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mãe solo

Classe gramatical: 
loc. subst.
Definição: 

Mãe que assume de forma exclusiva todas as responsabilidades pela criação do filho, tanto financeiras quanto afetivas, em uma família monoparental. [A denominação mãe solo indica uma forma de parentalidade, desvinculada do estado civil.]

[O substantivo solo está na função de aposto: mães solo, maternidade solo, pai solo.]

Exemplos de uso: 

“O Senado aprovou nesta terça-feira (8) o projeto que cria a Lei dos Direitos da Mãe Solo, que, conforme definido na proposta, é aquela mulher chefe de família, provedora de família monoparental, e com dependentes de até 18 anos.”1

“O texto também altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para determinar que a mãe soloterá direito a regime de tempo especial, a ser regulamentado por ato do Poder Executivo, com maior flexibilidade para redução da jornada, e uso de banco de horas, a fim de acomodar suas demandas pessoais. O texto proíbe a redução do salário-hora da mãe solo que aderir à flexibilização da jornada.”2

“O número de mães solo no Brasil saltou de 10,5 milhões para 11,6 milhões no período de 2005 a 2015. Os dados são do mais recente censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das famílias comandadas por mulheres, 56,9% vivem abaixo da linha da pobreza. O número de crianças que sequer têm o registro do pai na certidão de nascimento já soma 5,5 milhões. Os números estratosféricos ficam ainda mais críticos ao pensar que cada uma dessas mães faz um malabarismo absurdo para conseguir cuidar dos filhos e da casa, fazendo, muitas vezes, tripla jornada de trabalho para compensar o rombo no orçamento familiar. Para piorar, muitas delas simplesmente não contam com a tão falada rede de apoio.”3

“Entende-se por mãe solo a mulher que assume de forma exclusiva todas as responsabilidades pelo filho, sejam elas financeiras ou afetivas. Erroneamente chamadas de ‘mães solteiras’, pois parentalidade nada tem a ver com estado civil, tem crescido o número de mães que cuidam sozinhas de seus lares e filhos. Segundo a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada em março de 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2015, 83,5% das crianças brasileiras com menos de 4 anos tinham como primeira responsável uma mulher, seja mãe biológica, de criação ou madrasta. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2011, há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem registro paterno na certidão de nascimento.”4

“Muitas mulheres compartilham histórias semelhantes: criar, educar e participar da vida de um filho sozinha. O termo ‘mãe solo’ hoje é amplamente utilizado para designar mulheres que são inteiramente responsáveis pela criação de seus pequenos, deixando o conceito de ‘mãe solteira’ em desuso, já que estar ou não em um relacionamento com um(a) parceiro(a) não quer dizer necessariamente compartilhar a difícil missão de ter um filho.”5

“Um dos grandes desafios em criar um filho sozinha é o julgamento por parte da sociedade, já que o que é considerado ‘normal’ é uma mulher se casar e ter filhos. Muita gente ainda aponta o dedo e tece comentários do tipo ‘mas você não se cuidou?’ ou ‘como pôde deixar isso acontecer?’, culpando a mulher por ter sido irresponsável e inconsequente, como se conceber um filho fosse tarefa para uma pessoa só. O machismo ainda perpetua essa visão, o que torna a batalha das mães solo ainda mais desafiadora.”6

“Em 2020, as latino-americanas sofreram um retrocesso histórico em termos financeiros e profissionais por causa da pandemia global da covid-19. No Brasil, o oitavo país mais desigual do mundo, os impactos foram ainda profundos: quase 8,5 milhões de mulheres saíram do mercado de trabalho no terceiro trimestre, e sua participação caiu a 45,8%, o nível mais baixo em três décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro desse universo feminino, as mães solo, que somam mais de 11,5 milhões no Brasil, passaram não somente a enfrentar mais riscos e dificuldades financeiras em decorrência da pandemia como também sofrem uma sobrecarga mental e um maior acúmulo de tarefas devido ao fechamento de escolas e creches.”7

“O blog foi um incrível canal de desabafo, mas não de troca de experiências nesse sentido. Eu não conheci, na época, mães que tinham ficado viúvas grávidas. O termo mãe solo sequer era usado. Hoje sou uma referência junto a essas mães solo, principalmente entre as que perdem o marido durante a gravidez. A minha solidão eu aplaquei escrevendo. Mas hoje existem comunidades de todos os tipos e essa é a parte linda da internet. Mas não posso negar que, mesmo não trocando experiências, o simples fato de ter leitores que me acompanhavam e torciam por mim fazia uma diferença absurda para eu seguir em frente.”8

“Antes de tudo, é preciso contextualizar a condição da maternidade solo. Solo, etimologicamente falando, vem da palavra solidão. Mas a solidão da maternidade solo não vem do estado civil: é uma solidão que nos impõe a responsabilização de toda (ou quase toda) responsabilidade pela criação de um ser humano. A rotina de uma mãe solo é uma rotina exaustiva de uma sobrecarga absurda, não apenas sobre a criação do filho(a), mas também de corresponder às expectativas que a sociedade espera que seja a maternidade. [...] No entanto, ser a única fonte de renda que a criança conta para comer, ter saúde, vestimenta, um teto, etc. nos coloca no desespero de se mostrar produtiva, já que o mundo capitalista assim nos impõe. Levar meu filho ao trabalho presencial tem sido a única possibilidade de estar ativa no emprego. Isso determina risco para ele, me dificulta na produtividade e, mesmo sabendo que levá-lo ao trabalho é um ‘privilégio’ já que muitas mães solo não podem fazer isso, eu não sei por quanto tempo isso será tolerado pela chefia do meu emprego. O pai do meu filho nunca foi presente.”9

1 GARCIA, Gustavo. Senado aprova projeto que cria Lei dos Direitos da Mãe Solo. G1, 8 mar. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/03/08/senado-aprova-projeto-q.... Acesso em: 20 mar. 2022.

2 Idemibidem.

3 DINI, Aline. Mãe solo: “Maternidade não é sobre estado civil. Filhos nos tornam mães; companheiros, não”, diz Thaiz Leão. Revista Crescer, 10 maio 2020. Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2019/05/mae-.... Acesso em: 20 mar. 2022.

4 BRUZASCO, Luana. 05 direitos da mãe solo. Luana Bruzasco – Direito Humanizado, 19 out. 2021. Blog. Disponível em: https://www.luanabruzasco.com/post/05-cinco-dicas-para-m%C3%A3es-solo. Acesso em: 20 mar. 2022.

5 SONSIN, Juliana. Mãe solteira? Não, mãe solo! Os desafios e o impacto psicológico de criar filhos sozinha. Saúde da Mulher, s.d. Gestação. Blog. Disponível em: https://www.telavita.com.br/blog/mae-solo/. Acesso em: 25 mar. 2022.

6 Idemibidem.

7 ARRELLAGA, María Magdalena; MONTEIRO, Patricia. Os estragos invisíveis da pandemia para as mães solo. El País Brasil, 17 mar. 2021. Brasil. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-17/os-estragos-invisiveis-da-pa.... Acesso em: 25 mar. 2022.

8 MAYNART, Renata. Cris Guerra fala sobre levar a vida de mãe solo às redes sociais: “Aplaquei a solidão escrevendo”. GZH, 18 jun. 2019. Donna. Maternidade. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/maternidade/noticia/2019/06/cris-g.... Acesso em: 25 mar. 2022.

9 DEL RE, Adriana. A solidão e os medos da maternidade solo na pandemia. Estadão, 17 maio 2021. E+. Blog Família Plural. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/familia-plural/a-solidao-e-os-medos-d.... Acesso em: 26 mar. 2022.

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