai ter o meu voto
Pelas circunstâncias que o levaram ao poder, Michel Temer, em lugar do tradicional crédito, começa com déficit de confiança.
Pelas circunstâncias que o levaram ao poder, Michel Temer, em lugar do tradicional crédito, começa com déficit de confiança.
A preocupação explicitada pelo presidente Michel Temer ontem, na sua primeira manifestação pública depois de investido no cargo, foi com os parlamentares, não sem razão. No curto prazo, ele precisará de apoio congressual para desmontar bombas deixadas pelo caminho pela administração afastada, aprovar medidas imediatas, como a mudança da meta fiscal ou a DRU, e também as reformas delicadas que pretende encaminhar para discussão.
Desde que entrei para a Academia Brasileira de Letras, em março de 1984, o Austregésilo de Athayde, então diretor do Jornal do Commercio, me ofereceu uma coluna às sextas-feiras. Aproveitei tudo o que pude.
Temer desfruta de um inédito apoio midiático, acompanhado pelo concurso financeiro de todos os setores produtivos
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de dezembro de 2006, considerando as cláusulas de barreira inconstitucionais, por supostamente impedir a pluralidade partidária e, por isso, serem maléficas à democracia, foi o que impediu a reorganização partidária no país. Hoje temos nada menos que 35 partidos em atividade, sendo que 25 com representação no Congresso.
A decisão do provável futuro presidente da Republica Michel Temer de retomar o plano inicial de redução do tamanho do Estado, começando pelo corte simbólico de 10 ministérios, e incluindo o anúncio de redução de cargos em comissão logo no seu primeiro pronunciamento, é uma boa novidade nesse nosso presidencialismo de coalizão tão deturpado.
O imprevisível e a velocidade com que o cenário político se mexe, às vezes para não sair do lugar, desorientam o observador.
A sensação, ao final do dia, foi a de que escapamos de mais uma armadilha montada para tentar, pelo menos, adiar a consumação do impeachment da presidente Dilma. Mas é inevitável, também, ficar um travo diante do que a presidente chamou de “manhas e artimanhas” que se desenrolaram, numa definição estranhamente clara sobre o que acontecia nos bastidores da política, em que ela atuou decisivamente nos últimas horas.
Os estudos sobre o marranismo têm despertado grande interesse. As pesquisas sobre inquisição, cristãos-novos (marranos) e criptojudaísmo no período colonial apresentam um quadro do fenômeno que perdurou quase trezentos anos, marcando a mentalidade brasileira. Desde o século 17 encontramos cristãos-novos entre os desbravadores e formadores do território nacional.
Não concordo com a ideia de uma ditadura do Judiciário. Devemos respeitar os ministros do Supremo Tribunal Federal, são homens dignos e cultos, mas nem sempre independentes das arapucas políticas.
A honestidade da presidente Dilma é o argumento mais usado contra o impeachment, e tornou-se comum a imagem de uma mulher honesta sendo sacrificada por um bando de políticos corruptos, a começar por Eduardo Cunha. Essa tese equivocada é apenas aparentemente correta, pois o impeachment não é um instrumento para punir apenas quem roubou dinheiro público em benefício próprio, mas uma penalidade administrativa para o dirigente que descumpriu a lei brasileira, no caso da presidente Dilma a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Tenho dito aqui que o tipo de governo que se instalou no Brasil e em alguns países latino-americanos –como Argentina, Venezuela, Bolívia e Equador– é uma espécie de populismo de esquerda, que de esquerda não tem nada. Tenho dito também que esse populismo –apelidado por Hugo Chávez de socialismo bolivariano– nasceu como uma alternativa ao regime de tipo soviético, que se esgotou e findou na década de 1980.
Cunha perdeu o poder formal, mas não aquele que exerce à sombra, devido a uma riqueza acumulada durante anos: um precioso banco de dados
Mais uma vez, na sessão de ontem que por 15 a 5 decidiu pela admissibilidade do processo de impeachment, os aliados do governo insistiram na anulação do processo, aproveitando a decisão do Supremo Tribunal Federal de afastamento de Eduardo Cunha de suas funções como deputado federal e presidente da Câmara por abuso de poder e desvio de finalidade.
“Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay”. Nunca o ditado galego serviu tanto quanto ontem, em meio ao afastamento de Eduardo Cunha de seu mandato de deputado federal e, em consequência, da presidência da Câmara dos Deputados.