Estudos Filológicos (745 pp.)

Esta série dos ESTUDOS FILOLÓGICOS, de Antenor Nascentes, graças ao zelo e dedicação do Prof. Raimundo Barbadinho Neto, traduz bem o espírito extraordinário da figura humana do grande Mestre, desaparecido há já alguns anos, mas sempre presente na memória e na saudade dos seus parentes, amigos e discípulos.

Nascentes pertencia à estirpe daqueles homens admiráveis cuja curiosidade intelectual estava sempre pronta a trilhar novos caminhos. Deixou-nos em letra de forma numerosos livros e artigos pioneiros, e agora, o joeiramento da sua biblioteca pelo Prof. Barbadinho (em tão boa hora designado para, no Colégio Pedro II, organizar e dirigir a Sala Antenor Nascentes) vem-nos fazer conhecer não só outros estudos - alguns inéditos - do saudoso Amigo e Mestre, mas ainda facetas de sua cultura muito pouco divulgadas, como a do Nascentes turista e do Nascentes literário. O exaustivo levantamento da bibliografia nascentina devido ao suor e lágrimasdo Prof. Barbadinho substitui, corrige, completa e enriquece tudo o que se tinha feito antes neste sentido.

O aspecto de Nascentes turista, pronto para pôr em relevo as particularidades culturais, sociais e físicas das regiões por ele visitadas, lembra-me muito o velho - e sempre lido com prazer - Albert Dauzat, que, ao lado de sua obra filológica, tem vários livros acerca de terras percorridas, especialmente de seu país, donde sobressai uma pequena jóia que é LE VILLAGE ET LE PAYSAN DE FRANCE.

Lendo estes novos ensaios do Amigo Nascentes sinto neles aquela peculiaridade que está viva em muitos mestre estrangeiros: abrir, com artigos breves, mas substanciais, as veredas, que depois serão percorridas, em obras mais aprofundadas e extensas, por seus discípulos. São temas discutidos em seminários e depois esboçados em pequenos artigos do Catedrático, que mais tarde se transformam em largas teses elaboradas pelos discípulos. Assisti muito a isso no ROMANISCHES SEMINAR, das Universidades de Bonn e Colônia, onde dominavam as figuras irradiantes e poderosas de Harri Meier, um dos mais completos romanistas da atualidade, falecido há pouco, e de Fritz Schalk.

Se prestarmos atenção à obra pioneira de Nascentes, vamos vendo que as veredas abertas por ele têm inspirado discípulos diretos e indiretos, entre nós.

É justamente esta perenidade da figura do Mestre que esta série dos ESTUDOS FILOLÓGICOS, começados em 1939, vem pôr em relevo. Passado mais de meio século aí está ele, vivo e redivivo! (Evanildo Bechara na Apresentação do livro).