O Banco Central tem se preocupado excessivamente com a inflação, mas não consegue debelá-la. Daí nos permitir a seguinte reflexão: os economistas estão no poder há muitos e muitos anos e são eles os responsáveis pela inflação ou por seu combate. Tenho o maior respeito pela classe dos economistas, admirador que sou de numerosos expoentes desta classe, e não tenho porque me vexar dessa admiração, mas é preciso justificar que toda a influência dos economistas na economia brasileira não chegou a eliminar a inflação que domina as discussões da cúpula dos bancos centrais, como assinalou um grande jornal paulistano.
O economista tem o direito de dizer que a inflação é um assunto de sua responsabilidade, mas não sai desse lugar comum, embora todos os esforços sejam feitos para inventar o monstro inflacionário , como aquele que tiranizou o governo Sarney.
A inflação está neste governo e nos governos anteriores também. Tomemos um exemplo: Airbus com o qual o presidente Lula viaja pelo mundo, para afirmar seu prestígio pessoal de líder popular, é ou não é inflacionário? Evidentemente que é, pois forçou a ampliação das despesas do Estado; outros furos nas leis permitem o vazamento de outras despesas, como os cartões de crédito corporativos, que forçaram o Estado a gastar mais com despesas para as quais não estava preparado. É tudo isso e muito mais, que não nos permitimos arrolar agora, pois é matéria inflacionária na qual o Banco Central não mete o bico, esteja ou não o ministro Mantega comandando as finanças.
O problema que nos aflige sempre é a elevação dos preços dos gêneros de primeira necessidade, causada não pelo Banco Central, mas por uma série de fatores que o governo deveria combater e não combate. Não culpamos pessoas, pois teríamos que dedicar um jornal inteiro para relacionar o nome de todos eles, e seria pouco.
Reconhecemos que é infernal a origem do problema inflacionário; por mais que se destaquem os economistas, com vivência reconhecida nos meios de comunicação. O problema é terrível, sem dúvida nenhuma, mormente no Brasil, extenso como é o nosso território, onde ela é difícil de ser controlada como fazem os suíços e outras nações pequenas pelo mundo, audaciosos nas medidas tomadas contra a inflação.
Fica aqui a nossa colaboração contra o problema inflacionário, que não será debelado pelos regimes fracos, que fogem ao combate a ela.
Diário do Comércio (SP) 6/5/2008