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Diabetes: Aprendendo com os índios

 

Na história do diabete através dos tempos, um capítulo particularmente interessante e instrutivo diz respeito a um pequeno grupo étnico do Sudoeste dos Estados Unidos, os índios Pima. Durante muito tempos esses índios mantiveram o tradicional estilo de vida, baseado sobretudo na agricultura.


Mas, no final do século 19, a água que usavam para irrigação foi desviada por fazendeiros, resultando daí carência de alimento e desnutrição. Para ampará-los o governo americano começou a fornecer comida a eles: toucinho, farinha, açúcar, coisas a que eles acabaram se acostumando, assim como se tornaram também sedentários. Mais adiante, os Pima entraram no exército e, de novo, adotaram os hábitos alimentares dos americanos – como todo os recém-convertidos, exagerando na dose. A porcentagem de gordura na dieta, que originalmente era de 15%, passou a 40%. Resultado: os Pima se tornaram o grupo mais obeso dos Estados Unidos e o que mais tem diabetes. Metade dos Pima são diabéticos. Destes, 95% têm excesso de peso. Em contraste, entre os Pima que vivem no México, quase não existe obesidade e a taxa de diabetes é a mesma dos mexicanos em geral.


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Estes fatos, e muitos outros, justificam o alerta lançado pela Organização Mundial de Saúde. Existem no mundo, diz a OMS, um bilhão de pessoas com peso acima do normal; a obesidade tornou-se epidemia. Isso, associado a um estilo de vida nocivo à saúde, explica a verdadeira explosão do diabetes no planeta.


Pesquisadores do Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças dos Estados Unidos estudaram 25 mil adultos, mostrando que aqueles que não fumavam, tinham peso dentro do normal, alimentavam-se de forma racional e exercitavam-se no mínimo três horas e meia por semana conseguiam reduzir o risco para o diabetes tipo 2 (dos adultos) em 93%. Mais que isso, reduziam em 81% o risco de ataque cardíaco, em 50% o risco de derrame cerebral e em 36% o risco de câncer. Ou seja: o diabetes faz parte de uma constelação de doenças associadas com um modo de viver que, decididamente, não faz bem à saúde. Os Pima que o digam. Para eles, a descoberta da América pelos europeus, foi, para dizer o mínimo, um anti-ovo de Colombo.


A Notícia (SC), 7/9/2009