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antirracista

Classe gramatical: 
adj.2g. s.2g.
Palavras relacionadas: 

antirracismo s.m.

Definição: 

adj.2g.

1. Relativo a antirracismo; diz-se de postura, atitude, movimento, prática, etc. que se opõe ao racismo ou o combate.

2. Diz-se de quem se opõe ao racismo ou o combate.

s.2g.

3. Pessoa que se opõe ao racismo ou o combate.

Exemplos de uso: 

“Consciente de que o racismo é parte da estrutura social e, por isso, não necessita de intenção para se manifestar, por mais que calar-se diante do racismo não faça do indivíduo moral e/ou juridicamente culpado ou responsável, certamente o silêncio o torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo. A mudança da sociedade não se faz apenas com denúncias ou com o repúdio moral do racismo: depende, antes de tudo, da tomada de posturas e da adoção de práticas antirracistas.’”1

“‘O racismo estrutural e o lugar de fala não são conceitos criados para eximir pessoas brancas da sua responsabilidade na luta antirracista’, disse [Silvio] Almeida. Segundo ele, pessoas têm recorrido ao ‘lugar de fala’, por exemplo, para dizer que não podem comentar determinada questão. ‘Isso é uma irresponsabilidade’, afirmou. Para ele, os conceitos devem estar no horizonte das pessoas brancas para que observem seus comportamentos e percebam que podem, ao não prestar atenção ou normalizar certos hábitos, cometer atos racistas também.”2

“‘É um primeiro passo. Empunhar essa bandeira, se colocar como antirracista. Mas o segundo passo com certeza vem com ações concretas. O Brasil é um país em que todo mundo admite que há racismo, mas ninguém se assume racista’, avalia a mestra em filosofia e escritora Djamila Ribeiro. (...) ‘A prova que o racismo existe é a gente estar no país de maioria negra e essa diversidade não estar refletida nos espaços de poder. É racismo a gente chegar na faculdade e eu sou a única aluna negra da sala. E todos os professores do departamento são homens brancos, e as mulheres que estão limpando banheiros são mulheres negras. O racismo impede a mobilidade social das pessoas negras, impede que se tenha oportunidades iguais. Pessoas brancas, por mais que elas digam que não são racistas, elas não deixam de ser beneficiadas estruturalmente pelo racismo’, explica Djamila Ribeiro.”3

“O racismo científico se estruturou nos séculos XVIII e XIX, principalmente neste último. A Europa perpetrava a escravidão e, havia alguns séculos, escravizava pessoas do continente africano e no Novo Mundo. A história do racismo científico ou racialismo no mundo ocidental é correlacionada à escravidão, como forma de justificação e manutenção do colonialismo. Sendo assim, o conceito de raça foi estabelecido pelos europeus para determinar a sua supremacia em detrimento daqueles que eram colonizados. Sim, o racismo é problema da branquitude, de quem o criou. Nós, negros, já temos muito trabalho em nos proteger e permanecer vivos por conta dessa mazela. A pessoa branca, ao se colocar como antirracista, deve se posicionar como tal, conversar entre os seus pares, usar o seu privilégio de ser ouvido.”4

“De acordo com a coordenadora do projeto, Mailsa Passos, os temas abordados nos encontros agradarão a amplas faixas de público. ‘Estamos contando prioritariamente com estudantes de graduação e pós-graduação, mas todos os interessados em problematizar situações de racismo nas políticas e nos sistemas de ensino estão convidados’, afirma. Para a professora, a participação da Uerj, com outras instituições da Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala e México, tem um sabor especial. ‘Esse resultado é muito importante, na medida em que reconhece a história da Universidade nas lutas antirracistas e como pioneira dos programas de ação afirmativa no Brasil, além de dar visibilidade ao seu caráter democrático, que sempre nos encheu de orgulho’, ressalta Passos.”5

“‘Convidamos artistas, intelectuais e esportistas para contarem, em menos de um minuto, sobre suas conquistas, contribuições ao debate e suas formas de luta antirracista. Com essas falas, propomos afirmar o orgulho de ser negro, de um corpo insubmisso e de uma identidade para além de rótulos e preconceitos’, enfatiza a diretora de Comunicação da Uerj, Ana Cláudia Theme. ‘Cada um desses depoimentos é também um chamado à participação, de como cada um de nós se posiciona contra o racismo no cotidiano’, complementa.”6

“Também me parece essencial, para atuar nessa luta no Brasil, entender que o trabalho doméstico aqui está fundado sobre hierarquias sociais e raciais que persistiram após o fim da escravidão. O que torna possível, há séculos, a naturalização da violência racial brasileira? É a cotidiana desvalorização da vida das pessoas negras. Portanto, se você quer ser antirracista, se as vidas negras realmente lhe importam, fique em casa e deixe a pessoa que você emprega em casa também. Ela tem muito mais chances de vir a morrer por causa da Covid-19 que você, como mostram as pesquisas. Ela é a mãe do menino baleado em casa durante uma operação policial. É a mãe do menino de 5 anos que morreu por negligência da patroa. É a mãe dos jovens que saem às ruas para protestar contra o racismo e a violência policial – os mesmos que você tanto aplaude nas redes sociais.”7

“O convite a esta primeira atitude antirracista é sobre ausências normalizadas. Ver o racismo estrutural e institucional exige empatia para entender por que há lugares racialmente demarcados, sendo aqueles sem expressão de poder sempre dirigidos à população negra. As instituições do sistema de justiça, inseridas nos espaços de poder, são um bom retrato para vermos o racismo. Quantos servidores, servidoras, delegados, delegadas, defensores, defensoras, advogados, advogadas, promotores, promotoras, juízes, juízas, procuradores, procuradoras, desembargadores, desembargadoras, ministros e ministras, que são pardos e pardas ou pretos e pretas, portanto, negros e negras, estão atuando no sistema de justiça, representando os 56% da população brasileira autodeclarada negra?”8

 

 

1 ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. Coleção Feminismos Plurais, Djamila Ribeiro [coord.]. São Paulo: Editora Jandaíra, 2019.

2 FERNANDES, Anaïs. Poucas empresas no Brasil entenderam a importância da diversidade, diz Silvio Almeida. Valor Econômico, São Paulo, 11 set. 2020. Lives do Valor. Disponível em: https://valor.globo.com/live/noticia/2020/09/11/poucas-empresas-no-brasi.... Acesso em: 9 jan. 2020.

3 INICIATIVAS promovem educação antirracista. G1, 29 jun. 2020. Jornal Nacional. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/06/29/iniciativas-prom.... Acesso em: 7 fev. 2021.

4 FRANÇA, Rodrigo; NETO, Adalberto. Confinamentos & afins: o olhar de um homem negro sobre resistência e representatividade. Rio de Janeiro: Agir, 2020. 160 p.

5 DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO DA UERJ. Uerj participa de ação internacional da Unesco para combater o racismo no ambiente universitário. Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj, 22 set. 2020. Eventos. Disponível em: https://www.uerj.br/noticia/13815/. Acesso em: 7 fev. 2021.

6 DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO DA UERJ. Campanha #UerjAntirracista propõe uma profunda reflexão sobre o racismo dentro e fora da universidade. Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj, 11 nov. 2020. Disponível em: https://www.uerj.br/noticia/campanha-uerjantirracista-propoe-uma-profund.... Acesso em: 7 fev. 2021.

7 GRINBERG, Keila. Letras sensatas: a revolução começa em casa. Piauí, jul. 2020. Cartas Raciais. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/letras-sensatas-revolucao-comeca-.... Acesso em: 7 fev. 2021.

8 ESTEVES, Fábio. Por uma justiça antirracista. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/art.... Acesso em: 11 fev. 2021.

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