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Sucessões familiares

 

Está se tornando regra no Brasil a contratação, pelas empresas, de administradores profissionais. São, em geral, administradores de empresas egressos da Fundação Getúlio Vargas ou de diferentes escolas, pois há muitas, recebendo, todos os anos, numerosos candidatos a futuros bons empregos.


O regime familiar parece desprezado, mas eu mesmo já escrevi nesta coluna que não se deve considerar descartado do mundo empresarial os administradores de uma só família e que o regime familiar não está findo.


Essas considerações encontrariam reparo se eu quisesse relacionar empresas com administração familiar em excelentes condições. A maioria prefere a discrição, eu compreendo, mas num caso não tenho impedimentos, que é o de Samuel Klein, prêmio da Associação Comercial de São Paulo no ano passado, quando a entidade comemorou, com as cartas de Anchieta, o 450º aniversário de São Paulo, obra dos jesuítas, dentre eles, o canarino que começou do zero para que chegássemos ao gigantismo de nossos dias.


Na capa da revista Exame vem o pai e o filho Michael, o "velho" como carinhosamente os filhos chamam os pais no Brasil, pois o filho, segundo a revista, vai ocupar o lugar de comandante-em-chefe da grande casa de comércio que o pai fundou, e, com trabalho árduo, chegou as alturas de uma das maiores do Brasil.


Não é uma escolha de profissionais estranhos ao grupo familiar, mas uma substituição de chefia de pai para filho, isto é, continuar o regime de empresa familiar. O pai tem confiança no filho e este corresponde, pois já ocupa lugar de relevo na administração das famosas Casas Bahia, nome que pegou graças aos métodos de promoção e divulgação dados pelo fundador vitorioso num negócio de vulto e de concorrência.


Está aí a minha tese em prática confirmada. Não foi preciso ir bater à porta de uma escola, em primeiro lugar da Fundação Getúlio Vargas, e, em seguida de outras.


Para a escola é a própria atividade que se desenvolve e obriga o dirigente a ser um administrador de competência comprovada no exercício cotidiano de seus negócios, via a minha opinião esta tese, deve prevalecer no mundo econômico, sobretudo nesta fase de desenvolvimento.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 15/03/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 15/03/2005