A expressão é de Kant, mas o educador D. Lourenço de Almeida Prado, homenageado aos 97 anos de idade, 46 dos quais dedicados à direção do Colégio de São Bento, repete até hoje: "O homem só é homem pela educação." E acrescenta enfaticamente que, na sua formação, é fundamental prestigiar os valores humanistas.
O desenvolvimento científico e tecnológico avança velozmente, este será o século do conhecimento, mas devemos recordar uma expressão muito feliz de Norbert Wiener, um dos pais da cibernética: "Deve-se dar ao homem o que é do homem e dar à máquina o que é da máquina." Ou seja, é preciso evitar a robotização dos seres humanos. Ou a própria vida humana deixará de ter sentido.
Concordamos com o ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, que acaba de coordenar mais um Fórum Nacional de Economia , no BNDES. Sob o signo da incerteza, para tornar o Brasil ainda mais desenvolvido, deve-se adotar a estratégia da economia criativa, voltada à inovação, reconhecendo que vivemos a era do conhecimento. Este considerado sob todas as formas: educação superior, pesquisa e desenvolvimento, tecnologias genéricas e específicas, engenharias de produto e de processo, métodos modernos de management, design e marca.
Sendo certo que a economia internacional sofre abalos visíveis, comandados pela crise americana, a solução está na valorização do conhecimento, inclusive nos estamentos sociais de baixa renda. Todos têm direito, por exemplo, à inclusão digital, que não pode ser reservada apenas às classes mais elevadas. É uma realidade com a qual trabalham o MEC, o Ministério das Comunicações e as Secretarias Estaduais de Educação, empenhados na colocação de computadores nas escolas. Só o Rio de Janeiro acaba de distribuir 31 mil deles, num esforço admirável, que certamente será acompanhado do necessário treinamento de professores e especialistas, além do fornecimento da indispensável manutenção.
Se a inovação integra a estratégia básica das empresas, sobra razão aos que defendem a existência, hoje, de um novo processo na educação, reformulando o modelo de escola. O magister dixit é o símbolo de um tempo atrasado, quando era comum a existência do aluno passivo, tomando nota dos discursos do mestre ou do que ele colocava no quadro-negro, de forma unilateral. É verdade que isso ainda ocorre, mas o salto tecnológico vai-se acentuar quando a relação ensino-aprendizagem for enriquecida pelo uso adequado da instrumentação moderna, característica da sociedade do conhecimento.
Diário do Comércio (SP) 12/6/2008