Essa publicação faz parte da coleção Coleção Austregésilo de Athayde
[...] De fato, em Histórias do meu casal (1906) não temos apenas um novo livro de Mário, mas, sobretudo, um novo poeta. Depois dos balbucios neo-românticos, do aprendizado simbolista, Pederneiras, finalmente, encontrava a própria voz: modesta que fosse, era sua. A partir de então, passaria a desenvolver uma comovente fidelidade ao micro-universo da família, da paisagem do bairro, das alegrias e dores de um homem comum, que, de modo despojado, admite só querer falar do que lhe é próximo e palpável. As artificiosas e transcendentais elocubrações dos primeiros livros cedem passo ao louvor das coisas pequenas do dia-a-dia. E a esse despojamento da carga metafísica correspondeu, também, um despojamento da carga física do poema, no que ele continha de exibisionismo vocabular ou gongorismo sintático. Falar de maneira simples de um mundo simples pareceu constituir-se na aspiração maior de Mário. [...] [Antonio Carlos Secchin em "Mário Pederneiras: às margens plácidas da modernidade"].