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Exercícios para o corpo, exercícios para o cérebro

 

Nos últimos anos, ficou claro que, para evitar os problemas da doença de Alzheimer e de outras formas de senilidade, era preciso exercitar o cérebro. Mas parecia óbvio que falar em exercício para o cérebro era uma metáfora, era força de expressão. Isto porque o cérebro não tem músculos, não tem articulações; o exercício cerebral consistiria, pois, em estimular os neurônios a fazer conexões. Como? Por meio da leitura, de palavras cruzadas, de testes variados.


Agora, porém, está-se verificando que o exercício físico acaba, sim, favorecendo o cérebro, como mostra um trabalho da pesquisadora Laura E. Middleton, do Centro Sunnybrook de Ciências da Saúde (Toronto, Canadá), realizado nos EUA e publicado na revista da Sociedade Americana de Geriatria. Mais de 9,3 mil mulheres com mais de 65 anos foram interrogadas com referência à prática de exercícios físicos ao longo de suas vidas.


Verificou-se que 17% das mulheres que não haviam sido ativas apresentavam sintomas de demência. Essa percentagem baixava exatamente para a metade, ou seja, 8,5% naquelas que haviam sido fisicamente ativas. Além disso, quanto mais cedo as pessoas começavam a se exercitar, melhor era o seu funcionamento cerebral.


Isto também foi demonstrado por uma outra pesquisa, realizada na Universidade de Illinois (EUA). Mediante estudos de ressonância magnética cerebral, realizada em pessoas com mais de 55 anos que se exercitavam (em esteira, no caso), verificou-se que o exercício estimula as áreas do cérebro relacionadas ao aprendizado e à memória.


Claro, outros fatores podem estar em jogo. É possível que essas pessoas também tenham tido uma dieta mais sadia, que não fumem, que não usem álcool ou drogas. Isso, na verdade, não faz muita diferença: se o exercício está associado a um estilo de vida saudável, ótimo. Além do que, é lógico concluir que o exercício em si deve melhorar o funcionamento cerebral: estimula a circulação e, mobilizando a atenção da pessoa, favorece as conexões neuronais antes mencionadas. Pode ser um marco de convívio social, uma diversão, uma muito adequada forma de descarregar o estresse.

Um outro estudo comparou quatro grupos: pessoas que só faziam exercícios físicos, pessoas que só faziam exercícios de treinamento da memória, pessoas que faziam as duas coisas e pessoas que não faziam nada. Os três primeiros grupos registraram melhoras na memória, mas essa melhora foi maior naqueles que exercitavam tanto o corpo quanto a memória.


O estudo conduzido por Laura também enfatizou o fato de que, quanto mais cedo a pessoa começa a se exercitar, melhor será. Esta observação é particularmente importante quando se constata que, entre os jovens, está aumentando o sedentarismo e a obesidade.


Os pais têm, portanto, uma razão adicional para estimular os filhos a se exercitarem: a melhora do desempenho cerebral. Um dia eles agradecerão por isso.


Zero Hora (RS), 31/7/2010