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Sobre os motoboys

 

Havia eu lido, alguns dias atrás, o que um motoboy dissera a um jornalista. Não era bravata, tinha eu convicção, quando ele afirmara que unidos como são os motoboys podem parar São Paulo quando assim decidirem, nos seus interesses.


São milhares os motoboys e não se sabe como obedecem a uma palavra de ordem ou a um gesto, ou até mesmo a uma insinuação, que os leigos não pertencentes a essa categoria não percebem mas que tem força, e força decisiva como ficou demonstrado.


Os empresários, os políticos, os transeuntes em geral e os automobilistas devem levar em consideração a força que se organizou em atenção a uma necessidade do mercado e adquiriu tal vigor que, pela sua necessidade no trabalho cotidiano, é impossível reduzir.


Quer isso dizer que, ao lado dos sindicatos de trabalhadores, há agora que se contar com as autoridades, os empresários, os cidadãos em geral e com o poderio de aglutinação e união dos motoboys, todos eles jovens malabaristas em seus veículos de duas rodas, que arriscam a vida diariamente. São eles tão poderosos quanto um exército, repito, como ficou demonstrado há dias na paralisação da avenida 23 de Maio.


Essa é uma força com a qual não se contava até há pouco tempo. Fruto do progresso e, sem dúvida, das necessidades de comunicação rápida da sociedade de massa e da rapidez com que os nossos jovens se adaptaram a esse transporte, criaram uma corporação de fato, pois é individualizada, capaz de enfrentar a polícia. O que nos dá confiança em face dessa realidade é que os jovens motoqueiros não são belicosos, mas se preocupam muito bem com os seus direitos, ou o que entendem por seus direitos.




Diário do Comércio (São Paulo) 07/12/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 07/12/2005