Os franceses já estão se preparando para a sucessão presidencial de Jacques Chirac. Dois candidatos disputam a corrida eleitoral, o próprio Chirac, que acaba de sofrer um infarto, e Nicolás Sarkozy. Chirac é conhecido, é um velho palmilhador de caminhos políticos, uns ásperos e outros suaves. Nicolás Sarkozy é descendente de húngaros, pelo que li em sua breve biografia. Tornou-se, de repente, o querido dos meios de comunicação e em todas as sondagens de opinião ele vem em primeiro lugar. Está agora num ministério que tem sob sua responsabilidade a polícia e onde pode sobressair ainda mais. Não será exagero de minha parte prever o seu sucesso eleitoral.
Surgiu, porém, por acaso na vida desse combatente do front político, um escândalo: sua mulher deixou-o por um publicitário, embora ele não tenha se abalado.
O francês é inesperado, muitas vezes individualista, suficiente não raro; ele tem que decidir no curso da campanha presidencial e evidentemente vai fazê-lo, pois os institutos de pesquisas provocam a manifestação antecipada por esse ou aquele candidato.
É um páreo duro. Chirac é um político de grande tarimba, pois em sua vida não fez outra coisa senão elevar-se por todos os meios de persuasão de agrado, em viagens pela França e no ultramar, a fim de não perder para Sarkozy.
Quanto a Sarkozy em campanha, pelo que observei, ele está muito bem situado nos meios de comunicação, que lhe são favoráveis, como não se tinha visto na França a não ser com o grande De Gaulle, idolatrado por quase toda a opinião pública francesa. Evidentemente, os grandes nomes da política francesa são de um tempo que ficou para trás. Hoje é o Terceiro Estado que está ascendendo, num estranho retorno da grande revolução de 1789, no todo ou em grande parte do abalo provocado nas velhas instituições da grande Gália.
Diário do Comércio (São Paulo) 17/10/2005