Quinta-feira: seminário e homenagens
Publicada em 04/11/2024
Publicada em 04/11/2024
Publicada em 24/05/2022
Publicada em 07/05/2020
Não há nada mais pertinente nem oportuno, ou mesmo mais venturoso, do que se atribuir a um grande editor a tarefa de reviver em livro a vida e as atividades de outro grande editor. É isso o que se constata, de forma superlativamente admirável, ao degustar-se José Olympio. O Editor e sua Casa, organizado por José Mario Pereira para a Sextante e que acaba de chegar às livrarias. Trata-se de obra no mínimo monumental não apenas por seu formato majestoso (31 X 24 cm), mas também, e acima de tudo, pelo opulento cardápio que oferece aos leitores: textos extremamente bem cuidados (inclusive os das legendas de fotos), abundante e valiosa iconografia, beneditino trabalho de pesquisa literária e editorial, com reprodução de depoimentos, artigos, cartas, dedicatórias, capas de livros de uma afortunada época que já se foi, fotos e caricaturas inéditas, bibliografia - enfim, um aparato livresco faraônico que configura, como sublinhou em recente artigo o crítico Wilson Martins, uma "obra-prima de arte tipográfica, documentação historiográfica e preciosa iconografia". Com modéstia, José Mario Pereira define-se como organizador do volume, mas caberia aqui evocar o conceito de autoria, tamanha é a sua participação na arquitetura do livro, no qual nunca será demais relevar a circunstância de que estamos diante de uma obra concebida e escrita por um editor que se ocupa amorosamente de outro da mesma família espiritual e que desde sempre lhe serviu de mestre e modelo.
No dia 19 de abril de 2007, se completarão 121 anos do nascimento do grande poeta Manuel de Sousa Carneiro Bandeira Filho, ou apenas Manuel Bandeira, aquele "menino doente", que se tornaria depois "o amigo do rei", ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio "rei de Pasárgada". Veio à luz do mundo em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.
Sempre que me toca reler a poesia de Vinicius de Moraes, mais me convenço de que até hoje não lhe fizeram a devida justiça, seja por indigência exegética seja por preconceito literário. É claro que não se pode situá-lo no mesmo nível de Cecília Meireles, Bandeira, Drummond, Jorge de Lima, Dante Milano e João Cabral de Melo Neto, mas é que Vinicius, quer pelo domínio da língua - e das boas tradições da língua - quer pela pujança de sua linguagem poética, cultivou uma vertente lírica dentro da qual são poucos, ou muito poucos, os que dele lograram se aproximar. Há nos versos do autor uma tragicidade tão intensa e dolorosa que nem o humour nem a participação social de seus últimos poemas serão capazes de apagar.