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ABL na mídia - CBN - 'Ghostwriters': fantasmas de Machado de Assis e Olavo Bilac estão em biblioteca e Theatro do Rio?

 

Você já ouviu falar no termo ghostwriters? É como são chamados os autores que escrevem livros de forma sigilosa, anônima, e vendem o conteúdo para que outra pessoa assine. Na tradução literal, seriam 'escritores fantasma'. No Rio de Janeiro, esse termo poderia até ser levado ao pé da letra, porque tem gente que acredita que fantasmas de dois grandes escritores ainda habitam o Centro da capital.

Um dos lugares mais marcantes é o suntuoso Real Gabinete Português de Leitura. O local abriga livros raros, como a primeira edição de "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões. Pela história que circula entre os cariocas, o espírito de Machado de Assis ainda ronda o famoso edifício. Funcionários já relataram livros caindo sozinhos, vultos passando entre as prateleiras e uma presença misteriosa na sala de leitura. Será?

A atmosfera solene e quase mística da biblioteca contribui para reforçar o imaginário em torno de uma possível 'guarda literária do além'. Antes de existir uma sede para a Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis realizou reuniões e sessões solenes no Real Gabinete. Ele foi presidente por dez anos da ABL e um dos primeiros imortais.

Machado ainda acumula o rótulo de Bruxo do Cosme Velho, bairro onde morou no Rio. Vizinhos relatavam que ele costumava queimar papéis num caldeirão, como forma de obter inspiração.

E a Biblioteca Nacional? A professora Ana Virginia Pinheiro foi bibliotecária lá por quase 40 anos e chegou a chefiar a divisão de obras raras. Ela conta que até os seguranças mais céticos tinham medo do local. Para a pesquisadora, os livros raros — que reúnem centenas de anos de história, muitas vezes censurados ou escritos por autores mortos pelas ideias que defenderam — criam uma aura misteriosa e estranha, capaz de provocar esse sentimento. Mas, Ana Virginia admite que também viveu momentos 'estranhos'.

"Eu ficava até mais tarde chefiando a divisão de obras raras, que é uma divisão cheia de livros proibidos, livros censurados, livros que causaram dano, livros que causaram bem, livros que salvaram vidas, livros que destruíram vidas. Eu estava no meu computador e a minha mesa de trabalho ficava no pé de uma escada. Eu tive a sensação de que eu estava sendo observada. Eu estava sozinha e era noite. Olhei para o alto, para o patamar da escada, e eu tenho certeza, eu vi alguém. Não há quem me conversa do contrário. Eu desliguei meu computador na hora, peguei minha bolsa e saí batendo a porta. Eu senti uma presença e senti medo", conta.

Do outro lado da rua, o Theatro Municipal é cenário de outra lenda envolvendo um escritor renomado: Olavo Bilac, que morreu em 1918. Bilac era um amante das artes e foi ele quem fez o discurso na inauguração do Municipal, em 14 de julho de 1909. Talvez, por isso, a lenda tenha surgido. Nas últimas décadas, o local ainda foi palco de dezenas de velórios de atores consagrados, ampliando a comoção e o clima de suspense.

Adilson Vicente dos Santos é chefe da portaria do Theatro e trabalha há 25 anos no local. Ele diz que nunca viu nada paranormal, mas conta que as lendas de fantasmas são antigas e sempre rondaram o espaço.

"Particularmente eu nunca vi, mas sei de histórias. Uma mulher de branco que costuma aparecer na galeria e quando a pessoa chega lá no local para se certificar, ela já não se encontra mais no local. Ele olha para baixo, ela já aparece lá no palco, quer dizer, isso são histórias. E existe também uma outra que o meu antigo chefe aqui da portaria contou. Ele chegava todo dia às seis horas da manhã. Ele estava entrando aqui no Theatro e subiu para fazer aquela ronda. Um belo dia, ao passar pelo palco, o Theatro vazio, sem ninguém no palco, ele passou e escutou o piano tocando. Quando ele olhou pro piano, não tinha ninguém no piano. Ele simplesmente desceu e não quis mais saber fazer ronda porque ficou apavorado", relata.

A lenda pegou tanto que, em 2022, o setor educativo do Theatro chegou a promover uma “Visita Fantasma”, onde as pessoas pagavam ingresso para conhecer mais das surpresas fantasmagóricas e histórias inusitadas sobre os personagens que, dizem, andam pelos corredores à noite, quando não há ninguém olhando.

Bárbara Ottero, chefe do educativo do Theatro, conta que as histórias não passam de lendas, mas que têm ajudado a atrair mais visitantes para o espaço.

"Nunca aconteceu nada sobrenatural durante as visitas, mas os nossos mediadores e os atores contam histórias que os funcionários antigos gostam de contar, de situações que foram vividas aqui, vozes, bailarinas que são vistas de madrugada, luzes. Então a gente aproveita toda a atração que as pessoas têm por esses assuntos sobrenaturais para contar e ter um outro olhar sobre o Theatro. Essas lendas sempre atraem muita curiosidade e isso ajuda, faz com que pessoas venham comprar ingresso, assistam a um espetáculo ou voltem para uma visita guiada para conhecer a história do Theatro", explica.

Se nos filmes hollywoodianos bonecas possuídas e mascarados violentos ganham as cenas, no Rio são os escritores e artistas que retornam aos centros culturais — ajudando, inclusive, na promoção desses locais. Certamente, uma cidade “bem assombrada”.

Matéria na íntegra: https://cbn.globo.com/curiosidades/noticia/2025/07/22/ghostwriters-fantasmas-de-machado-de-assis-e-olavo-bilac-estao-em-biblioteca-e-theatro-do-rio.ghtml

23/07/2025