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9º Concerto: "A música que Machado ouvia"

 

A Academia Brasileira de Letras apresentou o 9º Concerto da série Música de Câmara na ABL, com o tema "A Música que Machado ouvia" (Clube Beethoven) em 24 de outubro,  no Teatro R. Magalhães Jr., com entrada franca.

O Quinteto da Música de Câmara é formado por Thiago Tavares (clarineta), Marisol Infante e Dhyan Toffolo (violinos), Diemerson de Sena (viola) e Martina Ströher (violoncelo), que reproduziram obras de Mozart e Brahms.

Direção Artística de André Oliveira e Guilherme Bernstein e Produção Artística de Diogo Borges.

O TRMJ é patrocinado pela PETROBRAS

O portal da ABL transmitiu ao vivo o 9º Concerto "A Música que Machado ouvia" .

Saiba Mais

Sobre o Programa:
 
"A Música que Machado ouvia" (Clube Beethoven)

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
       
Quinteto para Clarineta e Cordas em Lá Maior, K. 581

1. Allegro
2. Larghetto
3. Menuetto – Trio I / II
4. Allegretto con Variazioni I-IV – Adagio - Allegro    

Johannes BRAHMS (1833-1897) 

Quinteto para Clarineta e Cordas em Si menor, op. 115

1. Allegro
2. Adagio
3. Andantino – Presto non assai, ma con sentimento
4. Con moto – Un poco meno mosso

Wolfgang A. Mozart foi um dos maiores compositores da tradição da música de concerto. Criança prodígio e protótipo do artista inspirado, destacou-se mais tarde por suas óperas, concertos para piano e sinfonias. No seu repertório de música de câmara, entretanto, encontram-se verdadeiras obras-primas, como esse quinteto para clarineta e quarteto de cordas. Escrito para seu amigo, o clarinetista Anton Stadler, o qual conheceu em 1794, o quinteto compartilha a atmosfera lírica e como que à luz de lua de várias peças de Mozart na tonalidade de Lá maior, como o Concerto para Clarineta, K. 622, e o Concerto para Piano, K. 488.

O próprio som da clarineta representa a quintessência do estilo mozartiano: a sua qualidade redonda, sem arestas, as possibilidades vocais do instrumento, assim como sua extensão de notas e flexibilidade, tudo é perfeito para a fantasia e o pensamento musical de Mozart. Já no primeiro movimento ouvimos um tema docemente inocente, que logo dá lugar a melodias mais cromáticas e mais sinuosas.

Essas mesmas melodias retornam mais para o final do movimento, maravilhosamente transformadas pela invenção do compositor. No segundo movimento, o mais conhecido do quinteto, a clarineta toca sob um fundo de cordas, o que dá um caráter espaçoso e sereno ao movimento. O terceiro movimento é um minueto, uma dança da corte, com dois trios (seções contrastantes): o primeiro só com as cordas e o segundo, uma dança folclórica.  Para o final, Mozart compõe variações sobre um tema parecido com o do primeiro movimento, acabando num tom de alegria.

Também no caso de Johannes Brahms, grande compositor do Romantismo alemão, devemos a existência do quinteto ao clarinetista Richard Mühlfeld, a quem Brahms conheceu em 1891, tendo ouvido-o tocar o Quinteto para Clarineta de Mozart e o Concerto de Weber em Fá menor. Brahms passou horas com Mühlfeld, assistindo-o estudar e ensaiando, aprendendo, assim, tudo sobre a clarineta.

Dessa amizade e desse estudo intensivo resultaram algumas obras-primas com clarineta: O Trio Op. 114, O Quinteto Op. 115, talvez o ápice da música de câmara de Brahms e as duas sonatas Op. 120, para a performance das quais o próprio Brahms voltou aos palcos e tocou com Mühlfeld.

O quinteto começa ambigüamente em relação à tonalidade e logo se percebe maior integração dos instrumentos e a textura densamente contrapontística que diferencia o estilo de Brahms do de Mozart. O clima é de um agradável outono, talvez em Hamburgo, a cidade natal de Brahms, um dia luminoso mais não com muito brilho.

A clarineta domina o Adagio, o segundo movimento, como em Mozart, e lembra uma fala de Brahms: “Eu não falo alto e explicitamente sobre aquilo que, dentro, eu desejo e espero.” Há uma profunda melancolia, quebrada abruptamente por uma rapsódia de música cigana, outra grande influência na música de Brahms, que aqui aparece no seu melhor.

O terceiro movimento tem um caráter de hino religioso, típico da tradição alemã e traz também o esperado scherzo, música mais agitada e alegre, como uma seção contrastante. O Quinteto termina, também como em Mozart, com variações, o material musical mais agitado da peça inteira, com homenagens a Bach, por exemplo, na primeira variação, dominada pelo violoncelo.

No final, o tema do primeiro movimento retorna, trazendo a sua calma e a sua tristeza, mas, ao mesmo tempo, mostrando, assim como no final do Requiem Alemão, da Sonata para Violino Op. 78 e da Terceira Sinfonia, como que o começo e o final, o alfa e o ômega, por graus imperceptíveis, na verdade, são um.

Sobre os Artistas:

Thiago Tavares é formado na classe de Cristiano Alves pela UFRJ. Faz parte do Quarteto Experimental de clarinetas e por três temporadas atuou como primeiro clarinetista da OSB. Participou de cursos de aperfeiçoamento com José Cardoso Botelho, Wolfgang Meyer, Alex Klein, entre outros. Foi premiado em vários concursos como o Jovens Solistas Nelson Freire, o Jovens Solistas Armando Prazeres e o Concurso Furnas Geração Musical.

Marisol Infante nasceu em Oldenburg, Alemanha, onde estudou violino e piano. Prosseguindo seus estudos no Chile a partir de 1989, formou-se em violino pela Universidade do Chile em 2000. Em 2004 conseguiu outro diploma na Hochschule für Musik de Würzburg, na Alemanha. Foi membro durante anos da Orquestra de Câmara e da Filarmônica do Chile. Desde 2007 integra a primeira estante da OSB, posto obtido por concurso.

Dhyan Toffolo iniciou seus estudos de música com apenas 4 anos de idade, formou-se em violino no Conservatório de Tatuí em 1997 e concluiu seu bacharelado na UNIRIO em 2007. Participou em festivais por todo o Brasil e pela Itália. Desenvolve intensa atividade camerística. Foi spalla da Orquestra de Sinfônica de Sorocaba. Hoje integra a OPES e a OSB, além dos quartetos Uirapuru, Tristão de Ataíde e Lotus.

Diemerson de Sena iniciou seus estudos no ano de 2000 na cidade de Campinas, SP, tendo como professores Valdeci Merquiori, Henrique Müller e Renato Bandel, em São Paulo. Participou de vários festivais, entre eles o Festival de Inverno de Campos de Jordão. Foi músico da Orquestra Amazonas Filarmônica e da Orquestra de Câmera do Amazonas e premiado no ano de 2007 no Concurso Paulo Bosísio (MG). Hoje com 22 anos é violista da OSB.

Martina Ströher iniciou seus estudos no violoncelo aos 9 anos com a professora Monia Kothe. A seguir, estudou com Adriane Savitzky e Milene Aliverti na Escola de Música da OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre). Trabalhou com maestros renomados como Kurt Masur e Roberto Minczuk. É graduada em violoncelo pela Academia Nacional Superior de Orquestra de Lisboa, com o professor Paulo Gaio Lima. Atualmente é integrante da OSB.


24/10/2008

20/10/2008 - Atualizada em 20/10/2008