Com o evento “Rio das Palavras” na Academia das Ciências de Lisboa, foi dado o pontapé inicial da cidade do Rio como Capital Mundial do Livro em 2025, título concedido pela UNESCO pela primeira vez em 25 anos a uma cidade de língua portuguesa.
O secretário Municipal de Cultura do Rio, Lucas Padilha, e o presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, ao lado do presidente e do vice-presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Jose Francisco Rodrigues e Jose Luís Cardoso respectivamente, e do embaixador brasileiro junto à CPLP, Juliano Féres Nascimento colocaram em uma caixa – chamada de Caixa Literária – exemplares de livros de autores representativos da literatura lusófona – de Portugal e dos países da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Embaixador Juliano Féres e o presidente da ABL, Merval Pereira
A caixa irá para o Rio, e será aberta na cerimônia de abertura do Rio Capital Mundial do Livro, no Teatro Carlos Gomes, dia 23, quando serão revelados os títulos e os autores escolhidos. Durante o ano, os livros circularão por escolas e bibliotecas para debates, seminários e bate papos.
O vice-presidente da Academia das Ciências de Lisboa, José Luís Cardoso, disse que a celebração do Rio como capital mundial do livro foi uma escolha auspiciosa da UNESCO e lembrou Camões.
“Ele fez do português uma língua universal e falou dos “rios da palavra”, tema que serve de mote para o evento. “Camões falou sobre os rios que vão. Bem são rios estas águas com que banho este papel. São os rios da palavra que aqui celebramos. São as palavras dos nossos escritores, do Brasil, de Portugal, de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guine Bissau, São Tome e Principe e Timor Leste. São os nossos escritores que nos unem de modo fraterno estas palavras que fluem em rios.”
Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, José Francisco Rodrigues, o presidente da ABL, Merval Pereira, vice-presidente da ACL José Luís Cardoso, secretário de Cultura Lucas Padilha e emabaixador Juliano Feres
O presidente da ABL, Merval Pereira, que é sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, reforçou em seu discurso a necessidade de os países lusófonos se unirem para que o português seja declarado língua oficial da ONU.
“Somos a quarta língua mais falada no mundo, unimos mais de 280 milhões de pessoas em todos os continentes e somos a língua oficial em 33 organizações internacionais. O português precisa ser acolhido pela ONU. A eficiência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o interesse crescente de outros países pelo bloco de língua portuguesa, com sede em Lisboa, serve de bússola nesta viagem. O livro expõe ainda a urgência de uma promoção coordenada do português, com um instituto multinacional de ensino que exporte a língua a novos mares de afirmação e influência.
A língua portuguesa é inevitavelmente um ativo político. “Minha pátria é a língua portuguesa” é uma frase de Fernando Pessoa que aparece no seu “Livro do Desassossego”. A frase expressa a forte relação entre a língua e a cultura portuguesas. Um dos nossos grandes poetas, Caetano Veloso, já disse que “gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões. Gosto do Pessoa na pessoa da rosa no Rosa”, referindo-se a Fernando Pessoa e Guimarães Rosa. A língua portuguesa é um instrumento do soft power dos países lusófonos, através da literatura e da música. Assim como a comida, o futebol, o fado, o samba.”
O secretário de Cultura Lucas Padilha lembrou que o Dia Mundial do Livro, 23 de abril, que marca o início das celebrações do Rio como capital mundial do livro é também o dia de São Jorge, padroeiro da cidade.
“Hoje celebramos um início que antecede o começo. Temos uma data a celebrar, o dia 23 de abril. Dia de São Jorge, nosso padroeiro, e do livro. O que é o livro? Admitamos, homens e mulheres de letras, que São Jorge nos é mais familiar que os livros. Sabemos de tudo que precisamos para crer nele, em sua capacidade de intercessão. Já o livro, em conjunto ou individualmente, esconde e fascina. A cada capa, uma promessa. Olhem para esta sala cheia de livros. Cada um serve, pelo menos, de portal para a palavra, algo que ainda nos importa. Mais que celebrar um autor ou título que mereça homenagem, nossa missão é promover o livro no Rio e a partir do Rio. A nós parece que este foi o convite feito pela UNESCO ao reconhecer o Rio de Janeiro como Capital Mundial do Livro, a primeira de língua portuguesa. Dividimos - com o interesse de multiplicar - este título com todas as cidades da língua.”
09/04/2025