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ABL lamenta a morte de Heloisa Teixeira

 

A Academia Brasileira de Letras lamenta a morte da escritora e ensaísta Heloisa Teixeira, ocorrida na manhã desta sexta-feira, 28 de março, em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia. Heloisa foi eleita Acadêmica em 2023, na sucessão da escritora Nélida Piñon. O velório será neste sábado (29), na sede da ABL.

A ABL presta homenagem a esta expoente voz da cultura brasileira.

O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, destaca que Heloísa passou pouco tempo na ABL, mas o suficiente para marcar sua presença indelevelmente. "Heloisa trouxe a cultura das periferias para a Academia, com a Universidade das Quebradas, sempre pensando no amanhã, organizando palestras e debates. Uma mulher que aos 83 anos resolve mudar de sobrenome para se liberar só pode ser extraordinária". 

Os Acadêmicos manifestam aqui suas homenagens a colega escritora:

Ana Maria Machado: Perco uma amiga da vida toda, com quem conseguia ter as mais fundas trocas afetivas e intelectuais. Nem tenho como falar da falta que vai fazer a nossa cultura, ao Rio, à ABL, a todos nós. Com sua capacidade de detectar o que ainda está sendo gerado ou brotando escondido na vida cultural do país. Com sua solidariedade atenta e inclusiva. E sua coragem.

Arno Wehling: Muito triste. Sempre tão entusiasmada com a Academia.

Edmar Bacha: Intelectual maravilhosa que tocou a vida de muita gente inclusive a minha de forma generosa e estimulante. Deixa muita saudade.

Geraldo Carneiro: Quase todos nós, os jovens poetas dos anos 70, tivemos em Helô nossa madrinha. Ela nos publicou em sua antologia “26 poetas hoje”, em 76.

Godofredo de Oliveira Neto: Nossa mestra na UFRJ. Estou entre os fundadores, com ela, do Programa avançado de cultura contemporânea da UFRJ. Muito triste. Cava um enorme vazio dentro da gente. Sem palavras.

João Almino: Profundamente triste com a morte da grande crítica Heloísa Teixeira, que abriu portas a tendências literárias desde a geração marginal, selecionou criteriosamente novos poetas, poetas mulheres, os talentos das quebradas, sempre criativa; a querida Helô, a colega e a amiga afetuosa e generosa. Uma perda para a literatura e para o Brasil.

Jorge Caldeira: Menina experimental ateia fogo ao santuário para testar a competência dos bombeiros/ A menina experimental confessa-se ateia à toa/ A menina experimental é desmamada no primeiro dia. Despreza Romulo e Remo. Acha a loba uma galinha. Do oco do pré natal gritava:”Champanha, mamãe! Depressa”/ A menina experimental dorme com o radar debaixo da cama/ A menina experimental, dos animais, só admite o tigre e o avião de bombardeio/ A menina experimental benze o relâmpago/ A menina experimental antefilma o acontecimento agressivo, o Apocalipse, o fato do dia/ A menina experimental despede a televisão, “brinquedo para analfabetos, surdos, mudos, doentes, antinietzches, padres podres”/ A menina experimental atira uma granada em forma de falo na mãe de Cristóvão Colombo, sepultando as Américas “Viva Heloisa Teixeira, antevista por Murilo Mendes!!

Lilia Schwarcz: Imensa Helô! Há de estar revolucionando tudo aonde quer que esteja. Acaba de nos deixar a querida Helo Teixeira. Ela deve estar agitando essa outra dimensão em que hoje está. E dando uma série de ideias para revolucionar tudo o que encontrar. Pois Helo era assim, uma pessoa sempre à frente do seu tempo. Uma visionária, uma revolucionária. Era também uma mulher inclusiva e plural. Foi ela que me ensinou a ser feminista, a querer sempre mais e a não me acomodar. Helo também se reinventava e assim reinventava tudo a seu redor. Mudou seu sobrenome, descobriu poetas, romancistas, criou a universidade das quebradas e levou consigo toda uma geração quando foi eleita para a ABL. Numa nota pessoal preciso dizer que ela me inventou como pesquisadora acadêmica, nos idos de 1988. Inventou que cobriria as manifestações sobre o centenário da abolição em São Paulo. Ela era assim. Um furacão de conteúdo e ativismo. Por fim e para começar, ela era uma querida. Uma amiga em tempo integral, uma incentivadora alheia, uma mente brilhante. For ever young Helo! Quero ser sempre como você.

Rosiska Darcy de Oliveira: Que desastre! Que coisa injusta! Heloísa tão cheia de vida, tão importante para nós , para a literatura, para pensar , agir e mudar o Brasil . Heloísa tão nossa amiga. A ABL tem sofrido duras perdas e essa é imensa! Estou desolada. As mulheres devem muito a ela.

Ruy Castro: Grande perda. Heloisa ainda tinha muito a fazer.

 

 

 

28/03/2025