Comentei há dias, nesta coluna, que o "fico" do príncipe regente D.Pedro I aos patriotas que lutavam pela independência culminou no Sete de Setembro de 1822. Outro "fico", disse eu, foi o do presidente Lula, que aduziu e não fará como Getúlio, Jânio e Jango: ficará no poder.
Agora, temos um outro "fico", o de Severino Cavalcanti, que não quer deixar a presidência da Câmara dos Deputados por nada deste mundo. A oposição ao presidente da Câmara, presume-se, não conta com a possibilidade de luta para depor o presidente agarrado ao seu "fico" decisivo.
Severino crê que é o homem exato para a situação atual e não abre mão de sua poderosa presidência se não for compelido a deixar a posição.
Quando nos alongamos no passado da Câmara dos Deputados vemos que houve uma mudança significativa na escolha de presidentes da Casa. Os presidentes da Câmara sempre foram homens de grande projeção na política, mas desta vez fomos surpreendidos com um presidente de pouca ou quase nenhuma projeção nos círculos políticos. Severino não tem a personalidade forte de, por exemplo, Antônio Carlos, Cirilo Júnior e de outros que passaram pela presidência da Câmara, mas conta exclusivamente com o seu tino político, a sua habilidade e sua obstinação em ficar no cargo. Vamos ver no que dá isso.
Diário do Comércio (São Paulo) 16/09/2005