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O destino de um técnico

 

Não conheço pessoalmente o banqueiro Henrique Meirelles. Meu território é outro, e, como não tenho mais contas em vários bancos, como nos velhos tempo do Correio Paulistano , não freqüento bancos para descontar títulos, entre as duas fases de pagamento do pessoal.


Mas o conheço de vê-lo com freqüência na mídia, elemento de relevo que ele é da administração dos petistas. Não tem ele o prestígio oficial de Palocci, esse unha-e-carne de Lula. Comum é sua fraqueza na estrutura de governo montada por Lula e seus adeptos.


A tempestade que se despejou em seu cargo tem aí sua origem. Os petistas dirão que ele não é do barco oficial e querem vê-lo fora do staff , como gostava de dizer Jânio Quadros. O fato, porém, que chama a atenção na crise a cujo bojo foi atirado o sr. Henrique Meirelles é que conseguiram levá-lo á Suprema Corte, o mitológico Palácio da Justiça Suprema do país, uma instituição sempre cercada de respeito, embora tenha sido assunto de comédia de teatro, em tempos idos.


O senhor Henrique Meirelles tem uma aposentadoria bancária de quatro milhões de reais, ou em dólares, não me lembro do que moeda ele foi contemplado com essa grossa aposentadoria. Mas isso, para o nosso comentário, tem pouca importância.


O senhor Henrique Meirelles resolveu entrar na política. Deixou o banco no qual tinha o cargo de presidente e veio para o Brasil, disputar uma eleição. O certo é que conseguiu o que desejava. Foi eleito e diplomado. Mas aí entrou a megera política para perturbá-lo.


O sr. Meirelles preferiu ao Congresso o cargo de presidente do Banco Central, que já conheceu tantos presidentes que deles não mais nos lembramos. Foi o seu azar, se não tomar como ofensa a palavra. Que não tem essa intenção. Os maiores paredros -vale a palavra - do PT o querem fora do Banco Central e já obtiveram parte do que sempre quiseram, desde o primeiro dia de despacho do sr. Meirelles.


O antigo banqueiro do Bank Boston pode ir para a rua, e não se sabe porque ele não sai para assumir um lugar de deputado na Câmara de Severino Cavalcanti. Política é isso.


Um técnico de valor, com um passado honroso para ele e para o banco que presidiu aqui e nos Estados Unidos, acaba nas decisões do Supremo Tribunal Federal, que não é um órgão tão alheio à política como se supõe de fora, de longe, da observação.


Veremos agora como acabará o que podemos denominar a aventura Meirelles.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 18/05/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 18/05/2005