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Discurso de recepção

Discurso de recepção por Rosiska Darcy de Oliveira

Discurso de recepção por Rosiska Darcy de Oliveira

O acaso tem sempre a última palavra. Essa frase de Simone de Beauvoir, escrita ao fim de uma vida de desafio aos destinos já traçados, revela a sedução de todos os escritores pelos insondáveis caminhos que trilha uma vida, à deriva do imponderável.
Obedecendo a essa injunção que atinge os escritores, e sem a sabedoria e ciência dos historiadores, me arrisco a contar uma história, o jogo de acasos que tece um destino.
A história que conto essa noite começa quando um francês de nome Armand Henri Moritz, proprietário de terras na Alsácia Lorena, de religião judaica, deixou a França no fim dos anos trinta, temendo, com boas razoes, o risco de uma invasão pela Alemanha Nazista. A invasão não tardou e logo depois de sua partida se concretizariam a   a ocupação da França e a anexação da Alsácia. Levava consigo um filho, o jovem Ernest Sigmund, uma filha, Hella, e sua mulher Margot.
Embarcaram em Marselha em um dos poucos navios que ainda saiam de lá, o porão atulhado de homens e as mulheres e as crianças no convés lotado. Assim, durante dias, atravessaram o Atlantico na direção de um país longínquo e desconhecido, de nome Brasil, um dos poucos portos ainda abertos naqueles tempos sem horizonte e sem chão.
Traziam consigo alguns pertences e objetos de casa e todos os livros que conseguiram salvar. Desembarcaram em Santos e se instalaram na cidade de São Paulo. Ali recomeçaram a vida como já haviam feito tantas famílias judias como os Camerini que, anos antes, percebendo a sombra que avançava sobre a Europa, precavidos, deixaram Milão, em melhores condições, com moveis, tapetes e também muitos, muitos livros. O casal Camerini, Vitório e Gemma, também traziam duas filhas, Elena e Silvia.
Essas famílias, parte da diáspora judaica que se espalhou pelo mundo naqueles anos, encontraram em São Paulo um chão onde reinvestir suas energias e talentos e guardar em segurança seus livros, um bem precioso e inseparável da cultura judaica. Nos anos que se seguiram, outras famílias viriam, como os Schwarcz, húngaros, que sobreviveram enfrentando situações as mais trágicas e de altíssimo risco. Todas essas famílias decididas a se reinventar nessa terra de asilo.
Ernest Sigmund Moritz e Elena Camerini tiveram tempo e paz para crescer, amar e, em 1957, trazer ao mundo uma menina paulistana a que deram o nome de Lilia Katri.
Educada em uma escola pública experimental, o Ginásio Vocacional, escolhida pelo cuidado de Ernest e Elena de protegê-la da educação promovida pela ditadura militar, que se instalara  no Brasil, Lilia aprendeu muito cedo a pensar pela própria cabeça, a ter apreço pela liberdade, o que aliado a um ambiente familiar culto,  cosmopolita e atento aos sinais do obscurantismo, fez dela uma criança de espírito aberto à vida, capaz de fazer escolhas e encontrar o seu lugar, o da rebeldia contra as sombras do autoritarismo e do preconceito.
Uns anos mais e ainda no colégio seu caminho cruzou o de um jovem, Luiz, Luiz da sua vida inteira. Juntos, anos depois fariam Luiza e Pedro.
A ditadura foi suficientemente longa para que Lília, nos anos setenta, encontrasse a efervescência da Universidade de São Paulo, onde uma forte oposição ao arbítrio vicejou envolvendo professores e alunos, muitos vítimas de demissões e prisões. A juventude naqueles anos aprendeu na universidade, para além da excelência acadêmica, a ser corajosa e resistir.
Com que ingredientes se construiu essa personalidade singular e complexa?
A memória de um povo martirizado e do exilio forçado de seus pais? A criança de espírito aberto, rebelde ao autoritarismo? O amor? A maternidade? A formação acadêmica de excelência? A intimidade com a coragem e a resistência?
Creio que terá sido a retroalimentação de todos esses fatores que trouxe até aqui, essa noite, Lilia Katri Moritz Schwarcz.
É ela que eu tenho a alegria de receber na Academia Brasileira de Letras, a historiadora, antropóloga, professora, escritora, editora, curadora de exposições, estudiosa de imagens, minha querida e admirada amiga Lilia Schwarcz.
Seja benvinda à Academia Brasileira de Letras onde ocupará a cadeira número nove, enobrecida por ter pertencido, entre outros, ao ilustre historiador, embaixador e Acadêmico Alberto da Costa e Silva.
Ninguém, Lilia, melhor do que você, ocuparia essa cadeira, você que é herdeira da linhagem dos grandes historiadores, você que mereceu o apreço e o carinho paterno que em vida Alberto lhe dedicou e você retribuiu em ternura e respeito e com sua própria obra, enquanto ele viveu e agora em fidelidade à sua memória.
Lilia Schwarcz traz à Academia uma dupla contribuição como historiadora. Por um lado, seu trabalho ilumina zonas de sombra de nosso passado, a exemplo de sua monumental Biografia do Brasil, escrita em parceria com outra notável historiadora, Heloisa Starling, obra que retira da história oficial os véus que encobriram por muito tempo a crueza de aspectos constitutivos da sociedade brasileira como a abjeta escravidão em que o Brasil cavou o abismo da desigualdade que até hoje nos assombra e envergonha.
O silêncio, a omissão ou a distorção voluntaria da verdade conseguiram perpetuar nos livros e ensino da História, na iconografia oficial, na autoimagem dos brasileiros, um Brasil deformado como num espelho de circo. A obra de historiadora de Lilia, nos devolve, agora sem véus, um espelho confiável, feito de longa e cuidadosa pesquisa, em que é preciso encarar a nossa verdade, primeiro passo para a reconstrução de uma nação digna.
Por outro lado, esse seu trabalho é simbiótico com uma vida, uma atividade cidadã omnipresente, em defesa de uma verdadeira democracia, nunca antes vivida, embora por tantos sonhada, em que os direitos e as liberdades sejam uma realidade para todos, em que os que foram colocados na invisibilidade de um não eu abandonem esse lugar para se afirmar como um outro eu, denunciando o desrespeito à alteridade que nos leva a ver o nada no que não nos reflete e trata o diferente como ausente.
O cotidiano de Lília é uma esperança ativa na construção de uma verdadeira democracia. Porque na democracia a igualdade faz toda a diferença.
Lilia faz a história do nosso passado com a sua pesquisa e inteligência e faz a história presente com a sua vida e seu coração.
(...)
A questão racial é estruturante na obra da historiadora.
Uma frase sua que parece simples contém todo um exercício de vida: diz ela, “não basta não ser racista, é preciso ser anti-racista”, ecoando uma lição de Angela Davis. Tem razão! Ser antiracista é trazer ao proscênio essas presenças ausentes, eloquente subtítulo de seu livro mais recente, “Imagens da Branquitude”, a presença da ausência”.
Ela fala da branquitude como a norma que não se nomeia, que se crê a evidencia mesma, a suposta ordem natural das coisas que nem sequer é percebida como discriminatória ou humilhante. Sua arte de flagrar a branquitude por diferentes ângulos revela um retrato do Brasil assustador. É esse despertar de uma consciência ainda hoje pálida em grande parte da população que lhe garante um lugar na história presente.
Uma especial sensibilidade à diáspora negra marca não só sua produção intelectual assim como sua atuação cotidiana no debate público.
Seu mestre referencial,  Alberto da Costa e Silva já havia flagrado a cegueira de toda história contada sem ancestrais, escravizados de origem incógnita, arrancados pela violência de sua essência mais humana, uma família, uma comunidade, uma religião, uma língua.
Coube a Alberto da Costa e Silva ir buscar na África um entendimento do horror da escravidão proporcional à desumanização que representa o silencio sobre as raízes dessa população, transformados em corpos sem passado, expropriados de suas vidas e origens.
Lilia cuidou numa expressão muito sua de não apenas ver a realidade dos negros que aqui vivem nos extratos mais pobres da sociedade, mas também enxergar que, na escravidão, está a chave para o entendimento do Brasil. Nossa chaga mais profunda, a que jamais cicatrizou, a origem da desigualdade, o fermento do autoritarismo que marca até hoje a sociedade brasileira.
A procura da verdade que o tempo dilui apagando vestígios, essa arqueologia que passa por documentos inéditos e imagens nada inocentes, verdadeiros testemunhos que denunciam a mentalidade  de uma época, essa incansável pesquisa que consome anos da paixão do historiador,  traz à cena essas presenças ausentes, assim como a intencionalidade das presenças supostamente obvias , essas que sempre ocuparam todo o palco, a vontade de excluir, de ocultar deliberadamente a população afro descendente, sua resistência e suas rebeliões.
A biografia de Lima Barreto, que ela chamou de triste visionário, é uma homenagem à excelência desse grande escritor, precursor da consciência da discriminação, que tentou três vezes a admissão a essa Casa, e cuja não eleição foi um dos muitos episódios que, em sua vida, pontuaram uma história de rejeições que o levariam a um triste fim.
Mais do que uma biografia de Lima Barreto esse livro é um livro de história do Brasil, um tempo em que o autor de O triste fim de Policarpo Quaresma lutou para sobreviver. E acabou por sucumbir à doença e ao desgosto. Sua obra sobreviveu. Triste visionário. O livro de Lilia o faz reviver hoje, quando sua biografia ganha uma espessura humana complexa onde não faltam pelo avesso das fragilidades os traços de heroísmo.
E foi assim que uma filha do desenraizamento e do exílio, de uma infame tentativa de extermínio de seu povo, nascida e criada entre livros que tinham atravessado o Atlântico, porque eram eles mesmos filamentos de uma raiz invisível que os exilados arrastam consigo onde quer que estejam, foi assim que essa menina paulistana, de pele branca, fez-se uma intelectual presente e influente na luta antirracista no Brasil.
A diáspora de um povo não lhe é estrangeira, faz parte de sua história familiar. Não se entende o presente sem o passado. O entendimento do presente passa por um caminho de volta, pela atenção aos traços que se imprimiram na rota de chegada.
Visitei rapidamente as origens de Lilia convicta de encontrar aí um código que explique sua trajetória surpreendente. Encontrei na menina paulistana, a herança ancestral de uma cultura judaica, europeia, em que se misturaram os acentos da França dos direitos humanos, da Italia e seus ecos renascentistas, que juntos, terão contribuído para que essa intelectual se tornasse uma defensora de direitos humanos, professora da Universidade de São Paulo, de Oxford, Leiden, Columbia, Brown, Princeton e curadora de grandes museus, como o Museu de Arte de São Paulo, encarnando aquele encontro ideal da história e da arte.
Um dia perguntei a Lilia o que fez dela, além de historiadora, uma antropóloga. E ao ouvi-la sobre o acaso e a afinidade intelectual que a ligou ao saudoso professor Carlos Rodrigues Brandão, que a atraiu para a Universidade de Campinas e mais tarde a orientação da professora Manuela Carneiro da Cunha, em seu doutorado na Universidade de São Paulo, me pareceu tão obvio que seu espírito inquieto não se contentou na interrogação dos fatos e foi buscar na antropologia a leitura do simbólico que alarga e aprofunda as dimensões da história. Essa riqueza conceitual, pluridisciplinar, presente na linguagem de seus textos e livros, é o que faz seu pensamento tão penetrante e original.
Mas faltava ainda interrogar, para além dos documentos e simbologias, outra narrativa, sem palavras, era preciso ouvir a mensagem das imagens silenciosas. Não como ilustração, um recurso banal que as torna supérfluas, fortuitas, mas como depoimento em si, ao mesmo tempo sobre uma época que a história descreve em textos e palavras, mas também sobre a intencionalidade do artista, impregnado dessa época ou a seu serviço, buscando contá-la como ele quer que ela seja vista.
Em conferência pronunciada no Masp, Lilia admite ter aprendido no trabalho de curadora “a potencialidade reflexiva que a imagem tem, uma vez que ela não escapa do momento em que surgiu. E também produz esse momento”.
Lilia pensa com imagens desde seu mestrado, que gerou o livro Retrato em branco e negro. Seu doutorado gerou outro livro, O espetáculo das raças e a defesa de tese, uma exposição.
As imagens que supostamente contam a nossa história são um objeto privilegiado de sua pesquisa. Em O Sol do Brasil, dedicado à obra de Nicolas Antoine Taunay, ela joga um olhar cuidadoso sobre o pintor que integrou com Debret e Grandjean de Montigny a mítica Missão Francesa, e retratou a corte de D Joao VI. Taunay, é Lilia que conta , “achava o sol do Brasil irritante, o céu do Rio de Janeiro de um azul exagerado que não cabia em sua paleta, e o  verde das florestas por demais intensas”.
A obra de Taunay sobre os trópicos, em que os escravos aparecem de maneira canhestra, atesta melhor sua visão europeia sobre o Brasil que a verdade tropical. Essa pintura mediada pela mentalidade do pintor está nos primórdios da atenção de Lilia à decodificação das imagens como documento histórico.
“As barbas do imperador, que resultou de sua livre docência na Universidade de São Paulo e lhe valeu o Prêmio Jabuti de melhor ensaio biográfico, reconstituiu não só a vida do monarca Dom Pedro II, também a construção da imagem do monarca que influencia a colônia com a versão de um poder colonial benigno ao mesmo tempo em que absorve uma simbologia nativa.
Os mitos em torno de seu reinado, valendo-se de uma poderosa criação de imagens, não surpreende Lília, já que o monarca era fascinado pela recém-chegada fotografia, familiar com o poder das imagens e empenhado em apresentar ao mundo um Brasil que estaria se civilizando.
A curadoria se torna assim uma espécie de ensaio visual em que as obras falam por si e contam a história consciente ou inconsciente do tempo e do artista que as criou. Como curadora Lilia desvela essas escolhas inconfessas. Há dez anos seus alunos em Princeton se beneficiam dessa reflexão sobre a natureza da curadoria que se atualiza numa série de exposições que buscam tirar a ingenuidade do olhar.
Em A pérola imperfeita, exemplo de diálogo entre história e arte, Lilia estuda a obra de Adriana Varejão e daí resulta ao cabo de quatro anos de convivência entre elas, começos e recomeços, um brilhante ensaio de texto e imagem, a quatro mãos, sobre uma das obras mais significativas da arte brasileira contemporânea. Adriana Varejão opera um deslizamento de sentido, uma recriação, um aproveitamento de expressões plásticas já conhecidas e introduz nelas elementos insólitos que provocam um choque de estranhamento. Descoloniza a percepção.
A descolonização, seja ela da percepção ou do pensamento, é o projeto dessa obra em que Lilia transita em liberdade entre a história, a antropologia e a as artes visuais, não como territórios separados, mas como a sua maneira de se aproximar da realidade em que todos esses aportes se interpenetram. Um projeto ambicioso, bem-sucedido, à altura do talento de Lilia e da alta voltagem criativa de Adriana Varejão.
Voltam as imagens em seu livro mais recente, Imagens da branquitude: a presença ausente, que retoma o tema do racismo pelo ângulo de sua capacidade de anular a alteridade: estuda-se a negritude, mas a branquitude é invisível, não gera reflexão sobre si, ao contrário da negritude que se constrói na luta pela superação da autoimagem depreciada. E isso pela simples razão que ser branco representa a normalidade enquanto ser negro é ser o Outro, com toda a carga pejorativa, de distância, que essa estranheza traz consigo.
Uma frase extraída desse livro o resume por inteiro. “O certo é que a liberdade calçava sapatos e a ausência deles representava, até alegoricamente, o cativeiro”. Essa frase acompanha a foto de um senhor de escravos, sapatos reluzentes, atitude soberba, um passo à frente, cercado de servos de pés no chão. O olhar de Lilia, para além de ver, enxerga, e desloca nosso olhar da posição de simples observador para um lugar de onde é tão evidente o escândalo da arrogância, que a foto fere agora a autoestima dos que se entendem como brancos, forçando a reflexão sobre esse flagrante chocante da branquitude.
Porque quando se quebra a obviedade, a naturalidade da branquitude como norma, como métrica do belo a ser imitado, meta de sucesso, o que resta, nítida e irrefutável, é a brutalidade da exclusão.
O que mais se pode pedir de uma intelectual, de uma escritora, de uma historiadora que, pela arte da escrita associada à prova da imagem, contra as certezas enraizadas do obvio, traz à luz a consciência de uma tragedia que esteve oculta nos porões de nossa história?
A lucidez com que ela analisa a questão racial, seus mecanismos conscientes e inconscientes, lhe garante um lugar de honra entre os que usam o pensamento e a ação para manter vivos as liberdades e os direitos humanos.
Lilia Schwartz, discreta, se diz apenas uma aliada daqueles que são os verdadeiros atores desse desvendamento do horror da escravização, no caso, o Movimento Negro.
Em todos os espaços da palavra pública, cátedras, jornais, televisões, livros, exposições, edições, redes sociais, encontramos a voz de Lilia, justa e convincente, combatendo o bom combate do antirracismo e da democracia.
Que força a habita e impulsiona?
A transmissão de uma mensagem civilizatória é o seu estar no mundo, um viver em que ela invoca uma energia apaixonada e inesgotável.
Escolhi não fazer aqui um currículo exaustivo de suas obras, títulos acadêmicos, prêmios, tantos, que ela recebeu, os livros que escreveu e que colheram uma fortuna crítica de aplauso e admiração, as honrarias que mereceu e que teriam, em sua simples enumeração, esgotado o tempo dessa saudação.
Escolhi o fio de uma história de perseguições que começa na Europa - França, Itália, Hungria – chega a América do Sul, nesse país chamado Brasil, seu país Natal, onde aprendeu a ser quem é, aprendeu a amar, aprendeu a ser mulher, feminista, a esposa de Luiz Schwarcz, a mãe de Julia e Pedro, a avó de Maria Luiza e Alice.
Aprendeu também em casa que os livros são grandes amigos, falam todas as línguas e de todos os povos, não esquecem as injustiças, os preconceitos, o ódio racial, as humilhações, a tragédia, mas também ensinam a liberdade, o grande amor, a força das palavras que mudam o mundo, a esplêndida beleza e poesia da literatura. Lilia aprendeu a desfrutar da companhia das letras.
E aqui vai minha palavra amiga ao Luiz, com quem Lilia viveu a aventura de criar uma das maiores editoras do país.
Na esteira de todas essas vidas, outros diriam destinos, que tinham um encontro marcado no Brasil, ei-la que ocupa agora essa cadeira número nove que tem para ela um significado maior, mais perto de seu coração, do que teria tido qualquer outra cadeira. O acaso, Lili, minha querida amiga, tem sempre a última palavra.