Lamentável o desastre ocorrido em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, deixando 8 mortos e 101 feridos. Esse acidente reforça a maldição de outros fatos semelhantes, com mortos a lamentar e feridos com gravidade. Os acidentes ferroviários são, portanto, menos incomuns do que no estrangeiro. O Brasil tem necessidade de uma extensa rede ferroviária ligando o Norte, o Centro e o Sul do País. Durante anos o saudoso professor Eugênio Gudin bateu-se pela privatização de toda a rede ferroviária, o que não se consumou, pelo que nos consta.
Quem observa as ferrovias brasileiras, muitas ainda abertas ao tráfego e outras paralisadas por falta de passageiros e pela concorrência do ônibus, verifica que efetivamente nós desprezamos o transporte sobre trilho, quando no mundo inteiro é o trem que está sobrevivendo e enfrentando com muito mais vantagem que o transporte rodoviário. Na França, por exemplo, para citar um país muito querido do Brasil, o trem mantém uma alta prioridade e trafega hoje a mais de 200 km por hora, ligando o país todo com economias enormes para o tesouro público e para o setor privado, indústria e comércio.
Acidentes como esse de Nova Iguaçu depõem contra a organização ferroviária brasileira, pois a mera suposição das prováveis causas do acidente não teria sido feita pelo jornal carioca não fosse deplorável a realidade do sistema ferroviário. No acidente, 8 pessoas perderam a vida e 101 ficaram feridas, algumas em estado grave. A maioria vinha do trabalho, indo para casa. Era, portanto, de gente humilde e trabalhadora, que ganha a vida no trabalho duro e diário na antiga Capital Federal. Provavelmente, virão os comunicados gerais, mas os mortos não serão ressuscitados e muitos dos feridos ficarão incapacitados para o trabalho útil por algum tempo.
É o que temos a dizer sobre esse acidente, que manchou com nota fúnebre a vida pacata dos trabalhadores fluminenses.
Diário do Comércio (SP) 4/9/2007
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